Maria do Rosário pede apoio a grupos indígenas contra PEC 215
Proposta transfere para o Congresso a prerrogativa de definir a demarcação dos territórios indígenas
A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, pediu apoio aos povos indígenas na luta para que os parlamentarem votem contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 215/00, que transfere para o Congresso a prerrogativa de demarcar as terras indígenas.
"Se o governo puder contar com vocês, nós damos a nossa palavra que trabalharemos com muita disposição para buscar e impedir as mudanças constitucionais e garantir que prevaleça o que já está na lei", disse a ministra Maria do Rosário. A reunião ocorreu no Fórum Mundial de Direitos Humanos e contou com a presença do ouvidor nacional de Direitos Humanos, Bruno Renato e representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio).
A menos de um ano para as eleições de 2014, a ministra disse que o governo precisa de apoio porque está sofrendo diversas pressões: "Nós queremos que vocês nos apoie, estou pedindo isso a vocês mesmo que seja difícil. Nos apoie porque o governo está sofrendo pressões, nos apoie porque nós estamos pressionados, já que somos contra a PEC. Tentam nos separar dentro do governo, tentam nos dividir, tentam nos pressionar para mudarmos opiniões", disse a ministra.
De autoria do ex-deputado Almir Sá, a PEC tem por objetivo levar a votação pelo Congresso a demarcação de terras indígenas e quilombolas. A proposta também facilita a revisão das terras já demarcadas. Outras mudanças seriam nos critérios e procedimentos para a demarcação destas áreas, que passariam a ser regulamentadas por lei, e não por decreto como tem sido feita até os dias de hoje.
Desde a abertura do Fórum Mundial de Direitos Humanos, Maria do Rosário tem ouvido indígenas de várias etnias. Durante o encontro de hoje, os índios entregaram cartas pedindo a reintegração de posse da área de 7 mil hectares em Japorã-MS, onde 5 mil indígenas correm risco de serem retirados por policiais. Em 2003, a área que pertencia aos índios foi ocupada por proprietários. Após três anos foi efetuado um acordo com o Ministério da Justiça que não foi cumprido. “O que nós solicitamos é que esse acordo prevaleça”, disse o representante dos Guaranis, Valdemiro Cruz.