Preços da Petrobras estão mais altos que no mundo

Em entrevista à GloboNews TV, a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, deu uma boa notícia ao consumidor. Segundo ela, se as cotações do petróleo e do dólar continuarem caindo, os preços dos combustíveis no país também serão reduzidos.

Fonte: Globo Online

Comentários: (0)




RIO - Em entrevista à GloboNews TV, a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, deu uma boa notícia ao consumidor. Segundo ela, se as cotações do petróleo e do dólar continuarem caindo, os preços dos combustíveis no país também serão reduzidos. O fato é que a forte queda nas cotações do petróleo no mercado internacional nos últimos meses - depois de atingir altas recordes em 2004 - está fazendo com que os preços dos combustíveis vendidos pela Petrobras no Brasil estejam novamente defasados, só que agora para cima.

De 25 de novembro - data do último aumento promovido pela Petrobras nas refinarias - até o dia 30, o preço do petróleo Brent já recuou 10%. Desde os recordes no final de outubro de 2004 (US$ 55,67 em Nova York e US$ 51,94 em Londres) até o fechamento desta segunda-feira, a cotação do barril no mercado internacional já despencou cerca de 30%.

Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE), no dia 28 de dezembro a gasolina no Brasil estava com um valor até 44% mais alto que no mercado do Golfo do México, tomando como base dos preços divulgados pela Agência Internacional de Energia. O CBIE também estima que o diesel era vendido a um valor 7% mais alto no país. Já a analista Monica Araújo, do BES Investimento, calcula que o valor da gasolina estava na média 19% mais caro no país na última quinta-feira, enquanto o do diesel estava 5% mais alto.

- Não estou dizendo que os preços (dos combustíveis) vão cair amanhã. Estou dizendo que se o petróleo continuar baixando e o dólar continuar baixando teremos o grato prazer de reduzir os preços dos combustíveis - afirmou a ministra.

Embora a estatal não considere a comparação com o Golfo do México - alegando que precisaria fazer um levantamento de todos os mercados dos quais poderia importar, caso necessário - o diretor do CBIE, Adriano Pires, diz que ele é usado como referência no setor por ser o mais próximo do Brasil. Segundo o especialista, o estudo foi feito para indicar uma tendência de preços, não para sugerir que a Petrobras siga uma política idêntica à do Golfo.

- É claro que a Petrobras compra de vários lugares e que, provavelmente, ela conseguiria uma média de preços melhor que a do Golfo. Mas a nossa idéia é mostrar uma tendência de mercado. Achamos estranho que o lucro da Petrobras cresça quando os preços do petróleo no mercado externo recuam e que seus resultados sejam menores quando os preços do petróleo disparam. Não é assim que acontece com as outras companhias do mundo. Na prática, quando o preço lá fora está alto, a Petrobras não reajuste em função de motivos políticos. E quando o preço no exterior cai, ela também não reduz porque, aparentemente, tenta recuperar suas perdas - explica.

Na média de 2004 os valores cobrados pela gasolina no Brasil foram 5% inferiores ao do mercado do Golfo, segundo o CBIE. Com isso, calcula Pires, a Petrobras deixou de ganhar R$ 1,5 bilhão no ano passado por não retardar o reajuste. Em 2003, no entanto, os preços no país haviam ficado 21% mais caros no cenário doméstico que no mercado internacional. Já o óleo diesel ficou 2% mais caro no Brasil que no exterior em 2003 e 15% mais barato em 2004.

O analista diz que apenas no mês de novembro a perda líquida da estatal chegou a US$ 27 milhões por dia. Já na terceira semana de dezembro, quando os preços da empresa já estavam mais altos no Brasil que no exterior, a Petrobras acumulou ganhos médios diários de R$ 10 milhões.

Para 2005, a expectativa do CBIE é de que os preços do petróleo Brent se mantenham em uma média de US$ 37 a US$ 39 o barril. Já Monica Araújo, do BES, di que o preço deverá oscilar entre US$ 35 e US$ 36. Recentemente, a Agência Internacional de Energia (IEA) afirmou que a demanda deverá crescer apenas 1,8% em 2005, contra estimados 3,3% em 2004.

- Além disso, algumas regiões do mundo vão aumentar sua produção e existe uma expectativa mais positiva em relação aos conflitos no Oriente Médio - diz Monica, para quem a demanda crescerá no máximo 2,5% no mundo neste ano.

A analista, no entanto, vê como positiva a situação da Petrobras no país, embora ressalte que as incertezas em torno de sua política de preços deixem os investidores apreensivos.

- Ainda assim, os preços das ações da Petrobras cresceram 35% em 2004, contra um crescimento de 17,8% da Bovespa. Mas, certamente, as incertezas em relação aos preços da estatal comprometem a credibilidade da empresa - afirma.

Um estudo do Banco Brascan mostra que as ações a Petrobras são as mais baratas do mundo em dólares, quando comparadas às de outras petroleiras.

Para Adriano Pires, já está na hora de a Petrobras reduzir seus preços no Brasil. Monica Araujo, no entanto, acha que a empresa deverá permanecer ainda algum tempo sem fazer reduções, para compensar as perdas registradas em 2004.

Procurada, a Petrobras não quis comentar o assunto.

Palavras-chave:

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/precos-da-petrobras-estao-mais-altos-que-no-mundo

0 Comentários

Conheça os produtos da Jurid