CPI no TJ apura se lobista enviou dinheiro ao exterior

As quatro remessas somam um total de US$ 140 mil. Os dados, originalmente, foram obtidos pelos investigadores da Operação Farol da Colina com a colaboração da Promotoria Distrital de Nova York.

Fonte: OAB- RJ

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Do jornal O Globo

05/03/2010 - A CPI da Venda de Sentenças, criada pela Assembleia Legislativa (Alerj), vai investigar se o administrador e estudante de Direito Eduardo Raschkovsky, acusado de oferecer blindagem jurídica em troca de propina, remeteu dinheiro para o exterior nos últimos anos. Em depoimento ontem, durante sessão da CPI, Raschkovsky negou ter contas em banco estrangeiro. Mas os integrantes da comissão já levantaram que, entre 1998 e 2002, ele teria feito pelo menos quatro remessas ao Royal Bank of Canadá, de Montreal, por intermédio de uma conta aberta no Uruguai por uma família de doleiros cariocas, os Davies.

"Não se faz no momento juízo se foi ou não uma operação ilegal. Mas a negativa dele sobre as remessas coloca sob suspeita todas as outras negativas de seu depoimento", disse o relator da CPI, deputado André Corrêa (PPS-RJ).

Raschkovsky figura na CPI como investigado pelas ligações com desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio, em especial Roberto Wider, afastado recentemente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) do cargo de corregedor-geral do TJ-RJ. Segundo os integrantes da CPI, vários políticos fluminenses denunciaram ter sofrido tentativas de extorsão de Raschkovsky, que se valia da condição de amigo de Wider, ex-presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio para cobrar dinheiro aos candidatos que tinham problemas na Justiça Eleitoral.

Por decisão da CPI, o sigilo bancário de Raschkovsky está quebrado. Enquanto aguarda chegada dos dados solicitados às instituições financeiras, a comissão vai pedir à Polícia Federal ajuda para rastrear as contas externas e outras informações a respeito do lobista. O presidente da CPI, Paulo Ramos (PDT), e Corrêa querem mais detalhes sobre uma planilha do banco de dados da Operação Farol da Colina, que reprimiu a ação de doleiros no país a partir de investigação no Paraná. Essa planilha cita o nome de Raschkovsky como beneficiário (uma vez) e referência (três vezes) em quatro remessas de dólares ao Canadá.

"Não fiz remessa alguma ao exterior. Zero", declarou ele, em depoimento no qual, por figurar como investigado, não precisou prestar juramento.

As quatro remessas somam um total de US$ 140 mil. Os dados, originalmente, foram obtidos pelos investigadores da Operação Farol da Colina com a colaboração da Promotoria Distrital de Nova York. Três remessas foram feitas pela conta General Star, aberta pelos doleiros da família Davies em Montevidéu.

A quarta se difere das demais por ter usado a conta Kiesser, também dos Davies no Uruguai. Esta mesma conta foi usada, na ocasião, para uma remessa de Vera Lúcia Teixeira dos Santos, então mulher do desembargador Roberto Wider, para um banco português.

Mulher de ex-corregedor era sócia de Raschkovsky Raschkovsky e os irmãos Davies eram sócios, junto com Marlene Carpena Amorim e outros sete investidores, na empresa de empreendimentos imobiliários Ocean Coast. Marlene é mulher de outro ex-corregedor de Justiça, o hoje desembargador aposentado Manoel Carpena Amorim. Inquérito concluído pela Polícia Federal do Rio apontou Carpena como responsável por contas ilegais no exterior.

No depoimento, Raschkovsky admitiu que convidou Raul Davies, vizinho seu em condomínio de Itaipava, bem como Marlene Carpena para fazer parte do empreendimento.

Diante das seguidas negativas de Raschkovsky, Ramos declarou já ter convicção de que o lobista vendia blindagem eleitoral, restando agora juntar todas as provas. Para o deputado, o lobista se favoreceu da condição de investigado, obtida por habeas corpus, para não dizer a verdade em seu depoimento.

"Ele tinha o direito de não responder, de não produzir provas, de omitir e até de negar a verdade. Vamos ver agora se conseguiremos ter o depoimento dos políticos que o empresário teria tentado extorquir", disse o parlamentar, acrescentando que a CPI tem convicção de fatos que Raschkovsky nega.

O lobista afirmou que nunca esteve reunido com políticos, que apenas conhece Wider. Disse que o desembargador esteve em sua casa algumas vezes, mas frisou que não é seu amigo.

Acrescentou que a família de sua mulher é da área jurídica, o que justificaria sua convivência com juízes e desembargadores. Com relação à classe política, disse não ter contato com ninguém. Também afirmou que era impossível fazer "blindagem política" ou conseguir vender sentenças judiciais porque isso representaria ter influência desde a primeira instância aos tribunais superiores, em Brasília.

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1 Comentários

Ana Ribeiro empresária-12/12/2010 16:56 Responder

Acho que esse país não tem jeito, em se tratando de crimes do colarinho branco, tudo, sempre ficará impune, porque a blindagem desses canalhas vem de cima!Agora, se um pobre roubar um pão para matar a fome de um filho, com certeza vai parar na cadeia! \\\"Minto, logo existo\\\"

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