Oposição corre atrás de assinaturas para CPI dos Correios

Fonte: Globo Online

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Os líderes do PFL e do PSDB tentam conseguir assinaturas para a instalação de uma CPI sobre as denúncias de corrupção nos Correios. Para o presidente do PFL, senador Jorge Bornhause, a situação atual se compara ao período da CPI do Orçamento, em 1993, quando descobriu-se um esquema de propinas entre empreiteiras e parlamentares.

- Quem não assinar o pedido de CPI vai acabar levando pedrada na rua. Não há como segurar essa investigação. É preciso saber quem é quem, porque o Congresso é um dos pilares da democracia - afirmou Bornhausen.

Vários petistas estão assinando o requerimento. O deputado Chico Alencar (RJ) foi o primeiro. Segundo ele, o grupo mais à esquerda do PT se reuniu e decidiu não aceitar o fechamento de questão sobre o assunto. Chico Alencar disse que o artigo 67 do regimento do partido diz que o fechamento de questão tem que ser feito em reunião conjunta da bancada com a respectiva executiva. Além disso, quando o assunto tem caráter ético, religioso ou filosófico, não pode haver fechamento de questão, segundo ele.

- Por que o Congresso também não pode exercer sua função de fiscalizar? Se não pode fazer isso, então é melhor fechar logo e acabar com as atribuições que o Congresso tem. Se fosse assim, nunca haveria CPI porque os outros assuntos também são investigados pela Polícia Federal e o Ministério Público e isso nunca impediu que o Congresso exercesse seu papel de investigar. Eu estou com o Zé Dirceu (José Dirceu, ministro da Casa Civil), que diz que esse governo não rouba, mas também estou com o Zé Povinho, que diz: 'quem não deve não teme' - afirmou Alencar.

Já avisaram que vão assinar o requerimento os deputados petistas Doutor Rosiunha (PR), Gilmar Machado (MG), Walter Pinheiro (BA), Ivan Valente (SP), Nazareno Fonteles (PI), entre outros.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) defendeu que só depois de encerradas as investigações o Legislativo pode decidir se esse é um caso para CPI ou não.

- Claro que esse assunto tem mobilizado o país, tem constrangido, repugnado a nação. Mas as investigações precisam mostrar primeiro se é o caso de CPI, de investigação política extraordinária, como demanda uma CPI. Precisam dizer também se é uma rede de corrupção ou se é apenas um funcionário corrupto, fanfarrão, que, para tomar mais dinheiro da vítima, diz falar em nome de alguém - ressaltou.

O líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA), não concorda com a CPI. Segundo ele, as denúncias têm que ser investigadas a fundo, mas sem comissão parlamentar de inquérito.
- CPI é um instrumento que a oposição usa contra o governo, por isso não vamos aceitar isso - argumentou, para acrescentar em seguida que o governo tem sido duro e agido com rapidez em todas as suspeitas de corrupção.

O presidente do PT, José Genoino, disse que o governo está realizando uma investigação rigorosa, "com total transparência" e vai demitir as pessoas envolvidas em corrupção nos Correios.

- Não temos interesse em esconder nada - assegurou.

A favor da CPI está o vice-presidente da República, José Alencar, que é também ministro da Defesa. Nesta terça, ele repetiu que cabe ao Congresso decidir se é preciso ou não abrir uma CPI, mas afirmou que, se ainda fosse senador, assinaria o requerimento.

- É uma decisão do Congresso, mas, se ainda fosse senador, eu assinaria. Sempre fui a favor de CPIs - disse Alencar, frisando que é preciso evitar o prejulgamento do deputado Roberto Jefferson.

O que a oposição quer é uma CPI mista, que centraria as investigações no governo, e não no PTB, cujo presidente, Roberto Jefferson, é citado nas denúncias. Os parlamentares da oposição entendem que não há elementos para abrir uma CPI contra o deputado, já que ele não aparece nas gravações e seu nome é apenas citado por outras duas pessoas. Para eles, é o governo que tem que se explicar.

- O governo deve explicação ao país. O PFL quer explicações do governo e quer uma CPI para investigar os Correios - disse Rodrigo Maia (RJ), líder do PFL na Câmara.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou em nota que seu partido não aceita que o governo tente "desviar a atenção para o PTB, como se fosse caso isolado, quando tudo indica tratar-se de corrupção que se alastra por vários setores do governo".

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