Após adiamento, CCJ da Câmara inicia debate sobre PEC da prisão em segunda instância

Debates começaram depois que foram superadas as estratégias da oposição para atrasar os trabalhos. Na semana passada, STF decidiu que prisão após a segunda instância é ilegal.

Fonte: G1

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Após adiamento de um dia, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara deu início nesta terça-feira (12) à discussão das propostas que permitem a prisão após condenação em segunda instância.


O tema foi incluído na pauta da comissão após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a possibilidade de condenados em segunda instância começarem a cumprir a pena.


Com isso, pessoas que estavam presas por condenação em segunda instância apresentaram pedidos de liberdade à Justiça, entre as quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, solto na última sexta (8).


Na CCJ, a relatora das propostas, Caroline De Toni (PSL-SC), apresentou parecer em outubro a favor da tramitação. Porém, os textos não tinham avançado na comissão à espera de uma definição do STF.


Os debates começaram nesta terça após ter sido vencida a obstrução (conjunto de medidas para atrasar a análise) feita pelos partidos de oposição, como PT, PCdoB e PSOL, contrários à matéria. Eles também tiveram a ajuda de legendas do chamado Centrão, como PP e PL, que se ausentaram em peso. A ausência geralmente é usada como estratégia para dificultar a obtenção do quórum mínimo para fazer as votações.


Assim como na véspera, a sessão transcorreu em clima tenso. Críticos à matéria argumentam que as propostas de emenda à Constituição (PEC) em discussão na CCJ propõem alterar cláusulas pétreas (que não podem ser modificadas) da Constituição.


“Estamos lidando com cláusula pétrea. Um direito e garantia individual. Por isso, não temos como estar apreciando essa matéria. Uma PEC versando sobre cláusula pétrea. Precisamos ter clareza do casuísmo na análise dessa matéria”, afirmou a deputada Erika Kokay (PT-DF) ao defender a retirada de pauta.


O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) discordou. “Não reduzam o nosso sentimento [de votar na CCJ] a uma decisão do Supremo. Nós defendíamos que a prisão em segunda instância fosse possível. Essa é a questão da impunidade”, ponderou.


Discussão e votação


Poderão participar dos debates tanto os deputados que integram a CCJ como os que não fazem parte. Os membros terão direito a 15 minutos para apresentar seu ponto de vista e os não-membros, a 10 minutos.


O passo seguinte à discussão será a votação. Caberá à CCJ analisar se as sugestões de emenda não ferem nenhum princípio constitucional ou norma jurídica para, então, autorizar a sua tramitação.


Se forem aprovadas, as PECs seguirão para uma comissão especial a ser criada para discutir o seu conteúdo.


Ambas pretendem alterar o inciso 57 do artigo 5º da Constituição, segundo o qual ninguém será considerado culpado até o processo transitar em julgado, que é quando não cabem mais recursos.


A PEC principal, de autoria do deputado Alex Manente (Cidadania-SP), altera esse trecho para determinar que "ninguém será considerado culpado até a confirmação de sentença penal condenatória em grau de recurso". Ou seja, quando o réu tiver sido condenado por tribunal de segunda instância.


A segunda proposta foi apresentada pelo então deputado e hoje ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Propõe a mesma alteração sugerida por Manente, mas com outros termos. Na época, Onyx sugeriu a seguinte redação: "ninguém será considerado culpado até o esgotamento da jurisdição perante o Tribunal de segunda instância".


A PEC de Onyx também estabelece que a condenação de primeiro grau, mantida em apelação perante o segundo grau de jurisdição, inverte a presunção de inocência. O texto afirma ainda que, encerrada a jurisdição do tribunal de segundo grau, o réu deverá começar imediatamente a cumprir a pena, sem prejuízo dos recursos cabíveis à instância superior.


Proposta alternativa


Para contornar a resistência dos críticos à sua PEC, o deputado Alex Manente passou a articular a coleta de assinaturas para apresentar uma proposta alternativa para modificar as regras para o recurso especial e extraordinário, usados para recorrer ao Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal.


A ideia, segundo ele, é restringir as possibilidades de recurso à cortes superiores, o que permitiria o encerramento de processos na segunda instância.

Palavras-chave: Debate PEC Prisão Condenação Segunda Instância CF

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