Mulher que fez aborto de anencéfalo defende liberdade de decisão

Ela diz que Justiça não deveria intervir na vontade das gestantes. Por lei, a interrupção da gravidez é proibida no Brasil.

Fonte: G1

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Ela diz que Justiça não deveria intervir na vontade das gestantes. Por lei, a interrupção da gravidez é proibida no Brasil.

No momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) discute em audiências públicas a interrupção da gravidez de bebês com malformação genética, a vendedora Mariana (nome fictício), de 28 anos, ainda nutre o sentimento de alívio por ter feito um aborto aos 4 meses de gestação. Segundo ela, o bebê era anencéfalo e ainda tinha órgãos crescendo externamente. Ela defende que a Justiça não interfira na questão.

Mariana procurou a Defensoria Pública de Ribeirão Preto, a 313 km de São Paulo, onde mora, no dia 29 de maio deste ano. Em 9 de junho, já estava na sala de cirurgia, retirando o primeiro filho planejado. ?A gente planejou. Eu queria esse bebê, mas não estava bem emocionalmente?, contou ela nesta terça-feira (2). Mariana é casada há seis anos, trabalha em uma loja da cidade e disse que soube do problema depois uma ultra-sonografia de rotina.

Ela mostra revolta com relação à Justiça porque defende que a decisão do aborto ?deveria ser só da mãe?. Por lei, o aborto é proibido no Brasil e só pode ser feito com autorização judicial. No entanto, Mariana admite que seu caso tramitou muito rápido ? foram apenas 11 dias (entre 29 de maio e 9 de junho).

?Tive muita sorte. É cruel você estar em um momento ruim e não poder interrromper uma gravidez mal-sucedida. Eu me sinto aliviada?, contou a moça, que precisou de acompanhamento psicológico. O caso dela ficou com o defensor público de Ribeirão Preto Paulo Giostri, que elogiou o trabalho de todas as partes envolvidas. ?Todos trabalharam rápido, mesmo o promotor, que indeferiu o pedido de aborto. O juiz poderia ter julgado o caso improcedente?, afirmou.

Discussão

Na próxima quinta-feira (4), o STF realiza a terceira audiência pública para tratar do tema do aborto com fetos anencéfalos. Participaram das discussões anteriores, nos dias 26 e 28 de agosto, representantes da Igreja Católica, da Igreja Universal, espíritas e médicos.

Entre janeiro e setembro deste ano chegaram no Departamento de Inquérito Policial (Dipo) do Fórum da Barra Funda (Zona Oeste) 24 casos parecidos com o de Mariana. Segundo a Defensoria Pública, em todos a mulher conseguiu o direito de interromper a gravidez quando se comprovou que ele e a mãe corriam risco de vida.

Palavras-chave: aborto

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