BRASÍLIA.O Tribunal Superior Eleitoral cassou ontem, por 4 votos a 3, os mandatos do senador João Capiberibe e de sua mulher, Janete Capiberibe, do PSB do Acre, acusados pelo Ministério Público pela compra de votos nas eleições de 2002. Foi um julgamento tenso, que terminou no final da noite. A maioria dos ministros seguiu o relator Carlos Velloso, para quem são incontestes as provas de tentativa de corromper duas eleitoras.

Concordaram com o relator os ministros Peçanha Martins, José Delgado e Luiz Carlos Madeira. Fernando Neves e Celso de Mello consideraram evasivas as provas da acusação. De acordo com Mello, houve ?insuficiência e precariedade dos elementos probatórios?.

O processo foi movido pelo ex-senador Gilvam Borges (PMDB-AC), que perdera para Capiberibe a vaga no Senado. Em 2002, Capiberibe fez campanha para o Senado ao lado da mulher, eleita para a Câmara, e Cláudio Pinho, candidato a governador do estado. Os três foram denunciados pelo MP estadual. Em operação de busca e apreensão, foram encontrados, na época, R$ 15.495 na casa de duas militantes do PSB. Segundo o TSE, o dinheiro seria utilizado para compra de votos.

O processo se baseou no depoimento de duas mulheres. Em gravação, elas alegaram ter recebido R$ 26 para votar no casal. No início do processo, o senador teria sido procurado por uma delas, que reveria seu depoimento em troca de R$ 60 mil. O senador indicou que procurassem seu advogado, que gravou a conversa em vídeo, que tornou-se a principal peça da acusação. O casal não quis dar entrevista. Em uma nota informou que pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).