SÃO PAULO - Reviravolta no caso da Interclínicas. Uma liminar concedida pela 4ª Vara Cível de Barueri, na Grande São Paulo, suspendeu a transferência da carteira de 166 mil usuários da Interclínicas para a empresa Saúde ABC. O negócio, cujo valor não foi revelado, foi anunciado nesta quarta-feira. A liminar da Justiça foi pedida pelo Hospital Oswaldo Cruz e condiciona a transferência da carteira à sua autorização prévia. O hospital não quis falar sobre o assunto. Nem a Interclínicas e a Saúde ABC.

Segundo balanço patrimonial de 2003 da Interclínicas, o Oswaldo Cruz faz parte do Grupo Interclínicas Planos de Saúde. Além disso, é um dos grandes credores da empresa. Em dezembro de 2003 a dívida era de R$ 58,243 milhões, sendo R$ 4,559 milhões referentes a serviços prestados entre 2000 e 2001 e que tinham sido renegociados com pagamento até este mês.

Especialistas dizem que o hospital poderia também estar sendo usado para retardar as negociações e garantir o recebimento do débito. Coincidência ou não, o urologista Marco Aurélio de Campos e o cardiologista José Fadul Neto, membros do conselho de administração da Interclínicas, estão no quadro clínico do hospital.

Nesta quarta-feira, o jornal "Folha de S.Paulo" informa que o Grupo Saúde ABC já sofreu duas intervenções da Agência Nacional de Saúde (ANS) por problemas econômico-financeiros e na rede de assistência. Além disso, teria fechado o último ano com prejuízo de R$ 1,9 milhão. Em setembro, esteve entre os 10 mais reclamados na ANS. O diretor de Normas e Habilitação da ANS, Alfredo Cardoso, disse ao jornal que a ANS foi surpreendida pelo acordo e que a decisão da Interclínicas é soberana. Além do Saúde ABC, as operadoras Gama e Notredame tinham oficializado interesse pela carteira de clientes.