Riscos e "intangíveis" nas empresas

Antônio Lopes de Sá, Doutor em Ciências Contábeis pela Universidade do Brasil, 1964. Contador, Administrador, Economista, Professor Universitário, Escritor. Doutor em Letras, H.C., pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra, 1999.

Fonte: Antônio Lopes de Sá

Comentários: (0)




Antônio Lopes de Sá ( * )

Tem sido cogitação de entidades de normatização estabelecer procedimentos no sentido de que as empresas evidenciem em demonstrativo especial o valor dos intangíveis, ou seja, das imobilizações técnicas imateriais e afins.

A SEC nos USA, o Banco Nacional de Desenvolvimento e a CVM no Brasil, são exemplos de instituições que estão a cuidar da matéria.

A questão é, todavia, complexa e envolve muitas controvérsias, além de ensejar riscos no mercado de capitais.

As incertezas que envolvem as imaterialidades são tão intensas que em muitos casos a avaliação pode resultar em graves problemas ou em expressivos resultados positivos.

Em Contabilidade, todavia, a expectativa de lucros tem recebido a reação em contrário de grandes doutrinadores dentre eles Zappa e Ferrero, por não representar uma situação de realidade futura.

Mais de um século se passou desde que os pioneiros das teorias contábeis enfocaram tais condições imponderáveis de efetivação de riqueza, embora não negassem que elas pudessem existir.

A prática tem mostrado sucessos e fracassos ocorridos nas Bolsas de Valores face ao excesso de otimismo com que avantajados resultados futuros projetados resultam em surpresas diversas.

Seja como for o "jogo dos investimentos" prossegue, sustentando as pretensões capitalistas e exigindo posições demonstrativas que as fomentem.

Refiro-me às ocorrências na denominada nos Estados Unidos NASDAG, um pregão automático de negociação de ações que surgiu em 1971 que ensejou negociar em todo o mundo via Internet.

No final da década de 80, com o aparecimento das primeiras empresas na área da computação eletrônica, de grande poder lucrativo, algumas mesmo sem capitais materiais, surgiram negociações em torno das mesmas que criaram expectativas diversas quanto à prospecção de lucros.

Industriais na área da computação (máquinas, programas, acessórios etc.) começaram a criar um "novo mercado de investimentos".

Com o uso maciço da internet, a negociação das empresas envolvidas nesse novo e fabuloso negócio ensejou um crescimento expressivo, fortalecendo as operações da denominada NASDAQ esta que acabou por se transformar no índice de transações de maior crescimento.

Estima-se que na atualidade muitos milhares de empresas de todas as dimensões estejam envolvidos em tais negócios.

Segundo se tem noticiado a empresa Microsoft Corporation (MSFT), quando em 1986 abriu o seu capital ao público possuía cerca de 1,1 mil funcionários e um faturamento de US$ 197 milhões e já em 1990 empregava quase 6 mil pessoas com um faturamento de mais de US$ 1 bilhão de dólares.

Na atualidade admite-se, segundo o veiculado, que a Microsoft conta com quase 30 mil empregados, faturando cerca de 20 bilhões de dólares por ano.

Tudo isso evidencia um progresso deveras vultoso e uma velocidade deveras expressiva no mercado acionário, movimentando mais de meia dezena de trilhões de dólares, mas, de apenas um negócio.

Tais detalhes, entretanto, bem mostram o que está representando o valor do intelecto, esse que até há bem pouco atribuiu a nossa época a denominação de "era do conhecimento".

Se por um lado, todavia, o retumbante sucesso referido se operou, por outro, também, fracassos expressivos ocorreram com sérios prejuízos no mercado de capitais.

É com extrema cautela que se deve ter em conta as prospecções de resultados futuros, sem cometer exageros que coloquem em risco o valor das informações.

Em minha obra "Fundo de Comercio, Avaliação de Capitais e Ativo Intangível", edição Juruá, dissertei exatamente sobre a complexidade que envolve tal questão, apresentando todo o conjunto de doutrinas científicas que está ligado ao tema e que muito precisa ser ponderado.

O "aviamento", como parte do denominado "fundo de comércio", (denominado pelos submissos ao idioma inglês de "goodwill"), é um valor que se consubstancia na "esperança de super lucros" e como tal é uma prospecção que depende de muitos fatores e envolve expressivos riscos.


Notas:

* Antônio Lopes de Sá, Doutor em Ciências Contábeis pela Universidade do Brasil, 1964. Contador, Administrador, Economista, Professor Universitário, Escritor. Doutor em Letras, H.C., pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra, 1999. [ Voltar ]

Palavras-chave:

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/riscos-e-intangiveis-nas-empresas

0 Comentários

Conheça os produtos da Jurid