OAB: Exame não pode ser válvula de escape para ensino ruim

Fonte: Conselho Federal da OAB

Comentários: (11)




O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, criticou hoje (13) a proliferação das faculdades de Direito de baixa qualidade no País e a busca incessante do lucro pela maioria delas, condenando o que chamou de "indústria do diploma" no Brasil. "A ganância da indústria do ensino se tornou em nosso País uma realidade abominável, que compromete a qualidade do nosso mercado de trabalho e, por extensão, gera danos consideráveis à cidadania e à distribuição de Justiça". Segundo Busato, "o Exame de Ordem não pode se transformar uma válvula de escape para a péssima qualidade do ensino jurídico no Brasil".

"Sem mão-de-obra qualificada, como supor o aprimoramento da prestação jurisdicional no País, meta fundamental da reforma do Judiciário ?", questionou o presidente da OAB. Ele observou que o reflexo direto da má formação oferecida por muitas faculdades são advogados e magistrados ruins, despreparados para exercer a profissão.

"Trata-se de recompor os alicerces da profissão, corroídos pela voracidade dos mercadores do ensino, comprometidos tão somente com lucros fáceis, desconhecedores do sentido missionário da educação e do Direito", afirmou Roberto Busato. Em relação ao crescimento exagerado do número de faculdades e cursos jurídicos no Brasil, o presidente nacional da OAB lembrou que "quantidade sem qualidade gera apenas tumulto e resulta em descrédito".

Busato está no Mato Grosso do Sul participando do Encontro Regional de Presidentes de Seccionais das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Palavras-chave:

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/oab-exame-nao-pode-ser-valvula-de-escape-para-ensino-ruim

11 Comentários

Maria de Lourdes Feijó Estudante de direito-2014/05/2005 3:23 Responder

Gostaria de questionar se cursos de direito com custo tão baixo, como em alguns estados brasileiros, não seria um dos motivos da baixa qualidade destes pretensos profissionais da área jurídica, se é que há condições de passar no exame da OAB. Se a taxa de aprovação continuar baixa como tem se apresentado por aí à fora, fica a dúvida do compromisso que as escolas formadoras deveriam ter para com seus alunos, ou o descaso, então, ficará configurado.

everardo dantas bancario14/05/2005 10:28 Responder

Além da proliferação dos cursos de direito, a OAB poderia aumentar o intercambio junto as faculdades para que os estudantes tivessem oportunidade de ¨escritorios modelos¨ para desenvolverem a prática juridica, principalmente na ajuda aos mais necessitados, nas cidades do interior.

Lucianna De Cicco contadora e estudante de direito14/05/2005 10:58 Responder

Ao contrário do pensamento da colega Maria de Lourdes, o baixo custo do curso não é motivo para péssima qualidade do ensino, mas sim o nível dos professores, muitos deles não tem sequer o mestrado, exigência hoje legal para se poder dar aula nas instituições de ensino superior. Há também de se pensar, que o curso de Direito continua marcado por uma visão dogmática-normativa, afastando o estudante da realidade social e científica, os altos índices de reprovações refletem urgência na mudança do caráter didático- pedagógico do ensino jurídico.

claudio jose waidman estudante14/05/2005 12:04 Responder

eu sou estudante do 5° ano de direito,e estou muito preocupado em como irei passar na prova da oab, pois estão dificultando cada dia mais para se conseguir passar nesta prova e na minha opinião eles tinham que fazer de matéria durante o periodo de estudo.para quando chegar no final podessemos ter a carteira da oab.

Raul Tavares estagiário de advocacia14/05/2005 22:06 Responder

Acredito estar em tempo do estudante brasileiro compreender o crescimento proporcional da doutrina do direito frente ao crescimento das variáveis sociais que o fundamentam.Faculdade nenhuma suprirá o imprescidível esforço individual de cada um, sendo o exame da Ordem um dos pequenos obstáculos ao longo da carreira jurídica.

Ricardo Analista de Vendas - Bacharel em Direito16/05/2005 11:21 Responder

Correta a aplicação do exame de ordem, uma vez que devem ingressar no mercado de trabalho aqueles que no mínimo tenham passado por ele. O que não pode ocorrer é que referido exame torne-se uma maneira fácil de arrecadar valores e tambem deveria ser pensado uma maneira de reciclar não só os recém-formados mas os atuantes.

Solange Monteiro estudante16/05/2005 12:32 Responder

Como academica do Curso de Direito, discordo que a proliferação de faculdades venha formando péssimos profissionais. Os péssimos não podem ser considerados profissionais. O curso é um só, baseando em normas e leis, não dependendo de professores, mas do esforço de cada aluno em aprender para poder praticar, se não for bom rofissional certamente não encontrará mercado de trabalho, como em toda profissão.

Otavio de Melo Annibal advogado16/05/2005 12:56 Responder

Infelizmente estão punindo a vítima, ao invés de punir o criminoso. O pobre do aluno, depois de cinco anos de sacrifícios, é sumariamente barrado pela hipocrisia da OAB, que divulga o baixo índice de aprovação como se fosse vitoriosa no processo, quando, na verdade, é a grande perdedora, uma vez que nenhuma atitude efetiva tem feito para impedir a criação de novos cursos, a não ser reclamar que não tem poder de veto junto ao MEC. Outro problema é a Assistência Judiciária no Est de São Paulo, prestada através de Convênio firmado com a OAB em valores ínfimos, que se torna a porta de entrada para advogados sem nenhum preparo e experiência, exigindo-se apenas que tenham a inscrição na Ordem, o que tem contribuido para aumentar o baixo nível profissional e a má fama da classe, nivelando por baixo todos os operadores de direito. Aos alunos reprovados resta apenas buscar via judiciário a devolução daquilo que pagaram à faculdade, pois não resta a menor dúvida de que houve uma má prestação de serviço. Mas, com certeza, a ação não terá sucesso, já que será julgada por juízes que complementam seus salários com o exercício do magistério nessas mesmas faculdades. Ou seja: pobre do aluno!

Luciana bacharel em direito16/05/2005 20:38 Responder

Sou recém formada em direito. A menos de 6 meses fiz a prova da OAB e passei. Esta prova é uma verdadeira tortura psicológica. Começou às 8h e só terminou às 19h. A prova é gigantesca e mal dá tempo de beber água. Ir ao banheiro nem se fala. Além de ter conhecimento jurídico você tem que estar preparado fisicamente e psicologicamente para aguentar a longa jornada. Sem contar que o nível exigido nas questões é infinitamente superior ao nível do ensino praticado nas Faculdades. E olha que estudei numa das 20 melhores faculdades de direito do Brasil atestada pela própria OAB. O que a OAB está exigindo pode até ser o mínimo para se ter um profissional qualificado no mercado, mas esse mínimo é muito além do que a minha faculdade me ofereceu ao decorrer dos 5 anos do curso. Só passei mesmo porque já trabalho a 4 anos peticionando num escritório de advocacia e comecei a fazer pós-graduação na área em que fiz a prova prático-profissional antes de terminar o curso. Portanto, penso que não só o ensino da "indústria do diploma" deve ser repensado, mas sim o ensino de todos os cursos jurídicos do Brasil.

Maria de Lourdes Feijó estudante de direito17/05/2005 2:28 Responder

Concordo com você, Otavio de Melo Annibal. Na busca de seus sonhos, mas sem os devidos cuidados nas observâncias aos critérios básicos a serem observados para que se obtenha sucesso, o aluno acaba se tornando uma vítima, pois no momento em que deveria vibrar quando da aprovação na prova da OAB, com certeza se decepcionará ao ter sido reprovado. Me sinto segura em dizer que apesar dos altos custos que pago em minha escola (Centro Universitário Feevale), me sinto satisfeita por poder confiar na qualidade dos professores que nos oferecem.

Aparecida Silva estudante17/05/2005 21:00 Responder

Cada um tem sua parcela de razão. O que ninguém comenta é a reserva de mercado. Se todos fossem aprovados, o que fazer? Não há possibilidade de exercicio da advocacia para tantos. Tem advogado que não consegue manter seu escritório e vive da assistência.

Conheça os produtos da Jurid