Ex-ministro Antônio Palocci intermediou caixa dois para campanha à reeleição de Lula em 2006

Informação consta da delação do casal de marqueteiros, cujo sigilo foi levantado pelo STF. Segundo delatora, Lula sabia dos repasses não oficiais.

Fonte: Veja.com

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No acordo de colaboração premiada, cujo sigilo foi levantado pelo Supremo Tribunal Federal, o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura relata que o ex-ministro Fazenda Antônio Palocci intermediou os pagamentos por fora para a campanha à reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, logo após vir à tona o escândalo do mensalão. De acordo com o relato do marqueteiro petista, Lula teria incumbido a Palocci que intermediasse a contratação dele para a campanha de reeleição.


À Procuradoria-geral da República, Mônica Moura afirmou que a primeira negociação com Palocci ocorreu em seu escritório particular, em São Paulo, quando ele já não era mais ministro — ele foi titular da Fazenda de 2003 a 2006. Na ocasião, ele teria dito a ela que parte do dinheiro teria que ser pago de maneira não oficial em espécie e a outra parte pela Odebrecht. Para isso, orientou-a a procurar o executivo Pedro Novis, que à época comandava a empreiteira.


Para Mônica, Lula sabia do montante não contabilizado destinado à sua campanha, porque Palocci falou por diversas vezes que teria que consultá-lo e ter a sua autorização devido ao valor alto. A campanha, segundo a delatora, custou 24 milhões de reais — 13,7 milhões de reais entrou via caixa 1 e cerca de 10 milhões via caixa dois.


O casal prosseguiu, contando que o combinado era que metade dos 10 milhões seriam pagos por Palocci em dinheiro vivo com o objetivo de criar empecilhos para o rastreamento da soma. E a outra metade seria quitada pela Odebrecht em transferência para contas no exterior.


Mônica Moura detalha que, entre 2006 e 2007, viajou constantemente a São Paulo para recolher o dinheiro em espécie, que geralmente era entregue dentro de caixas de roupas e sapatos por Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete de Palocci. O ponto de encontro usual era a loja de chá Tee Gschwendner do shopping Iguatemi, na Zona de Sul de São Paulo.


Os outros 5 milhões de reais foram transferidos pela Odebrecht para a conta Shellbill, sediada na Suíça, entre 2006 e 2007.


Para ter o acordo de delação premiada fechado, o casal entregou três documentos à procuradoria — os contratos dos repasses oficiais, o extrato da conta na Suíça e uma agenda de Mônica na qual constava as reuniões com o ex-assessor de Palocci, as viagens para São Paulo e jantares com Palocci.


Alvos da 23ª fase da Operação Lava Jato, o casal foi responsável pelo marketing das campanhas à reeleição de Lula em 2006 e de Dilma Rousseff em 2010 e 2014. Eles tiveram o acordo de delação premiada homologada pelo ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, que retirou o sigilo do seu conteúdo.

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