Atheniense quer denominar de juiz todo magistrado brasileiro

Fonte: Conselho Federal da OAB

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O vice-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Aristóteles Atheniense, lançou uma proposta polêmica: quer unificar o tratamento para os membros do Judiciário. Hoje chamados ministros, no caso de Tribunais superiores; desembargadores, em casos de tribunais de segundo grau, todos passariam a ser denominados de juízes, independentemente da hierarquia judiciária. Para o vice-presidente da OAB, a nomenclatura para diferenciar os magistrados brasileiros, conforme a instância em que atua, é anacrônica e precisa acabar. ?Nos Estados Unidos, todos os magistrados, do primeiro grau á Suprema Corte, são denominados juízes, não há diferenças?, lembra Atheniense.

A seguir, a íntegra da entrevista concedida pelo vice-presidente nacional da OAB, Aristóteles Atheniense, que participa da XIX Conferência Nacional da OAB em Florianópolis:

P ? O senhor está propondo a unificação do tratamento que deve ser dado ao magistrado,unificando todos par juiz. Qual a razão dessa proposta
R - Eu sempre disse e vou repetir aqui, agora. A denominação para os membros do Judiciário é do século passado, talvez até de 1700. A história registra que quando Tiradentes foi condenado, o foi pelo Tribunal de Alçada. E até pouco tempo nós ainda tínhamos a expressão ?Tribunal de Alçada? em alguns Estados da Federação, o que demonstra muito bem que o sistema de denominação que se usa no Judiciário é completamente ultrapassado. Veja bem, a expressão ?desembargador?, de onde vem? Originariamente, o desembargador era aquele que julgava os embargos. E os embargos são aquela figura que hoje nós temos, no Código de Processo Civil, a ação de embargos, embargos da execução etc.

P - Nos Estados Unidos não existe essa variação de tratamento conforme a instância, todos são juízes, não é mesmo?.
R - Exatamente. Não me parece correto ficar usando esses termos no Brasil, o mais correto seria o sistema que é usado nos Estados Unidos: todos são juizes, todos são judge. O presidente da Suprema Corte nos EUA é um juiz e não ministro ou desembargador, termos que não existem no Judiciário de lá. Então, essas coisas, essa mentalidade quinhentista precisa acabar no Brasil. Eu tenho conversado com vários juizes e alguns - aqueles que têm, assim, a consciência maior desse problema -, são radicalmente contra.

P - Quer dizer que o Brasil está atrasado e até na contramão nesse caso?
R - Isso mesmo. Recentemente, houve aquela modificação, na Justiça Federal e na Justiça do Trabalho. Os membros dos Tribunais de segunda instância eram chamados juízes e passaram a ser chamados desembargadores ? desembargador federal, desembargador trabalhista. Entendo que ninguém vai ser menos juiz se for chamado apenas de juiz. A força não decorre da denominação do cargo, mas da atuação no cargo. Então, todas as vezes que tenho me manifestado sobre isso, eu sempre externo a minha estranheza em relação a isso. Acredito que com o tempo, à medida que novas gerações vão surgindo na magistratura, evidentemente que isso está fadado a acabar. Pelo menos, é o que espero.

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3 Comentários

Ezequias Viana de Moura Aposentado Banespa/Advogado29/09/2005 10:47 Responder

Sou a favor da proposta do Atheniense. Todos são juizes e devem agir como tal, agindo com ética e justiça em suas decisões. Devemos sim, proibir a mídia de tratar como "Juiz" os árbitros das diversas modalidades esportivas.

jose roberto balestra advogado29/09/2005 12:34 Responder

Toda nova idéia deve ser recebida e debatida. Todavia, para isso é necessário que ela tenha efetivamente algum sentido prático. ¿Qual a diferença que faz um MAGISTRADO ser chamado de JUIZ em quaisquer das instâncias? Com sua riqueza em sinonímia restrita, o vernáculo pátrio nos informa que os substantivos MAGISTRADO, DESEMBARGADOR, MINISTRO e JUIZ são apenas e tão-somente sinônimos, nada mais. Sugiro que nós, advogados de trincheira, gastemos energia pela manutenção de nossas prerrogativas constitucionais obtidas através de grandes lutas históricas, encabeçadas por muitos guerreiros que já voltaram a integrar a GRANDE ENERGIA UNIVÉRSICA. Essas prerrogativas estão pouco a pouco se esvaindo qual torneira mal fechada... uma hora dessas nossa "caixa de direitos" vai secar, e aí o sofrimento será de todos os advogados... Recente manifestação dos Magistrados nacionais mostrou a união nacional da classe contra a retirada de uma prerrogativa, e a mantiveram. Contudo, nossa entidade de classe não tem sido igualmente feliz... há uma preocupação em manter-se a cultura do “arquipélago” que, a meu ver, todos somos. Que não necessitemos de algum “tsunami” na classe para que acordemos para a consciência de solidariedade. É de sabença geral da classe que muitos colegas sofrem agruras pessoais inimaginadas, porém, vige a inércia dos que podem fazer alguma coisa... É simplesmente triste essa constatação...

Luiz Gonçalves comerciante29/09/2005 12:55 Responder

Na atual situação que o país se encontra é lamentável ver a OAB se preocupando em dar nome aos bois. Tanta coisa importante para se discutir. E a OAB querendo discutir Direito comparado sem relevância alguma. Nós poupemos disso.

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