Temer descarta votação da PEC dos Cartórios
Proposta efetiva donos de cartório que não passaram por concurso público. Presidente da Câmara desistiu de pautar PEC após críticas do Judiciário.
Proposta efetiva donos de cartório que não passaram por concurso público. Presidente da Câmara desistiu de pautar PEC após críticas do Judiciário.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), descartou nesta terça-feira (13) a possibilidade de votação nos próximos dias da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que efetiva donos de cartórios que não realizaram concurso público. A proposta está pronta para votação em plenário, mas Temer não pretende mais pautá-la.
Temer chegou a incluir a PEC na pauta de algumas reuniões do plenário e a chamar sessões extraordinárias para tentar votar a matéria. A desistência acontece depois de algumas manifestações contrárias de membros do Judiciário, entre eles o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que chegou a chamar a proposta de ?gambiarra?.
?Do jeito que está, ela não será votada. Existem vários problemas jurídicos e de inconstitucionalidade, de modo que não acho útil a Câmara votar esta matéria. Até porque depois a Câmara aprova e o Supremo Tribunal Federal derruba?, disse o presidente da Casa.
A PEC dos Cartórios visa efetivar responsáveis por cartórios que assumiram os cargos sem concurso público depois da Constituição de 1988. A intenção é beneficiar quem ocupava a função entre a promulgação da Constituição e novembro de 1994, quando foi sancionada uma lei que regulamentava o artigo constitucional que tratava dos cartórios. O projeto atende também quem era substituto neste período e tornou-se titular depois. Neste caso, o dono precisa estar como titular há pelo menos cinco anos se a PEC dos Cartórios vier a ser aprovada e promulgada.
O relator da PEC, João Matos (PMDB-SC), afirma que a efetivação sem concurso público visa corrigir uma ?falha do Estado? com os donos destes cartórios. ?O estado brasileiro falhou com estas pessoas. Elas foram deixadas seis anos sem regulamentação e não foram atendidas pela lei. Elas não estão nesta situação por culpa delas ou do judiciário, mas por culpa de todo o Estado?.
Enquanto o relator afirma que 2,2 mil pessoas seriam efetivadas, o Conselho Nacional de Justiça estima que este número chegue a 5 mil.