Começa julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá

Júri teve início às 14h17 no Fórum de Santana, Zona Norte de SP. Casal, que responde pela morte de Isabella, se diz inocente.

Fonte: G1

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Teve início às 14h17 desta segunda-feira (22), com atraso, o júri do casal Nardoni, acusado da morte de Isabella em 29 de março de 2008.

Segundo o Tribunal de Justiça, neste horário era feito o sorteio dos jurados.

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá podem ser julgados por até cinco dias, segundo expectativa do juiz Maurício Fossen, que irá coordenar o júri e anunciar a sentença.

Ao todo, 23 testemunhas foram arroladas para serem ouvidas pela acusação e pela defesa.

Alexandre Nardoni chega ao júri com 31 anos, e sua mulher, Anna Carolina Jatobá, com 26 anos. Os dois ficaram presos preventivamente por quase dois anos em Tremembé, a 147 km da capital, à espera deste julgamento. Ambos se dizem inocentes: haviam dito que um ladrão entrou no apartamento do casal e assassinou Isabella. O advogado dos réus, Roberto Podval, chegou também a aventar a possibilidade de levar aos jurados a tese de um acidente doméstico ter ocorrido no quarto onde Isabella dormia. A hipótese era ele ter caído sozinha da janela.

Para o promotor Francisco Cembranelli, a investigação da Polícia Civil e as provas técnicas dos peritos do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal indicam Alexandre e Jatobá como culpados.

Para a acusação, o casal discutiu no carro, a caminho do apartamento onde se deu o crime. Em seguida, a madrasta de Isabella agrediu a menina de 5 anos com uma chave, causando um corte na testa. O sangue foi estancado com uma fralda. Ainda segundo a Promotoria, ao chegar no prédio, Alexandre atirou a filha no chão do corredor, provocando traumas na bacia e no punho direito dela. Depois, Jatobá tentou esganá-la: apertou seu pescoço até asfixiá-la. Alexandre cortou a tela de proteção da janela do quarto dos filhos Pietro e Cauã, e largou Isabella do sexto andar, uma queda de 20 metros de altura.

O casal Nardoni é acusado de homicídio doloso (quando há intenção de matar) triplamente qualificado por motivo cruel (asfixia), recurso que impossibilitou a defesa da vítima (jogá-la inconsciente da janela) e assegurar impunidade de outro crime (agressão e esganadura). Caso sejam condenados, a pena para Alexandre e Jatobá poderá variar de 12 a 30 anos de prisão. Alexandre pode ter uma pena maior porque é acusado de matar um descendente: a filha Isabella.

O advogado do casal terá a companhia da advogada e perita Rose Soglio, que também poderá fazer perguntas às testemunhas. O objetivo da defesa será o de desqualificar o trabalho feito pela investigação policial e pela perícia. Para isso, pretende levar aos jurados a tela de proteção, a faca e a tesoura que podem ter sido utilizadas para cortá-la, as roupas e sapatos do casal, e a fralda que pode ter estancado o sangue de Isabella.

Além dessas peças, a defesa quer demonstrar que o luminol (líquido usado para detectar substâncias hematóidicas) não é tão eficaz como os peritos afirmaram ser. Para comprovar isso, sangue, frutas com betacaroteno, suco de cenoura etc serão submetidos ao teste. A ideia é mostrar que o luminol reage e produz os mesmos resultados para todos esses materiais. Ou seja, trata-os como sangue.

Maquete e filme

Cembranelli vai contar com a presença da advogada Cristina Christo, que será a assistente da acusação. Ela vai levar ao plenário o médico perito João Baptista Optiz Júnior para auxiliá-la na interpretação das provas técnicas. Os três vão sustentar que Alexandre e Jatobá mataram Isabella. Para isso, vão apresentar aos jurados um vídeo feito pelo IC de como o crime pode ter ocorrido, além de uma maquete do prédio de onde Isabella caiu.

Pelo menos sete pontos da investigação policial e do trabalho da perícia foram cruciais para incriminar o casal, segundo o Ministério Público. São eles: o ciúme de Jatobá, sangue no carro, sangue na fralda, a marca da tela de proteção na camiseta de Alexandre, a pegada dele no lençol, causa da morte por asfixia e politraumatismo e o tempo para ocorrer o crime (veja quadro abaixo).

Sangue no carro e na fralda

O sangue encontrado no carro também foi determinante para incriminar o casal. Os peritos do Instituto de Criminalística indicaram que Isabella foi agredida no carro por Anna Carolina Jatobá. A madrasta é acusada de usar uma chave para causar um ferimento na testa da menina e provocar sangramento. Apesar da divergência entre os núcleos do IC sobre o sangue achado, a Promotoria entende que o material é de Isabella.

Podval contesta. Ele afirma que o Ceap (Centro de Exames, Análises e Pesquisas) do IC não soube dizer de quem é o sangue.

Para a acusação, uma fralda também foi usada para esconder o ferimento em Isabella e estancar o sangue na testa da menina no trajeto do carro ao apartamento do casal. Segundo a defesa, houve falha no exame de sangue na fralda para constatar que ele é de Isabella.

Marca na camiseta e pegada no lençol

A camiseta de Alexandre ficou marcada pela tela de proteção da janela porque ele se escorou para jogar a menina de lá, segundo a perícia. Pegadas correspondentes ao solado do chinelo que Alexandre usava no dia do crime também foram achadas nos lençóis das camas dos irmãos de Isabella, de acordo com o IC.

Podval alega que ele se debruçou sobre a rede após notar que ela estava cortada e perceber que filha havia sumido da cama. E que subiu na cama pelo mesmo motivo.

Causa da morte e tempo do crime

O atestado de óbito aponta asfixia e politraumatismo como causas da morte de Isabella, segundo o Instituto Médico Legal. Mas a defesa coloca em dúvida o documento do IML porque o certificado de óbito indicava causa indeterminada.

A Promotoria informa que o crime contra Isabella ocorreu num período de 12 minutos e 26 segundos. Esse foi o tempo que o motor do carro dos Nardoni foi desligado e o pedido de socorro acabou feito por telefone.

Os advogados do casal, no entanto, sustentam que um ladrão invadiu o prédio e matou Isabella, mas varredura feita pela Polícia Militar e investigação da Polícia Civil e trabalho dos peritos não encontraram nenhum vestígio de terceira pessoa dentro do apartamento. Para a perícia, também não houve tempo hábil para um ladrão invadir o apartamento, esganar Isabella, cortar a tela de proteção, jogar a menina e fugir.

O advogado Roberto Podval contesta a varredura da PM feita no prédio. Isso porque ela foi comandada por um policial (tenente Fernando Neves) que se suicidou meses depois ao ser investigado por pedofilia. Outra tese aventada pela defesa, mas um pouco remota, é a possibilidade de a menina ter sofrido um acidente doméstico e caído sozinha da janela do sexto andar. O advogado chegou a afirmar que talvez nunca se saiba quem realmente matou Isabella.

Palavras-chave: júri

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