Antônio & Cleópatra - A tragédia do Império Romano no Egito
Uma tragédia romântica que aponta para a relação do Império Romano e o Egito. Onde se pode observar o imperialismo e suas mazelas. No artigo, aproveitamos para abordar quando o Brasil deixou de ser Colônia de Portugal e, se tornou independente em 1822.
The
Tragedy of Antony and Cleópatra ou A tragédia de Antônio e
Cleópatra é mais uma peça teatral escrita por William Shakespeare, pertencente
ao gênero de tragédia histórica ou épica. A peça é composta de cinco anos
repletos de intrigas políticas misturadas
com
ardentes declarações de amor, onde está presente toda a genialidade monumental
do bardo.
Foi
produzida em 1607, quando seu autor se encontrava em plena fase madura e plena.
Novamente, enfoca a relação entre um militar romano Marco Antônio e Cleópatra, a
famosa rainha do Egito.
Enfim,
a dupla sonhava com a constituição de grandioso império no Oriente, porém esse
ambicioso plano é interrompido.
A
pretexto da morte de sua esposa, chamada Fúlvia, de Marco Antônio, que viva no
Egito com a amante. Então é chamado de volta a Roma, em verdade, por motivos
políticos.
E, se
vê obrigado a casar-se com Otávia, a irmã de Otávio Augusto, um dos líderes do
Império Romano que usa tal matrimônio como estratégia para manter Marco Antônio
mais próximo do governo romano.
Assim
que tomou conhecimento da união, Cleópatra envia a Roma a falsa notícia de que
cometera suicídio[1]
e, Marco Antônio apaixonado e desiludido, põe fim à própria vida. A rainha,
logo que soube, encomenda com seus servos, a víbora que lhe destilaria o veneno
letal.
Conclui-se
que Antônio e Cleópatra não é apenas uma obra que traz a lume informações sobre
romance antigo, é relevante por esclarecer momentos cruciais no decorrer da
história, pois trouxe, por exemplo, uma breve descrição do contexto das Guerras
Púnicas[2], o governo de Júlio César
e, também a ascensão de Otaviano. Cleópatra
foi rainha inteligente e culta, e vige uma versão que é, no mínimo, caricata
tendo em vista o tempo em que viveu.
Ela
muitas vezes é enfocada como uma das femmes fatales, pois distraiu Júlio
César com suas possíveis ideias de uma monarquia e por ter dominado e humilhado
Antônio. Criou-se a imagem de uma rainha sedutora, cujo corpo se constitui como
meio de exercer política, e muito influenciado por Plutarco, Shakespeare
discutiu a sedução como arma política de Cleópatra.
César
foi o primeiro amor e, a história deu a Antônio uma segunda posição, mas sua
característica segundo o bardo é ser sequaz. Igualmente é visto como homem que
deveria ter ganhado tudo o que o Antônio não era bom o bastante para estar ao
lado de uma das, mais ambiciosas mulheres de toda Antiguidade.
A
grande maioria de biógrafos[3] destacou que a musa
egípcia era, em realidade, uma mulher grega. E, afirmam ainda que foi o grego
sua primeira língua, a que foi educada e letrada a partir da cultura helênica.
Daí,
sua essência grega não sustenta pois, existem outros biógrafos que afirmam que
no tempo em que viveu não foi o mesmo quando ocorreu o ápice da cultura
ateniense no século V antes de Cristo. É possível afirmar que se realmente existiu
uma batalha digna de nota, em algum período de vida de Cleópatra[4], não foi sobre o Oriente e
Ocidente, mas sim, entre grego e romano.
Apesar
de seu deslumbre e poder sedutor a poderosa rainha do Egito em comparação com
Antônio, que era muito mais influente e importante que ela. O autor buscou
desviar-se do senso comum de que ele sempre fora subordinado à César, e que
sempre manteve em segundo lugar.
Afinal,
Antônio não foi um general especialmente bom, embora fosse um líder
eventualmente popular. Grande parte de suas experiências advieram de guerras
civis e, sua carreira se deu mais pela boa sorte e as oportunidades raras que
foram dadas por uma república romana destruída e abalada pelas guerras civis.
As
famílias aristocráticas de Roma sempre convidavam testemunhas para o nascimento
de um novo membro familiar, e também usavam o casamento como um meio de
estreitar e criar laços políticos. Júlia que era a mãe de Antônio garantiu que
ele e seus irmãos soubessem que eram herdeiros de aristocratas, enfatizando
sempre a virtude pessoal.
Roma
havia se tornado uma das maiores potências naquele tempo devido seu respeito e
culto aos deuses, o bom comportamento, a coragem, sua aristocracia e acima de
tudo isso, os ancestrais do filho homem. Antônio cresceu com expectativas de
que seria igual ou melhor que seus antepassados, e nascer numa família
senatorial fazia da criança um indivíduo especial.
Como
dito anteriormente, na Roma antiga, era comum que as famílias aristocratas
arranjassem casamentos para a criação ou estreitamento de laços políticos.
Em 57
a.C., Aulo Gabínio[5]
foi nomeado procônsul da província da Síria e convidou Antônio para participar
de sua equipe, e essa pode ser considerada a primeira nomeação pública de
Antônio. Apesar de não ter nenhuma experiência na carreira militar, nem com
responsabilidades muito grandes, visto que tinha fama de beberrão, recusou a
oferta de Gabínio e exigiu e angariou o comando de uma parte da Cavalaria do
exército dele. Mesmo inexperiente, Antônio possuía uma excelente forma física e
era bem treinado com armas, e em toda sua carreira, ninguém nunca duvidou de
sua coragem e capacidade física.
Já em
53 a.C. retornou a Roma e se candidatou ao questorado, apesar de ser a
magistratura de mais baixo status político, o eleito era automaticamente
registrado como senador. Sabendo de sua candidatura, César enviou cartas
apoiando Antônio e também o apoiou financeiramente. Antônio foi eleito questor
pela Comitia Tributa, um encontro entre os 35 (trinta e cinco) clãs de cidadãos
Romanos, e esse foi o marco inicial para sua carreira pública.
Após o assassinato de César, Antônio deixou
Roma pois sua posição teria se fragilizado com a morte dele. A revolta em Roma
culminou na criação do Segundo Triunvirato[6] em 43 a.C., composto por
Lépido, Antônio e Otaviano, onde os três possuíam poderes iguais. Então,
Antônio encontra Cleópatra em Tarso para obter o apoio da Rainha. Esse encontro
pode ser considerado o que marcou Antônio, fazendo-o passar o inverno de 41-40
a.C. em Alexandria junto de sua amante Cleópatra, resultando no nascimento de
duas crianças que seriam herdeiros.
Para
certificar a lealdade, Otaviano arranjou o casamento de Antônio com sua irmã
Otávia, e para evitar múrmuros do povo, aceita a proposta e acaba provocando,
mesmo sem intenção, a ira de Cleópatra. Em 37-36 a.C., Antônio passa por
Alexandria a caminho da guerra contra os Partos, e acaba se encontrando com
Cleópatra e decide fazer de Alexandria seu mais novo lar, se casando com a
rainha do Egito mesmo já sendo casado com Otávia.
Otaviano
influenciou o senado alegando perigos na relação entre Marco Antônio e uma
rainha estrangeira, e fingindo-se afetado pela traição de Antônio à sua irmã,
declara que os dois são inimigos de Roma. Influenciado por Cleópatra, Marco
Antônio declara guerra política a Otaviano. Após mentiras e alguns ataques, em
32 a.C. estava claro que Antônio havia perdido a essa batalha e só ganharia
caso enfrentasse o exército e as frotas de Otaviano.
Em
resumo, após os ataques e guerras, Antônio e Cleópatra tiveram seu fim como
figuras políticas e amantes.
Enfim,
o “crochê” entre política e paixão entrelaçou muitos fatos relevantes. Um
dependida do outo para sobreviver a república falida de Roma e a Corte
ptolemaica. E, ambos possuíam genuína vontade de governar e defender seus próprios
interesses a qualquer custo.
E, no
fundo, a realidade é feita e a real história não pode ser mesmo contada nas
peças teatrais, tratando sobre vidas que foram vividas animadamente numa era
onde o mundo transbordava em profundas transformações.
Quando
o bardo escreveu a peça teatral em comento afastou-se da ideia clássica de
tragédia. Diferentemente de Macbeth onde seu foco era o assassino e sua esposa,
Antônio e Cleópatra move-se para trás e para frente através do Mediterrâneo em seu
exame de personagens e eventos, unidos os destinos de Pompeu, Otávio César,
Otávia e Lépido, com aqueles dos protagonistas.
De
fato, é como se Shakespeare decidisse mostrar, no auge de sua carreira, que
poderia dispensar inteiramente das “regras” clássicas, que nunca se mantiveram
seriamente no palco popular Inglês de qualquer forma. O desprezo das unidades é
tão extremo que John Dryden, em seu Tudo por Amor, ou O Mundo Bem Perdido
(1678), em vez de revisar Shakespeare, retomou novamente o mesmo tema.
A peça
de Dryden está restrita às últimas poucas horas das vidas dos protagonistas, no
túmulo de Cleópatra em Alexandria, com um elenco severamente limitado e muito
da narrativa revelada pelas recordações. Apesar de ser uma realização
substancial por direito próprio, “Tudo por Amor” certamente demonstra que
Shakespeare sabia o que estava fazendo, pois Dryden cortou muito do panorama, o
excitamento e a “variedade infinita”.
O
bardo afasta-se do sombrio de suas tragédias sobre o mal. Ele cria, em vez
disso, um mundo que comporta afinidades com os conflitos ambíguos das outas
peças romanas, das várias perspectivas humorísticas das cometidas, até as
reconstruções criativas dos romanos posteriores.
Como
protagonistas, Antônio e Cleópatra falta estatura trágica, ou assim parece à
primeira vista, ela é uma amarelada cigana sedutora e ele o bobo de uma
meretriz. Várias cenas, especialmente, as que acontecem no Egito são cômicas e
indecentes.
O
ponto de vista Romano abre a peça e nunca perde sua força inteiramente. Em
primeiro lugar, ele pode parecer superior do que o Egípcio. Demétrio e Filo,
que nos convidam a ver o primeiro encontro na peça de Antônio com Cleópatra, da
perspectiva de um soldado Romano profissional, lamentam o declínio de Antônio
na escravatura de Circe.
O
conceito trágico deles é o da Queda dos Príncipes, ainda mais sobriamente
edificante por causa da altura da qual Antônio tombou. “Repare bem, e poderá
ver nele / Um dos pilares do mundo transformado / Em bobo de rameira”.
O
Egito é encantador, mas claramente decadente – um agrupamento bizarro de
videntes, eunucos e acompanhantes que desejam “casar com três reis de manhã, e
ficar viúva de todos” (1.2.28-9). A hilaridade deles é pura obscenidade,
tingida de práticas, tais como o travestismo, que o costume Romano vê como
licencioso.
As
imagens que prevalecem são as de procriação de várias formas, sono (mandrágora,
Lete), a opulência oriental da barcaça de Cleópatra (de ouro a popa, as velas
púrpuras, de pratas os remos, hélices coloridas), banquete Epicureu e bebidas.
Como Enobarbo diz, “A minha, e a maior parte da nossa sorte para esta noite
será cairmos bêbados na cama.”
Na
guerra dos sexos, Cleópatra procura a dominância sobre Antônio, desde o início.
Tanto que quando Antônio veio a Rainha do Egito pela primeira vez, no Rio
Cidno, ele foi tão vencido e arrebatado em todos os sentidos que foi barbeado
dez vezes.
Enfim,
Cleópatra gaba-se por ter fisgado Antônio em diversas ocasiões, capturando-se
tal qual o pescador que engana o peixe.
César
afrontado pela devassidão, a causa Antônio, in litteris: "É menos
homem/ Do que a rainha, nem é Cleópatra/ Mais mulher do que ele". Durante
as cenas de batalha, os seguidores de Antônio reclamam que “Fotino, um eunuco”
(provavelmente Mardian), e as damas de companhia de Cleópatra controlam a
guerra: “Assim nossa líder lidera, / E nós somos homens de mulheres”.
Antônio
confessa muito tardiamente que eles estavam certos. Ele torna-se um “pato
tolo,” cujo coração está “preso pelas cordas” do leme do barco de Cleópatra
quando ele bate em retirada na primeira batalha naval.
Nas
imagens míticas utilizadas para elevar o seu relacionamento a proporções
heroicas, Antônio é como Marte para a Vênus de Cleópatra[7], em ambos sentidos
positivos e negativos. A imagem tem conotações positivas da maneira a qual,
como Milton coloca a questão, os “dois grandes sexos animam o mundo,” o soldado
hábil e sua atraente consorte complementando um ao outro em um bom
relacionamento de proeza marcial e beleza, bravura e amor, razão e vontade;
entretanto, para a Renascença, o mito de Marte e Vênus pode também ser lido em
um sentido destrutivo, como um relacionamento adúltero no qual a razão é
subvertida ao apetite.
Em
outra comparação mítica, Antônio é como Hércules, não em seu auge, mas com a
camisa de Nessus nas suas costas – uma camisa envenenada que a mulher de
Hércules lhe deu em uma esperança equivocada que desse modo asseguraria o amor
dele por ela. Os soldados de Antônio,
compreensivelmente, acreditam que o deus Hércules desertou seu renomado
descendente e outrora escolhido.
Cleópatra
é uma “mulher sem par”[8], cuja grandeza é elusiva e
ainda mais cativante porque muito misteriosa. Ela eleva-se perante sua
contraparte na fonte de Shakespeare, as Vidas dos Nobres Gregos e Romanos, de
Plutarco, onde ela é uma impressionante mulher régia, mas ainda,
essencialmente, uma sedutora que causará a lamentável queda do herói. A
Cleópatra de Shakespeare é assim, mas também algo indefinível que pode ser
alcançado somente através do paradoxo.
O seu
próprio caráter é a essência da contradição:
ela sabe como “ralhar, sorrir / Chorar”, ser sombria ou violenta, como
uma atriz habilidosa mantendo Antônio continuamente de guarda baixa.
Examinada
friamente, ela é uma mulher que não é mais jovem, que abusa dos mensageiros
como uma déspota oriental, que envia a Antônio um relatório falso sobre sua
morte ao temer por sua própria segurança, que não arriscaria deixar o seu
monumento mesmo quando Antônio permanece do lado de fora mortalmente ferido, e
que mente sobre sua riqueza quando capturada por César (o que ela planeja fazer
com aquela riqueza, de qualquer forma?).
Não
podemos ter certeza se “ela juntaria com César suas cartas” se pensasse ser ele
suscetível a seus charmes. Entretanto, não somos convidados a vê-la desapaixonada. Seu charme
é eterno, e também os mitos em torno deste charme.
Os
observadores[9]
que evocam seu esplendor não descrevem à sua pessoa diretamente, mas, em vez
disso, seus efeitos e imediações: Enobarbo diz simplesmente que “é uma mulher
mais que triunfal” e segue catalogando o gazebo de panos dourados e seus
atendentes que relembram sereias.
Sobretudo, ela é um paradoxo: ela faz uma imperfeita perfeição, a idade
não pode murchá-la, e “O que há de vil / Cai-lhe tão bem que até os sacerdotes
/ A abençoam quando é mais devassa.”.
Ela é uma prostituta e a Vênus de Lucrécio; promíscua e sagrada.
Antônio
e Cleópatra é uma peça intimidadora no palco, porque os personagens principais
assumem um caráter mítico que parece maior que a vida, maior que a própria
arte. Michael Goldman imagina o que aconteceria se, para um ator competindo
pelo papel de Antônio, lhe fosse instruído pelo diretor do elenco, “Agora,
fique ali e seja um triplo pilar do mundo.” Como um ator transmitiria o carisma de um
homem cujo próprio nome é lendário? O problema em interpretar Cleópatra é ainda
mais agudo e sensível.
"Os
meus fios de cabelo brigam entre si, pois os brancos reprovam os castanhos pela
imprudência, e estes recriminam aqueles por sentirem paixão e medo".
A
Rainha do Nilo é retratada pelo autor de forma excitante. Uma mulher com
vontades e desejos que mudam ao sabor dos ventos, que ao mesmo tempo que atrai
inúmeros amantes, os transforma em um bando de loucos enciumados.
Amante
dos banquetes regados à vinho e luxúria, logo conquistou Antônio e teve com ele
dois filhos: Alexandre Hélio e Cleópatra Selene. Não se admira que Antônio,
dono de meio mundo, logo dessa parte desse mundo para os filhos e para a
amante. E essa foi sua ruína. Logo que Roma soube, César aprontou-se para a
guerra e marchou contra o Egito.
Talvez
o fim seja de conhecimento de todos: o suicídio de Antônio e Cleópatra. A
história já o disse, mas Shakespeare usa sua genialidade para nos mostrar como.
E esse livro/peça cumpre com o objetivo. Cheio de diálogos curtos, porém
intensos, essa tragédia shakespeariana usa e abusa do jogo de palavras entre
política e paixão. Aliás, o que seria de uma sem a outra?
Cleópatra
era o “Sol dos homens”, todos a orbitavam. Amar Cleópatra era também a ruína
daquele que se aventurava. Qual é o poder de uma mulher? Desde Cleópatra
(talvez até antes) se coloca essa questão, e até hoje não há resposta
definitiva. O poder da mulher é incomensurável.
O
Império Romano viveu o Segundo Triúnviro entre 43 a.C. e 33 a.C., sob o comando
de Marco Antônio, Otávio César e Lépido. Este Triúnviro foi criado em um
momento de extrema crise do Império pois foi após o assassinato do Grande
Imperador Júlio César.
Porém
a marca que o Segundo Triúnviro deixou na história da humanidade foi uma
paixão. Marco Antônio, um dos melhores generais de Júlio César, ao visitar o
Egito viu a rainha Cleópatra e por ela se apaixonou perdidamente.
Shakespeare,
neste livro, retrata os derradeiros atos dessa paixão, que junto com política,
traição, ambição e luxúria marcaram a história de Roma.
Antônio e Cleópatra não são antagonistas declarados, primordialmente são amantes[10]. Segundo Girard, seja o eros e o ódio, sejam amantes ou inimigos, tudo se converte no mesmo modelo mimético: A política do desejo e a política do poder, no fundo, são a mesmíssima coisa.
Ao
exibir as juras de fidelidade de Créssida ao seu amante Tróilo e a posterior
quebra de seu juramento numa suposta entrega a Diomedes. Ora, este presente que
Créssida entrega a Diomedes – e que Tróilo assiste sem ser visto -, pode ser
interpretado, metaforicamente, como uma entrega no sentido sexual.
Sendo
esse gesto o único indicativo na peça da traição da protagonista. Shakespeare
frustra a expectativa do leitor. O ódio-eros de Tróilo se desloca agora para
Diomedes.
O amor
nada romântico da peça e uma guerra nada heroica fez Girard apontar a
existência do conflito mimético em seu estágio mais avançado. Essa crise Girard
nomeará de “crise de degree” e “trata-se, na verdade, de uma meditação
sobre o colapso violento da sociedade humana em geral, a destruição da ordem
cultural”.
“O
ciúme é um monstro de olhos verdes que zomba do alimento em que vive.” (William Shakespeare).
A cena
mais emblemática entre a rainha egípcia e o imperador romano é aquela em que
Cleópatra toma conhecimento do casamento que ocorre em Roma com a irmã de seu
maior rival, Otávio César. Ali, o cômico e o dramático se misturam, bem a gosto
da estilística shakespeariana, e nos parece ser o expoente máximo do conflito
que se encerra entre eles. Ao desejar matar o portador da notícia, Cleópatra
estava substituindo o verdadeiro culpado pela má notícia, o próprio Antônio[11].
A
presença do mensageiro, ao anunciar o casamento de Antônio, suscita já algumas
indagações. A histriônica explosão de ciúme (se seguirmos o pensamento de
Girard, a palavra mais apropriada seria “inveja” de Cleópatra por Otávia) por
Antônio é a confusão mesma do processo mimético. Otávia despertava tanto ciúme,
quanto Antônio despertava inveja.
Se em
relação a isso lembrarmos de que Cleópatra não conhecia Otávia para sentir por
ela inveja, as palavras de Girard nos ajudam a esclarecer justamente isso: “o
contexto mimético torna a aparência física irrelevante” (GIRARD, 2010).
A cena
logo abaixo sugere como nesse contexto tudo é absolutamente similar, isto é,
ciúme e inveja como peças do mesmo jogo: No drama[12] Antônio e Cleópatra, o
objeto desejado instabiliza até o momento o ponto de vista do leitor: ora é
Antônio desejado por Cleópatra, ora é César desejando ser Antônio.
E mais
desejado, nesse contexto, seria Marco Antônio, por ser desejado por uma rainha,
tendo em vista que, essas dinâmicas de ciúme que Cleópatra[13] despertava, apenas
adensariam a valoração do objeto.
Analisando
a relação de Roma e Egito, podemos observar fenômenos como o imperialismo e
colonialismo. É verdade que os conceitos de colonialismo e imperialismo são
frequentemente confusos, mas não são sinônimos.
É
verdade também que ambos são fenômenos políticos, militares e econômicos nos
quais uma nação submete a outa para explorá-la e usá-la a seu favor em seus
objetivos geoestratégicos, mas além, dessa semelhança, devemos distinguir entre
o que cada uma implica.
É
verdade que muitas pessoas e até países foram incapazes de gozar de soberania
para decidir sobre seu território. E, os interesses das potências estrangeiras
geralmente governam tudo o que acontece tanto na esfera pública como na privada.
Nem a força das armas nem os favores comprados com dinheiro conhecem
fronteiras.
O
imperialismo refere-se à supressão da soberania nacional da população de um
país, seja formal ou informalmente, em favor de outo, que domina o primeiro.
Já, o colonialismo pode ser entendido como forma de suprimir a soberania de uma
região e a favor de outra mais concreta que o imperialismo. Assim, o
colonialismo é fenômeno relativamente específico, enquanto que o imperialismo é
conceito mais amplo.
No
colonialismo, é evidente que há um país que domina o outro pela força, assim
como um sequestrador que domina seus reféns. Isso não impede que a nação
dominante tire vantagens da situação, porém não precisa dar a impressão de que
não dirige todos os eventos políticos e econômicos relevantes que ocorrem na
parte dominada.
No
imperialismo, pode acontecer que o país que explora o outro, siga estratégia
pela qual seu papel dominante é oculto, criando condições para parecer que o
país subjugado é soberano. Assim, as
decisões do governo local, embora, não estejam sujeitas ao que as autoridades
estrangeiras determinam, não contradiz diretamente a vontade do país dominante.
Onde
existe o colonialismo, vige a violência contra a população pode ser exercida
com relativa liberdade, sem ter que prestar contas à outas autoridades. Isso é
feito para suprimir eventuais revoltas populares nas colônias e para esclarecer
a superioridade militar da nação colonizadora sobre as colonizadas.
No
imperialismo não é essencial que o uso da repressão militar direta contra a
população seja usado para tornar eficaz a dominação. E, isso ocorre porque as ferramentas
que o país dominante pode usar para impor seus interesses são tão variadas que
ele pode optar por outras formas, tais como a propaganda. Em muitas ocasiões as
elites dominantes não são identificadas com os proprietários de capital vindos
do exterior.
Na
colonização, sempre há a chegada de colonos que chegam às terras ocupadas,
expulsando muitas vezes seus proprietários e habitantes, sem fazer compra.
Podem ser famílias cuja emigração pode ter sido promovida pela metrópole para
enfraquecer a influência de grupos étnicos nativos, ou pode ser uma minoria de
famílias limitadas a possuir os grandes recursos desse território. Além disso,
essas famílias vivem separadamente da população nativa, lidando apenas com
empregados.
No
imperialismo, a seu turno, essa forma de emigração não necessita de ocorrer e,
de fato, é frequente que os habitantes das terras subjugadas sejam forçados a
emigrar para a metrópole. Por outro lado, no imperialismo, o país dominado pode
ser estável o suficiente para que as famílias que controlam o território não
precisem se mudar para a área.
O
Brasil foi colônia foi o período compreendido entre os anos de 1500 até 1822,
quando Portugal colonizou as terras brasileiras. A referida colonização começou
realmente em 1530, logo após a crise do comércio com as especiarias, que era
atividade econômica preferida dos portugueses.
A
independência do Brasil foi o processo histórico de separação entre Brasil e
Portugal que se deu em 07 de setembro de 1822. E, assim, o Brasil passou a ser
nação independente. E, com esse evento, Dom Pedro I tornou-se imperador.
A
independência do Brasil aconteceu na medida em que a elite brasileira percebeu
que o desejo dos portugueses era restabelecer os laços coloniais. Quando a
relação ficou insustentável, o separatismo surgiu como opção política, e o
príncipe regente acabou sendo convencido a seguir esse caminho.
As
Cortes de Portugal tomaram medidas que foram impopulares aqui no Brasil, tais
como a exigência do retorno do príncipe regente e a instalação de mais tropas
no Rio de Janeiro. Além disso, a relação azedava também porque os portugueses
tratavam os representantes brasileiros que iam a Portugal para negociar com
desdém.
Quando
os portugueses exigiram o retorno do príncipe a Portugal, foi organizado um
movimento de resistência contra a medida. Dessa forma, foi criado aqui no
Brasil o Clube da Resistência, e o Senado brasileiro recebeu uma carta contendo
milhares de assinaturas que defendiam que príncipe ficasse aqui.
O
movimento que exigia a permanência de D. Pedro motivou-o a desafiar a ordem das
Cortes, e isso resultou no Dia do Fico, em 9 de janeiro de 1822. Na ocasião, d.
Pedro anunciou publicamente que permaneceria no Brasil. Apesar de uma forte
insatisfação, o separatismo ainda não era uma opção consolidada na cabeça dos
brasileiros.
A
relação entre Portugal e Brasil continuava ruim, e, em maio de 1822, foi
decretado o Cumpra-se, lei que determinava que as medidas aprovadas em Portugal
só valeriam no Brasil se d. Pedro aprovasse-as. A essa altura, a ideia de
separatismo já estava bastante propagada, tanto que, em junho, foi convocada
uma eleição para formação de uma Assembleia Constituinte.
A
declaração de independência foi recebida positivamente por muitos, mas não por
todos. As províncias do Pará, Bahia, Maranhão e da Cisplatina mantiveram-se
fiéis a Portugal, e isso deu início ao que conhecemos hoje como Guerra de
independência do Brasil[14], composta por conflitos
travados isoladamente em cada província e que se estenderam até 1824.
Todas
as províncias foram conquistadas pelas tropas brasileiras, e d. Pedro garantiu
o controle sobre todo o território brasileiro. Depois da derrota da resistência,
Portugal aceitou negociar o reconhecimento da independência brasileira via
mediação realizada pelos ingleses. Caso tenha maior interesse nesse assunto,
leia nosso texto: Guerra de independência do Brasil.
Dom
Pedro foi coroado imperador e nomeado como d. Pedro I em 1º de dezembro de
1822. Com isso, foi inaugurado o Primeiro Reinado (1822-1831). Outra
consequência da independência foi o endividamento do país, já que Portugal
cobrou dois milhões de libras do Brasil como indenização.
A
Constituição de 1824, outorgada em 25 de março de 1824, foi a primeira
Constituição do Brasil e foi elaborada para atender aos interesses do imperador
d. Pedro I em não ter os seus poderes limitados pelo Legislativo. Essa
Constituição foi elaborada por um pequeno conselho, depois que a Carta proposta
pela Constituinte havia sido rejeitada e dissolvida pelo imperador.
Assembleia
Constituinte que era composta por:
Partido
Português ou “conservadores”, que reuniam lusitanos e brasileiros. Defendiam a
monarquia centralizada, pouca autonomia provincial e manutenção de seus
privilégios econômicos e sociais.
Partido
Brasileiro ou "liberais", formado por brasileiros e portugueses.
Desejavam maior autonomia para as províncias, defendiam a monarquia
parlamentarista e a manutenção da escravidão.
Partido
Liberal-Radical – composto pelas camadas médias urbanas que advogavam pelo
liberalismo econômico e político. Alguns dos seus membros, inclusive, queriam a
implantação da república.
Para
conciliar estas três visões de Estado é preciso entender a atuação de José
Bonifácio, ministro dos Negócios Estrangeiros. Desde a independência, Bonifácio
buscava criar uma monarquia forte, constitucional e centralizada. Desta
maneira, se evitaria a fragmentação do país, como ocorreu na América Espanhola.
Igualmente, pretendia abolir o tráfico de escravizados e a escravidão.
Há
Constituições que são elaboradas por uma Assembleia Nacional Constituinte
democraticamente eleita. Neste caso, dizemos que a Carta Magna foi promulgada. Entretanto,
existem Constituições que são feitas por um grupo reduzido de pessoas. Desta
maneira, a Constituição foi outorgada, ou seja, imposta pelo Poder Executivo ao
país, como foi a Constituição de 1824.
Enumeramos
as características da Constituição de 1824, a saber:
O
regime de governo estabelecido foi a monarquia hereditária.
Existência
de quatro poderes: Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário e o
Poder Moderador (ocupado por Dom Pedro I).
O
Poder Moderador, exercido pelo imperador, lhe dava o direito de intervir nos
demais poderes, dissolver a assembleia legislativa, nomear senadores,
sancionava e vetava leis, nomeava ministros e magistrados, e os depunha.
Poder
Executivo: exercido pelo Imperador que, por sua vez, nomeava os presidentes de
províncias.
Poder
Legislativo: era composta pela Câmera dos Deputados e pelo Senado. Os deputados
eram eleitos por voto censitário e os senadores eram nomeados pelo Imperador.
Poder
Judiciário: os juízes eram nomeados pelo Imperador. O cargo era vitalício e só
podiam ser suspensos por sentença ou pelo próprio Imperador.
Direito
ao voto: para homens livres, maiores de 25 (vinte e cinco) anos, e renda anual
de mais de 100(cem) mil réis era permitido votar nas eleições primárias onde
eram escolhidos aqueles que votariam nos deputados e senadores.
Por
sua parte, para ser candidato nas eleições primárias, a renda subia a 200
(duzentos) mil reis e excluía os libertos. Por fim, os candidatos a deputados e
senadores deviam ter uma renda superior a 400 mil réis, serem brasileiros e
católicos.
Estabeleceu
o catolicismo como religião oficial do Brasil. No entanto, a Igreja ficou
subordinada ao Estado através do Padroado. Criação do Conselho de Estado,
composto por dez conselheiros escolhidos pelo imperador.
Convém,
sublinhar que o Brasil é considerado um Estado laico[15] desde de 1890, o que se
deu a partir do Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890 de autoria de Ruy
Barbosa, que estabeleceu a separação definitiva entre o Estado e a Igreja
Católica Romana no Brasil. Isto, no entanto, não significa afirmar que o Estado
é ateu ou agnóstico.
A
capital do Brasil independente era o Rio de Janeiro que não estava submetida à
Província do Rio de Janeiro. Esta tinha sua capital na cidade de Niterói[16].
A Constituição do Império do Brasil de 1824 foi de grande importância para a consolidação da independência do país e no provimento da unidade nacional. Afirmou-se, ainda, como flexível, moderada, liberal e prudente. Previu genericamente os direitos civis, políticos, a liberdade, a legalidade além da irretroatividade e o voto censitário e indireto.
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Notas:
[1]
Após a batalha de Ácio, Cleópatra enviou o filho para a cidade de Coptos,
deixando-o aos cuidados de um tutor. Esse tutor recebeu ordens para tirar o
menino do país em segurança. A ideia de Cleópatra era que Cesário fosse levado
do Egito para a Índia. Ele acabou sendo entregue a Otávio, que ordenou sua
execução. Eliminando Cesário, Otávio podia se apresentar como o único herdeiro
legítimo de César. E acabou se tornando o primeiro imperador de Roma, recebendo
o título de Augusto, que significa "divino". Governou o Império
Romano de 27 a.C. a 14 a.C. Ele acabou sendo entregue a Otávio, que ordenou sua
execução. Eliminando Cesário, Otávio podia se apresentar como o único herdeiro
legítimo de César. E acabou se tornando o primeiro imperador de Roma, recebendo
o título de Augusto, que significa "divino". Governou o Império
Romano de 27 a.C. a 14 a.C. Quanto aos filhos nascidos do romance entre
Cleópatra e Marco Antônio, foram enviados a Roma e, numa decisão bastante
polêmica, ficaram sob os cuidados de Otávia, a esposa rejeitada por Marco
Antônio.
[2]
As Guerras Púnicas foram conflitos entre Cartago e Roma, que disputavam os
domínios dobre o Mar Mediterrâneo, ou seja, disputavam a hegemonia sobre a
economia e a política. Os conflitos duraram de 264 a.C. a 146 a.C., quando
Cartago foi destruída pelos romanos.
O adjetivo
"Púnico" deriva do nome dado aos cartagineses pelos romanos (Punici)
(de Poenici, ou seja, fenícia). Localizada no norte da África, por volta
do século III a.C. Cartago dominava o comércio do Mediterrâneo. Os ricos
comerciantes cartagineses possuíam diversas colônias na Sardenha, Córsega e a
oeste da Sicília (ilhas ricas na produção de cereal), no sul da Península
Ibérica (onde exploravam minérios como a prata) e em toda costa setentrional da
África.
[3]
Ao final do século I a.C, o poeta Horácio, ainda a descreveu como uma rainha
louca, que conspirava para derrubar o império romano. Quase um século depois, o
poeta romano Lucan a rotulou de “a vergonha do Egito, a fúria que se tornaria a
ruína de Roma”. Entretanto, depois que os ânimos romanos esfriaram, o
historiador grego Plutarco publicou uma biografia mais compreensiva. Nela, a
Cleópatra foi retratada como uma heroína trágica, que tinha como maior
motivação o amor de Antônio a sua única motivação.
[4]
Cleópatra, segundo as histórias, foi entregue à presença de Júlio César em um
tapete e ganhou seu apoio. Ptolomeu XIII morreu em uma batalha com César, e
César restaurou Cleópatra ao poder no Egito, junto com seu irmão Ptolomeu XIV
como cogovernante. Em 46 a.C, Cleópatra chamou seu filho recém-nascido de
Ptolomeu Cesarião, enfatizando que este era o filho de Júlio César. César nunca
aceitou formalmente a paternidade, mas levou Cleópatra para Roma naquele ano,
levando também sua irmã, Arsínoe, e exibindo-a em Roma como cativa de guerra.
Que ele já era casado (com Calpurnia), mas Cleópatra afirmava ser sua esposa,
aumentou as tensões políticas em Roma que terminaram com o assassinato de César
em 44 a.C.
[5][5]
Aulus Gabinius foi política da gente Gabínia da República Romana, eleito
cônsul em 58 antes de cristo com Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino. Foi um dos
mais importantes políticos do período anterior à guerra civil entre César e
Pompeu. Em 57 a.C., Gabínio conseguiu o governo da província da Síria como
procônsul. Quando chegou lá, encontrou a Judeia em estado de agitação. A
disputa entre os dois irmãos, João Hircano II e Aristóbulo, havia sido decidida
em favor do primeiro. Pompeu havia dado a Hircano o cargo de sumo sacerdote e
levado Aristóbulo como prisioneiro juntamente com suas duas filhas e seus dois
filhos, Alexandre e Antígono, mas o primeiro, no caminho da Itália, escapou,
voltou para a Judeia e derrubou Hircano. Gabínio obrigou Alexandre a deixar o
poder e restaurou Hircano II em Jerusalém. Em seguida, introduziu uma série de
mudanças no governo da Judeia, dividindo a região em cinco distritos, cada um
dos quais governado por um conselho supremo,[8] e mandou reconstruir diversas
cidades. Talvez por conta de algumas de suas vitórias na Judeia é que Gabínio
enviou uma solicitação ao Senado para que fosse homenageado com uma
supplicatio, mas o Senado, para mostrar sua hostilidade a ele e a seu patrono,
Pompeu, recusou o pedido, uma afronta inédita até então.
[6]
O primeiro e segundo triunvirato ocorrem no final do contexto da República,
sendo assim o período que antecede a ascensão do primeiro imperador de Roma.
Durante o período de expansão territorial da fase republicana, após a morte do
ditador Sila, constituiu-se o primeiro triunvirato, que foi uma forma de
governo em que três generais dividiam o governo de Roma. Os três governantes
eram Crasso, Pompeu e Júlio César. O segundo triunvirato foi constituído por
Marco Antônio, Otávio e Lépido. Os historiadores Pedro, Lima e Carvalho (2005,
p. 76), afirmam que: (…) a Antônio coube ao Oriente; Otávio ficou com as
províncias do Ocidente, menos a Itália; Lépido ficou com a Espanha e a África.
Em 36 a.C., Otávio eliminou Lépido do Triunvirato, anexando às suas posses o
norte da África, a Gália (que não tinha entrado no acordo) e a Itália. A
derrota de Marco Antônio para Otávio marcou o fim do segundo triunvirato e o
início do Império em Roma. Otávio acumulou os títulos de príncipe (primeiro
cidadão de Roma), augusto (divino), imperador, sumo pontífice (chefe da
religião) e tribuno da plebe vitalício.
[7]
Cleópatra VII pertencia à dinastia dos Ptolomeus ou Lágidas, fundada por um
general de Alexandre chamado Ptolomeu Lágida (filho de Lagos). Quando o
conquistador morreu em 323 a.C., o seu império fragmentou-se em diversos
estados e o Egito caiu nas mãos de Ptolomeu que se proclamou rei com o nome de
Ptolomeu I. Este fez de Alexandria a sua capital e transformou-a numa das
cidades mais importantes da Antiguidade. Cleópatra percebeu que, para governar
sozinha, teria de contar com o beneplácito de um dos homens fortes de Roma e
tomou o partido de Pompeu, protetor do seu pai, a quem enviou víveres e tropas
para a guerra que este mantinha com César.
[8]
Em verdade, embora nascida no Egito, a origem familiar de Cleópatra vem da
Macedônia e, contam que a família da rainha chegou ao poder depois da morte de
Alexandre, O Grande, em 323 antes de Cristo. Mesmo não sendo etnicamente
egípcia. Cleópatra aderiu a muitos costumes antigos do Egito. Tendo sido também
a primeira governante mulher de sua dinastia a aprender a língua do Egito.
[9]
Sabia que o mês de agosto leva esse nome para celebrar a morte de Cleópatra?
Quando nos referimos assim ao oitavo mês, estamos na verdade celebrando a
vitória de Augusto sobre a rainha. Quando ele teve a chance de ter um mês em
sua homenagem, em vez de escolher setembro (que é o mês de seu nascimento), ele
escolheu o oitavo mês, no qual Cleópatra morreu. Deste modo, ele criou uma
lembrança anual da derrota da rainha. O túmulo de Antônio e Cleópatra permanece
um mistério, embora se acredite que esteja em algum lugar perto de Alexandria,
no Egito.
[10]
Por fim, Octávio entrou em Alexandria e capturou Cleópatra. Pretendia exibi-la
no triunfo que esperava celebrar em Roma. No entanto, num descuido dos
captores, Cleópatra conseguiu suicidar-se: a tradição diz que o fez com uma
áspide que lhe chegou escondida num cesto com figos. Apesar de o seu cadáver
ter pontos num braço, não foram encontradas evidências da existência de serpentes
nem os médicos encontraram vestígio de qualquer veneno no seu corpo. O mito,
porém, perdurou.
[11]
Depois de se envolver em uma guerra de propaganda, Otaviano forçou os aliados
de Antônio no Senado Romano a fugir de Roma em 32 a.C. Ele declarou guerra à
Cleópatra por fornecer ilegalmente apoio militar a Antônio, agora um cidadão
romano privado sem cargo público. Antônio e Cleópatra lideraram uma força naval
conjunta na Batalha de Ácio de 31 a.C. contra o general Agripa, que venceu a
batalha depois que Cleópatra e Antônio fugiram para o Peloponeso e, finalmente,
para o Egito. As forças de Otaviano invadiram o Egito em 30 a.C. Embora Antônio
e Cleópatra tenham oferecido resistência militar, Otaviano derrotou suas
forças, levando ao suicídio de Antônio. Quando ficou claro que Otaviano
planejava trazer Cleópatra a Roma como prisioneira para sua procissão triunfal,
ela também cometeu suicídio, supostamente por uso de veneno. A crença popular é
que ela foi mordida por uma áspide.
[12]
Com a morte de Júlio César, Cleópatra afastou-se por um tempo do poder. Mas com
a ascensão de Marco Antônio no Oriente, a egípcia aproximou-se do romano. A
relação de amor de ambos resultou em três filhos, que foram transformados
posteriormente em reis de províncias orientais de Roma. Após a derrota para
Otávio, Marco Antônio viu-se ameaçado na cidade de Alexandria. Para não ser
morto pelas tropas inimigas, suicidou-se, ao lado de Cleópatra, em 31 a.C. Com
a concentração de poder, Otávio passou a perseguir os descendentes de Cleópatra
e Marco Antônio, aniquilando-os completamente.
[13]
Trinta anos antes da era cristão, Cleópatra VII, a última governante ptolomaica
estava morta. E, o Imperador Augusto havia posto o Egito sob o governo romano.
Era uma terra preciosa e capaz de produzir fartas quantidades de alimentos. O
Egito era um trunfo muito especial para o imperador, pois era um país cheio de
prestígio, fácil de defender e fornecia o trigo necessário a Roma. Uma terra
capaz de produzir quantidades enormes de alimentos e fácil de defender não se
poderia tornar uma base para nobres ambiciosos: ela seria governada por um
prefeito. O imperador era representado por um prefeito da ordem equestre, da
sua confiança, instituído de amplos poderes administrativos, jurídicos e
militares.
[14]
Corresponde a uma série de eventos ocorridos entre 1821 a 1824, no contexto do
processo de independência do Brasil. Foi encerrada formalmente em 1825, quando
finalmente a independência foi reconhecida por Portugal e pelo Reino Unido através
do Tratado de Amizade e Aliança firmado entre Brasil e Portugal. O que começou
com a expulsão dos exércitos portugueses de Pernambuco de 1821, se transformou,
após a proclamação da independência do Brasil, a 7 de setembro de 1822, em
lutas mais encarniçadas nas regiões onde, por razões estratégicas, se
registrava maior concentração de tropas portuguesas, a saber, nas então
províncias Cisplatina, da Bahia, do Piauí, do Maranhão e do Grão-Pará.
Recorde-se que a maior parte da oficialidade das tropas brasileiras era de
origem portuguesa.
[15]
Apesar da aparência de simplicidade do tema, as questões de laicidade e de
liberdade religiosa no Brasil possui muitos desdobramentos. Segundo a atual
Constituição federal brasileira vigente, a liberdade religiosa é a liberdade de
crença, de culto e de organização religiosa e seus desdobramentos, como o
direito ao ateísmo, a prestação de assistência religiosa nos estabelecimentos
de internação coletiva, a proibição de o Estado interferir na religião, a
escusa de consciência por motivos religiosos, o ensino religioso nas escolas
públicas, a imunidade tributária e o casamento religioso com efeitos civis, e,
algumas polêmicas relacionadas à proibição de o Estado interferir na religião,
tais como o uso de símbolos religiosos em locais públicos e consagração de
municípios ao Senhor Jesus Cristo.
[16]
Anteriormente escrito "Nictheroy"
ou "Nitheroy”. Foi a capital estadual, como indicado
pela sua coroa mural dourada, exclusiva de capitais, entre 1834-1894 e,
novamente, entre 1903-1975. Com
população estimada em 513 584 habitantes, segundo os dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística de 2019, e uma área de 133,757 km²,
ostenta o mais elevado Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Rio
de Janeiro e o sétimo maior entre os municípios do Brasil em 2010.
Individualmente, é o segundo município com maior média de renda domiciliar per
capita mensal do Brasil e aparece na 13ª posição entre os municípios do país
segundo os indicadores sociais referentes à educação.