O Ministério Público denunciou nesta terça-feira um jovem desempregado de São Paulo por racismo. É o primeiro processo desse tipo no Brasil. Leonardo Viana da Silva, de 20 anos, divulgava idéias preconceituosas contra negros e judeus em sua página no Orkut, um site de relacionamento da Internet. O racismo é um crime inafiançável, mas como não houve um flagrante, o acusado não foi preso.

- Ele vai responder em liberdade, mas com as provas que temos, acreditamos que ele venha a ser condenado - afirma o promotor Christiano Jorge Santos.

Durante depoimento nesta segunda-feira, Silva afirmou que era "engraçado zoar e aloprar os 'pretos' através da Internet". Ele ainda disse que tinha interesse pessoal pela história de Hitler, afirmando que não houve extermínio de judeus durante a Segunda Guerra. Para ele, o que ocorreu foram "perdas de guerra".

- Na minha opinião, Hitler não é tudo isso que o povo fala, ele para mim é uma pessoa boa - afirmou o acusado ao promotor.

As páginas que ele mantinha na Internet foram retiradas do ar.

- Ele foi denunciado cinco vezes por racismo. Quatro vezes por comentários feitos em sites e uma vez aqui, quando foi ouvido - explicou o promotor.

A pena pelo crime de racismo varia de dois a cinco anos e pode ser aumentada por um período entre um terço e metade da sentença por causa da reincidência. Com isso, ela poderia chegar a até 10 anos de reclusão, diz o promotor.

Silva foi a quarta pessoa identificada pelo MP em casos de racismo pela Internet. Todos os outros eram menores de idade e não puderam ser denunciados. De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, quatro pessoas já foram condenadas no estado por crime de racismo.