Deputados apoiam fim do voto obrigatório

Medida está prevista na proposta de reforma política elaborada após as manifestações

Fonte: Agência Câmara

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As manifestações de junho de 2013 surpreenderam por sua força e espontaneidade, mas também pela rápida amplitude das reivindicações. Não demorou muito para que o tema reforma política ganhasse as ruas e, consequentemente, os discursos dos políticos.


A tentativa mais ousada de responder a essa demanda partiu da presidente Dilma Rousseff, que convocou cadeia de rádio e TV para propor, entre outras medidas, um plebiscito e uma constituinte exclusiva para redesenhar o sistema político-eleitoral do País. A proposta não foi bem recebida pelo Congresso, mesmo entre aliados do governo, que viram a ideia como uma usurpação das prerrogativas do Legislativo.


A alternativa apresentada pela Câmara dos Deputados foi a criação de um grupo de trabalho, em julho do ano passado, para converter em um projeto toda discussão acumulada ao longo de décadas.


Em menos de quatro meses, os parlamentares apresentaram uma proposta de emenda à Constituição (PEC 352/13) que contempla 16 pontos e, ainda hoje, aguarda votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Entre todas as tentativas anteriores de reforma política, nenhuma deu tanto destaque à adoção do voto facultativo como a elaborada pelo grupo de trabalho.


“Todos os países desenvolvidos do mundo têm o voto facultativo. Se o cidadão não quiser votar, ele tem esse direito, seja porque não gosta dos candidatos ou porque qualquer resultado o satisfaz”, afirma o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), coordenador do colegiado.


Pesquisa


De acordo com pesquisa divulgada pelo Datafolha em maio deste ano, o percentual de brasileiros contrários ao voto obrigatório chegou pela primeira vez a 61%. Pelas regras em vigor no País, o voto é facultativo apenas para analfabetos, pessoas com mais de 70 anos e as que têm 16 ou 17 anos.


O mesmo levantamento, feito com 2.844 cidadãos entre 18 e 70 anos, revela que, se tivessem opção, 57% dos eleitores não votariam no próximo dia 5 de outubro, outro recorde. A pergunta sobre comparecimento às urnas é feita desde 1989. Nas sondagens anteriores, o total dos que não votariam se não houvesse obrigatoriedade nunca superou 50%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.


Amadurecimento


O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) defende que o voto pode vir a ser facultativo algum dia, mas, por enquanto, deve continuar obrigatório. "A obrigatoriedade deve ser mantida neste momento, em que ainda precisamos avançar com o processo democrático. Devemos fazer com que as pessoas se desvinculem do chamado voto comprado, tão recorrente, para caminhar para o voto facultativo”, sustenta.


Já o relator da proposta na CCJ, deputado Esperidião Amin (PP-SC), discorda do argumento de Delgado. "Essa história de ficar esperando o amadurecimento para tomar uma medida que você acha correta, já passou. Acho que quem sabe faz a hora, não espera acontecer, também nesse caso."

Palavras-chave: reforma política direito eleitoral plebiscito direito público

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5 Comentários

Sampaio advogado27/05/2014 18:56 Responder

O povo brasileiro já teve uma oportunidade ímpar de se livrar desse algoz do voto obrigatório que nem mesmo na Colômbia existe mais, mas infelizmente o Relator escolhido na época foi o Senador Lobão pelo Estado do Maranhão. É triste saber que o Maranhão não contribuiu pra essa grande virada no Brasil. Nosso país precisa se libertar de políticos que só se elegem por essa razão. Quem alega que o país não tá maduro pra ter liberdade de voto é porque sabe que não se elege pelo voto consciente.

Carlos Henrique Advogado28/05/2014 10:54 Responder

É muito complexa essa questão. No entanto acredito que não é o momento de voto facultativo. Veja que o foco da questão está sendo desvirtuado. Não é verdade que o brasileiro não quer ir às urnas pelo fato de não querer votar, mas sim pela insatisfação com a classe política. Essa insatisfação com os políticos é que gera o desinteresse pelo voto. Se nossos administradores públicos fossem admirados pela população (pelo zelo e ética), certamente o brasileiro não se importaria com a obrigatoriedade ou a facultatividade do seu voto. Portanto, o Voto facultativo não é o cerne, e sim questão secundária. O FOCO É O FRACASSO DOS POLÍTICOS PELAS INFINDÁVEIS CORRUPÇÕES, DESRESPEITO E FALTA DE ÉTICA PARA COM O CIDADÃO, ALTA CARGA TRIBUTÁRIA, POLÍTICA DO INTERESSE PESSOAL, E DESMANTELO PELA COISA PÚBLICA. ISSO SIM É QUE GERA O DESINTERESSE PELO VOTO!!!

Gilberto E. sua profissão 28/05/2014 11:40

Sr. SAMPAIO, o sr. é petista ou é contra o sagrado instituto da liberdade??

natanael advogado28/05/2014 11:23 Responder

Só interessa o voto obrigatório para os corruptos. Além disso, para votar o cidadão deveria ter no mínimo o colegial completo, pois possuem melhor discernimento e por consequência os corruptos seriam menos privilegiados; fora isso, apenas após 35 anos, só para não dizer que se está desprezando os menos estudados.

seu nome sua profiss?o29/05/2014 18:05 Responder

Para O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) interessa manter o curral eleitoral e continuar ficando rico neste país que finge ser democrático, mas não o É.

braz cortez aposentado/bacharel em direito01/06/2014 20:57 Responder

Qual é a obrigatoriedade do voto no Brasil? A abstenção gera simplesmente um cominação irrisória, simbólica, alcançável por qualquer pessoa, por mais pobre que seja. Que tanta besteira...tem cada sugestão...!

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