A defesa do banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity, já preparou sua estratégia para atrasar e complicar o processo contra seu cliente, que é acusado de comandar um esquema corrupto envolvido em diversos crimes. Na terça-feira, os advogados de Dantas decidiram pedir o afastamento do juiz federal Fausto Martin De Sanctis. Foi ele o responsável pela aprovação dos pedidos de prisão dos investigados pela Operação Satiagraha da Polícia Federal.

Na preparação para o depoimento de Dantas, marcado para esta quarta, o advogado Nélio Machado e seus auxiliares prepararam uma argüição de suspeição - instrumento jurídico que visa colocar em dúvida a legitimidade do trabalho do magistrado. Conforme a defesa do banqueiro, Sanctis prejulgou o acusado e, por isso, não poderá tratar do caso com a isenção necessária. Pela lei, o próprio juiz faz a avaliação da argüição. Se concordar, deve se afastar.

Se o juiz rejeitar o pedido de afastamento, o caso passa a ser avaliado pelo tribunal. É nessa ocasião que a defesa de Dantas pretende criticar a atuação de Sanctis. Para os advogados, o juiz concordou com procedimentos irregulares na investigação da PF. A principal crítica é contra o uso extra-oficial de agentes da Abin para obtenção das provas. A defesa ataca também as declarações de Sanctis lamentando os dois "habeas corpus" concedidos a Dantas.

Na semana passada, no primeiro depoimento de Dantas, o banqueiro silenciou diante de todas as perguntas - seu advogado disse que não tinha conseguido ler o inquérito, de cerca de 7.000 páginas. Na ocasião, Nélio Machado prometeu que Dantas falaria nesta semana. Na terça, porém, os advogados voltaram a sugerir que o banqueiro fique calado, alegando que ainda hão houve tempo suficiente para estudar todas as acusações que pesam contra Dantas.

Os advogados do dono do Opportunity planejam ainda questionar a legalidade das provas recolhidas pela PF. Nesse aspecto, o principal argumento a ser usado por Dantas seria o envolvimento da Abin no caso. Machado pretende sustentar que o delegado que comandava as investigações, Protógenes Queiroz, tem bom relacionamento com o diretor da Abin, Paulo Lacerda, e aproveitou essa proximidade para dar à agência um papel que ela não deveria cumprir.