Corregedoria cria grupo para investigar policiais ligados à facção

Equipe Corregedora de Combate a Facções Criminosas apura cooptações

Fonte: G1

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A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo criou nesta terça-feira (22) uma equipe especializada para investigar policiais civis suspeitos de envolvimento com a facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas. Portaria com a criação da Equipe Corregedora de Combate a Facções Criminosas (Ecofac) foi publicada nesta terça no Diário Oficial do Estado de São Paulo.


O governo de São Paulo já havia anunciado, há uma semana, a criação de uma força-tarefa entre policias, secretarias e Ministério Público para investigar agentes. No mesmo dia, a Corregedoria da Polícia Militar prendeu administrativamente o 1° tenente da PM Guilherme William Pacheco da Silva, de 36 anos, por suspeita de associação e envolvimento com a facção que atua dentro e fora dos presídios paulistas.


As medidas são reações do governo a descobertas feitas na megainvestigação do Ministério Público sobre a facção. Além de apontar como age a quadrilha e denunciar 175 criminosos à Justiça, promotores descobriram que policiais civis e militares se associavam aos traficantes desde no transporte de drogas até na libertação de presos.


“Posso dizer que já estamos investigando policiais envolvidos com facção”, disse ao G1 delegado Nestor Sampaio Penteado Filho, corregedor-geral da Polícia Civil. Ele, no entanto, alegou questões de segurança para não divulgar quantos inquéritos ou policiais suspeitos estão sendo investigados. Ao menos 18 casos já são conhecidos.


De acordo com o corregedor, a sugestão para a criação do Ecofac foi do secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira. “A ideia principal, conforme orientação do secretário, é a de investigar policiais civis envolvidos com facção ou cooptados por facção criminosa”, afirmou Penteado Filho. "A equipe especializada vai centralizar essas apurações".


Foco na Polícia Civil

Segundo o DO, a finalidade da Ecofac, que terá aproximadamente 20 profissionais, será a de “implementar, de forma especializada ao controle interno da Policia Civil, medidas preventivas e repressivas em face do crime organizado e sua atuação por meio de facção criminosa”.


A partir do documento, a “facção criminosa tem buscado, dentre outras infrações penais, corromper as forças de segurança e comprometer atividade de prevenção especializada e de investigação criminal do Estado.”


Além disso, aponta que há a “necessidade de serem estabelecidos melhores mecanismos para prevenir e combater a possibilidade de cooptação de agentes públicos dos órgãos de segurança por facção criminosa, em face do poder econômico e da violência de sua atuação”, de acordo com a publicação.


O texto a respeito do Ecofac informa ainda que “a atuação de facção criminosa contra os órgãos de segurança do Estado demanda ser combatida no âmbito do controle interno, também, com o uso da inteligência nos níveis estratégico, tático e operacional, incluindo medidas de contrainteligência para prevenção e identificação de eventuais infiltrações criminosas”.


A megainvestigação


As escutas que basearam a investigação do Ministério Público foram obtidas após três anos de investigações. Elas monitoraram a quadrilha que age a partir dos presídios e apontaram que a facção controla 90% dos presídios de São Paulo.


A partir dos dados levantados, os promotores denunciaram 175 acusados à Justiça e pediram o isolamento dos 35 principais chefes do bando no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Todos os pedidos foram negados. O Ministério Público já entrou com recurso.


Além da denúncia enviada à Justiça, os promotores prepararam dois volumes de documentos para o governo do estado sobre a corrupção de agentes públicos. Um dos volumes contém os casos de corrupção envolvendo policiais civis e outro os casos de policiais militares.


Policiais se associam ao tráfico


As gravações telefônicas autorizadas pela Justiça mostram policiais colaborando com traficantes de drogas da facção em troca de propina. Em uma das interceptações telefônicas feitas em celulares, um criminoso que está nas ruas pergunta a um policial militar qual o valor da propina para soltar uma traficante presa na capital. Em outra conversa, um PM oferece ajuda para transportar a droga usando motos da própria corporação.


Segundo a Promotoria, escutas telefônicas revelaram ainda que policiais civis estão envolvidos diretamente com os criminosos. Numa das interceptações, traficantes disseram ter pago R$ 100 mil a policiais de Santo André, no ABC, para terem a droga liberada e não serem presos.


Em outra ligação, dois criminosos falam sobre subornar policiais civis do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) para se livrar do registro de crimes em boletins de ocorrência.


Há ainda outra gravação que revela como os criminosos fazem para manter os policiais militares longe do ponto de venda de drogas, como mostrou o Jornal da Globo na segunda-feira (14). "O cara não entra na loja [ponto de venda] não, irmão, porque as ideia [acerto] que tem aqui é antiga, é com o tenente mesmo direto", afirma um traficante conhecido como Boy. No relatório da investigação do Ministério Público, não há referências à identidade do tenente citado.

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