OAB vai ao ataque contra invasões e mira em Bastos

Fonte: Consultor Jurídico

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De um dos mais respeitados advogados criminalistas do país, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, passou a ser visto quase que como um traidor de sua própria classe. Se Bastos ainda não é tratado como persona non grata por seus colegas, já se transformou no principal alvo das ácidas críticas contra mandados de busca e apreensão em escritórios de advocacia.

Isso é o que se pôde ver nesta segunda-feira (20/6) durante a reunião do conselho seccional da OAB de São Paulo ? entidade que já foi presidida por Márcio Thomaz Bastos. Os advogados começaram a reunião discutindo um desagravo, mas acabaram aprovando apenas um ato de repúdio público contra as invasões. Outra atitude a ser tomada pela OAB-SP será a de levar ao Conselho Nacional de Justiça todos os casos de invasões para que se apure a responsabilidade funcional dos juízes responsáveis por emitir as ordens de busca.

O desagravo que não chegou a ser aprovado seria feito em praça pública, em favor de todos os escritórios invadidos nos últimos meses: são 15 escritórios que tiveram documentos de clientes levados pela Polícia Federal no estado. O desagravo também seria um protesto contra o ministro da Justiça e o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda.

Estiveram na reunião da OAB paulista, além de ex-presidentes da seccional, representantes de quase todas as entidades que congregam advogados em seus quadros, como a Associação dos Advogados de São Paulo, Instituto dos Advogados de São Paulo, Centro de Estudos de Sociedades de Advogados, entre outras.

Nos discursos, cada crítica contra o ministro da Justiça era interrompida por sonora salva de palmas. O advogado Rubens Approbato Machado, ex-presidente da OAB, lamentou o ?cumprimento de ordens ilegais e inconstitucionais?, principalmente porque isso se dá quando o ?ministro da Justiça é um ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e um dos mais eminentes advogados do país?.

Approbato quer ver responsabilizados por seus atos até os agentes da PF que cumpriram os mandados. ?Não se pode cumprir ordens manifestamente ilegais e inconstitucionais como estas. Essa era a principal desculpa utilizada no Tribunal de Nurenberg ao fim da 2ª Guerra: ?nós matamos milhares de judeus porque estávamos cumprindo ordens??, afirmou o advogado.

Rubens Approbato Machado defendeu a renúncia do ministro da Justiça. ?Ele não pode ficar omisso, permitindo que a Polícia Federal, da qual ele é comandante, pratique atos que violam a Constituição e a lei. Se ele não está de acordo com isso ? e ele não deve estar ? não tem outro caminho senão da renúncia, como fez Miguel Reale Júnior que, no governo de Fernando Henrique Cardoso, ao sentir que entre ser ministro e defender o que lhe competia como advogado, preferiu a renúncia?, disse.

Na mesma linha ácida, José Roberto Batochio disse que o Brasil fez evoluir a política romana do pão e circo. O governo dá ao povo apenas o circo e se esquece do pão. ?Não há políticas públicas, mas há espetáculos policiais?, disse. E completou: ?a pretexto de estar em sintonia com a contemporaneidade, estamos perdendo liberdades e garantias públicas que suamos sangue para conquistar?.

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2 Comentários

Evandro Silva Salvador Advogado22/06/2005 10:06 Responder

É lamentável saber que entre nós há um traidor, traidor de seus princípios, traidor de seus colegas e, que ainda, serve aos interesses de um governo repleto de corruptos, pessoas mal intencionadas, pessoas visilmente incompetentes. Para não se misturar a essa escória, o melhor seria mesmo a renúncia do Sr. Márcio, sob pena de se misturar a esta escória e depois não conseguir mais se limpar.

alfredo ferreira advogado22/06/2005 12:52 Responder

Não resta dúvidas de que o Sr. Ministro da Justiça, o advogado Márcio Thomaz Bastos, nome de destaque na advocacia criminal do País, está deixando muito, mas muitíssimo mesmo, a desejar na condução dos negócios de seu Ministério. Vejamos: invasão indiscriminada de escritórios de advocacia, em cumprimento de ordens atrabiliárias expedidas por juízes frustrados, e o Sr. Ministro sobre o assunto não se manifesta; casos de corrupção vem à tona diariamente, e o Ministro também se cala. É, o poder mostra o que a pessoa é. Como dizia o saudoso Tim Maia: nego quebra a dentadura mas não larga a rapadura.

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