Assembleia de SP vai recorrer de suspensão de auxilío-paletó

Justiça mandou cancelar pagamento da verba, de R$ 40 mil por ano. Vara da Fazenda Pública obriga fim do benefício por 'ofender' a Constituição

Fonte: G1

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O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado Barros Munhoz (PSDB), disse nesta quinta-feira (17) que recorrerá da decisão da Justiça que determinou a suspensão do auxílio-paletó aos deputados. Cada um dos 94 parlamentares recebia R$ 40 mil por ano para comprar itens de vestuário para o trabalho, como sapatos, gravatas e paletós.


“Tem coisas muito imorais em outras instituições do país que no Legislativo. Essa é legal, é clara, é transparente. Obviamente que não há nada de errado no pagamento”, afirmou o deputado. A verba é paga em duas parcelas anuais. Por ano, o estado de São Paulo gasta cerca de R$ 4 milhões com o benefício.


A decisão do juiz Luis Fernando Camargo de Barros Vidal, da 3ª Vara da Fazenda Pública da capital, foi dada no dia 10. O pedido à Justiça para cancelar a ajuda de custo foi feito pelo Ministério Público, que entrou com uma ação civil pública.


“A norma excede os limites impostos pela Constituição, posto que não observa o regime dos subsídios nelas previsto, na medida em que acresce duas parcelas às ordinárias”, informa o juiz na decisão. No entendimento do magistrado, o artigo 88 do regimento interno da assembleia, que permite o auxílio-paletó, “ofende os preceitos da Constituição e não pode prevalecer”.


A Promotoria sustenta que a verba, além de “absolutamente indevida”, seria “lesiva ao patrimônio público” e “flagrantemente atentatória ao princípio da moralidade". Por esses motivos, os promotores solicitaram o corte imediato dela por considerá-la inconstitucional. A ação questiona o artigo 1º da Lei Estadual 11.328/02 e os parágrafos 2º a 4º do artigo 88 do regimento interno da assembleia, que garantem a concessão do “auxílio-paletó”. “Não tem qualquer causa que justifique o pagamento dessa verba. Ela é absolutamente inconstitucional e imoral também”, afirmou o promotor Saad Mazloum.


Em sua defesa, a Assembleia Legislativa de São Paulo alegava que a ajuda de custo é constitucional, porque é paga em conformidade com o modelo de remuneração federal, que foi criado por decreto legislativo. Além disso, o pagamento se ampara numa lei estadual e no regimento interno, no entendimento da assembleia.


O salário de um deputado estadual, sem acréscimos, com o auxílio-paletó e verba de gabinete, é de R$ 21 mil.

Palavras-chave: Assembleia; Suspensão; Auxílio-paletó; Justiça; São Paulo

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3 Comentários

José Robson Bacharel em Direito - Mato Grosso18/11/2011 14:08 Responder

Existem coisas que mesmo sendo legais, são imorais caro Deputado. Mas o pior de tudo, é constatarmos que alguns de nossos líderes políticos pensam como este indivíduo, que, por entender não ferir a lei, se acha no direito de direcionar o erário público para benefícios particulares tão levianos. Se ao menos usassem uniformes padronizados e obrigatórios. Francamente. São administradores como esse cidadão que emperram o desenvolvimento do Brasil com distribuição de riquezas. E se a Assembléia de SP seguir com esse recurso, será motivo de vergonha nacional aos cidadãos mais sensatos.

José Antonio Voltarelli advogado20/11/2011 17:23 Responder

Sinceramente, existem certas normas que não chegam ao conhecimento da sociedade, como essa de auxílio paletó, que absurdo, 40 mil reais por ano para comprar têrnos, sapatos, gravatas, como fica o cidadão comum que precisa comprar vestimentas adequadas para seu trabalho, isso é uma afronta. Como disse Rui Barbosa: DE TANTO VER TRIUNFAR AS NULIDADES ; DE TANTO VER PROSPERAR A DESONRA ; DE TANTO VER CRESCER A INJUSTIÇA ; DE TANTO VER AGIGANTAR-SE OS PODERES NAS MÃOS DOS MAUS ; O HOMEM CHEGA A DESANIMAR DA VIRTUDE ; RIR-SE DA HONRA E TER VERGONHA DE SER HONESTO. Infelismente, atualmente, essa é a realidade dos honestos nesse País, a ponto do HOMEM TER VERGONHA DE SER HONESTO, OU SEJA, HONESTIDADE NESSE PAIS É SINOMIMO DE IDIOTA.

Mel Oliveira Advogada21/11/2011 20:05 Responder

Francamente. Pior do que receber a verba e tentar justificá-la. Como o colega José Antônio Voltarelli comentou, certas normas não chegam ao conhecimento da sociedade, mas é bom que a sociedade veja: \\\" esse é o trabalho realizado pelos senhores deputados estaduais\\\" eleitos com o voto de cada um. Eles mesmos criam, deliberam e aprovam essas \\\"leis\\\", e depois ainda tem a coragem de dizer que estão amparados pela Lei. Que lei? Além de suspender o auxílio, deveriam obrigá-los a devolver o que foi recebido. Será que os doutos deputados conhecem os princípios que norteiam a Adm. Pública. As inicias formam um acrônimo bem sugestivo LIMPE. Mesmo que seja legal, o que discordo, é IMORAL.

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