Eike Batista pagou US$ 16,5 milhões em propina a ex-governador Sérgio Cabral, dizem delatores

Segundo a Justiça Federal, delações comprovam que o empresário mentiu ao MPF ao negar repasse irregular de dinheiro ao ex-governador.

Fonte: G1

Comentários: (0)




Eike Batista pagou US$ 16,5 milhões em propina por ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral por meio de um falso contrato, declararam à Justiça Federal dois operadores que fecharam acordo de delação premiada.


O empresário é o principal alvo da Operação Eficiência, novo desdobramento da Lava Jato, deflagrada na manhã desta quinta-feira (26). Nesta ação, a Polícia Federal investiga crimes de lavagem de dinheiro na ocultação no exterior de aproximadamente U$ 100 milhões, cerca de R$ 340 milhões. O esquema seria comandado pelo ex-governador fluminense.


A força-tarefa da Lava Jato diz que Eike é suspeito de pagar dinheiro em troca de facilitações para o fechamento de contratos no Rio. No entanto, não foi determinado qual era o objetivo específico do pagamento dos US$ 16,5 milhões. Segundo o procurador Leonardo Cardoso de Freitas, no Brasil, a imputação do crime de corrupção não requer a identificação do "ato de ofício".


Caminho do dinheiro


De acordo com a Justiça Federal, em depoimento, os irmãos Renato Hasson Chebar e Marcelo Hasson Chebar, operadores do mercado financeiro, desmentiram declaração dada por Eike Batista no ano passado de que jamais havia pago propina ao ex-governador.


Segundo os delatores, em 2010 Renato foi orientado a viabilizar o pagamento dos US$ 16,5 milhões a Cabral. Flávio Godinho o orientou a fazer um fazer contrato de fachada entre as empresas Arcádia Asociados S.A., de propriedade de Renato, e a Centennial Asset Mining Fund LLC, de Eike Batista. Para justificar o repasse, os operadores disseram que mediaram a compra de uma mina de ouro pelo Grupo X.


"A transação foi real e verdadeira, a Centennial comprou uma minha de ouro. Mas o contrato foi forjado para que os doleiros de Cabral aparecessem como se tivessem sido os intermediários da compra", explicou Eduardo Ribeiro Gomes El Hage, procurador da República, em entrevista à imprensa nesta manhã. Segundo ele, a mediação para essa compra nunca existiu.


O falso contrato foi firmado em 2011. Segundo os delatores, os pagamentos foram feitos através de transferência de títulos acionários e dinheiro da conta Golden Rock Foundation no Tag Bang.


Ao determinar a prisão preventiva de Eike Batista, o juiz Marcelo Bretas considerou que o empresário mentiu ao prestar depoimento ao Ministério Público Federal. Segundo o magistrado, isso reforça a tese do maior envolvimento do empresário com a organização criminosa comandada pelo ex-governador fluminense.


Presos


A operação Eficiência prendeu 4 pessoas nesta quinta:


- Álvaro Jose Galiez Novis


- Flávio Godinho


- Thiago Aragão


- Sérgio de Castro Oliveira


Ao todo, foram expedidos 9 mandados de preventiva (sem prazo para terminar), mas 3 dos alvos já estavam presos. São eles: o ex-governador Sérgio Cabral e Wilson Carlos e Carlos Miranda, operadores de Cabral. Ainda não foram presos Eike Batista e Francisco de Assis Neto.


Segundo o delegado Tácio Muzzi, é possível que Eike tenha embarcado para Nova York na última terça-feira (24). A Polícia Federal está contato com a Interpol, a polícia internacional, para descobrir o paradeiro do empresário. Caso não seja encontrado, ele será declarado foragido.


Eike é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro.


Mais de US$ 100 milhões em propinas


Rodrigo Timóteo, procurador da República, afirmou que a organização criminosa era complexa e sofisticada, usando operações de dólar-cabo, remessas intercontas no exterior e também pagamentos em dólar no exterior e internalização de reais.


O delator Marcelo Chebar colaborou também para confirmar ao Ministério Público que Sérgio Cabral fazia remessa de valores ao exterior de forma sistemática. Ele detalhou a movimentação dos valores registrados em planilha demonstrativa, que foi entregue aos procuradores.


Segundo o Ministério Público Federal, a remessa de valores de Cabral para o exterior foi contínua entre 2002 e 2007, quando ele acumulou US$ 6 milhões.


Durante a gestão como governador, entre 2007 e 2014, ele acumulou mais US$ 100 milhões em propinas, distribuídas em diversas contas em paraísos fiscais no exterior, afirmam os procuradores.

Palavras-chave: Corrupção Lavagem de Dinheiro Propina Operação Eficiência Operação Lava Jato

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/eike-batista-pagou-us-165-milhoes-em-propina-a-ex-governador-sergio-cabral-dizem-delatores

0 Comentários

Conheça os produtos da Jurid