O ponto de partida e pivô para as irregularidades com empréstimos consignados que têm vitimado aposentados e pensionistas do INSS, segundo a Polícia Federal, é um servidor público da Previdência Social de Porto Alegre (RS). De acordo com o delegado da PF de Santa Maria (RS), Elton Manvke, investigações levaram à identificação do suposto responsável pelo vazamento dos cadastros dos 24 milhões de beneficiários do instituto - o que tem facilitado ação de estelionatários na falsificação de documentos para concessão de crédito sem a devida autorização dos titulares.

"O depoimento do suspeito ainda não tem data marcada, mas será por carta precatória. Ou seja, ele não vai precisar sair de Porto Alegre. Vamos mandar equipe ou enviar perguntas para que seja inquirido", disse.

Investigações iniciadas a partir de denúncias publicada por O Dia levaram à comprovação de que as informações eram verdadeiras e haviam sido extraídas, em setembro de 2005, da base de dados previdenciária.

O primeiro passo foi a prisão de um vendedor de cadastros de Bauru (SP), que ofereceu a O Dia registros de aposentados e pensionistas por valores que variavam de R$ 0,01 a R$ 0,10, segundo a quantidade adquirida ¿ quanto mais segurados, menor o preço pago. Em depoimento à PF, ele apontou o Sul do País como origem dos dados roubados.

Em seguida, foi preso em Florianópolis (SC) outro vendedor de cadastros, que detinha um CD-ROM com dados de 800 mil beneficiários do INSS. Ele foi apanhado quando tentava repassá-los a um advogado. A denúncia foi feita à PF pelo próprio profissional liberal, que agiu como se estivesse interessado em comprar os dados para enviar mala-direta a segurados, convidando-os a ingressar com ações pedindo revisões de benefícios. Esse segundo vendedor também apontou o Sul do País como origem dos vazamentos.

A partir de então, a Polícia Federal chegou a Eduardo Hart, conhecido como o "rei do spam" (mensagem indesejada enviada por computador com base na aquisição de listas de e-mails).

Morador de Santa Maria (RS), Hart seria o maior disseminador de cadastros pela Internet. Uma empresa de mala-direta de Londrina (PR) também estaria envolvida. Preso temporariamente pela PF, ele teve o computador aprendido e levado para Santa Catarina, mas a perícia até hoje não revelou o conteúdo da memória.