Operação contra produtos estéticos ilegais prende 4 médicos no RJ
Medicamentos não tinham registro da Anvisa ou estavam vencidos. Segundo polícia, quadrilha atuava no Rio e Baixada Fluminense
Oito pessoas foram presas na operação Beleza Pura. A ação, da Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Saúde Pública (DRCCSP), tinha como objetivo desmontar uma quadrilha que distribuia, comercializava e utilizava medicamentos estéticos sem registros e vencidos. Entre os presos estão quatro médicos - sendo um deles capitão da Polícia Militar –, dois empresários, uma esteticista e uma farmacêutica.
Segundo a polícia, ainda não há informação sobre se dois dos quatro médicos presos fazem parte da mesma quadrilha.
As vítimas, de acordo com o delgado Fábio Cardoso, titular da DRCCSP, eram mulheres em busca da beleza e de produtos mais baratos. Os policiais percorreram residências, clínicas e consultórios de estética do nas Zonas Sul e Oeste do Rio e da Baixada Fluminense. Todos foram presos em flagrante. Uma esteticista e uma médica, que atuaria em Duque de Caxias e na Barra da Tijuca, ainda são investigadas.
Produto ilegal era feito em Goiás
A operação, que teve início em maio, também foi realizada na cidade de Anápolis, no estado de Goiás, onde um laboratório produzia medicamentos ilegalmente e distribuía tanto para o Rio como para outros estados do Brasil e ainda Argentina, Chile e Uruguai.
De acordo com a polícia, os medicamentos encontrados foram a toxina botulínica, que é um suavizador de rugas, mais conhecido pela marca Botox, o gliconato hidrolático de magnésio (Carboxi), o polimetilmetacrilato (usado em procedimentos de bioplastia) e o ácido hialurônico. Esses produtos seriam falsificados ou não teriam registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Sem os testes da Anvisa, ele (dono do laboratório) evita gastos é uma porta aberta pra sonegação”, afirmou Cardoso.
Ele citou como exemplo o preço de um produto como o Botox, que vale cerca de R$ 1 mil com o registro da Anvisa e, nas mãos da quadrilha, é vendido por R$ 450 para clínicas e consultórios de estética. Com isso, os médicos repassavam por um preço mais baixo o valor do tratamento.
A polícia informou que produtos vencidos há mais de um ano eram aplicados em pacientes. A organização criminosa, segundo Cardoso, agia há pelo menos cinco anos.
Como funcionava a quadrilha
De acordo com o delegado, todos os produtos apreendidos eram oriundos do laboratório de Goiás. A polícia informou que dono do local não foi preso em flagrante porque não estava no estabelecimento. Entretanto, ele será indiciado por formação de quadrilha e o local pode ser fechado.
A empresa produzia, a partir de matéria-prima extraída no Brasil, os medicamentos que seriam utilizados em tratamentos estéticos. O laboratório importava da China a toxina botulínica (suavizador de rugas mais conhecido como Botox). Os produtos não passavam por testes de segurança e de eficácia da Anvisa.
“A distribuição de um medicamento desse tipo expõe a vida de muitas pessoas, que ficam expostas a muitos tipos de contaminação. O risco de utilização de um produto desse é muito grande”, afirmou Cardoso.
Dois empresários, um homem e uma mulher, eram responsáveis por fazer a distribuição desse material no Rio de Janeiro. Segundo o delegado, a investigação teve início após uma denúncia de uma pessoa que estava prestes a virar paciente de um dos médicos indiciados.
“O mais importante é que você age de forma preventiva. Não podemos esperar alguém morrer para fazer esse tipo de operação. Não tenho dúvida que vítimas vão aparecer”, afirmou.