Só depois de encerradas as investigações sobre denúncias de cobrança de propina na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é que o Legislativo pode decidir se esse é um caso para instalação de comissão parlamentar de inquérito destinada a elucidar o assunto. A afirmação foi feita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, ao chegar à Casa na manhã desta terça-feira (17).

Parlamentares do PSDB, PFL e PSOL defendem a criação dessa CPI e os jornalistas questionaram o presidente do Senado sobre a conveniência dessa investigação parlamentar. Renan explicou que as investigações em curso estão apenas começando e cogitou a hipótese de as imagens mostradas pela televisão exibirem apenas "um funcionário fanfarrão" dizendo agir em nome de uma rede.

- Claro que esse assunto tem mobilizado o país, tem constrangido, repugnado a nação. Mas as investigações precisam mostrar primeiro se é o caso de CPI, de investigação política extraordinária, como demanda uma CPI. Precisam dizer também se é uma rede de corrupção ou se é apenas um funcionário corrupto, fanfarrão, que, para tomar mais dinheiro da vítima, diz falar em nome de alguém - ressaltou.

Quando um jornalista observou que, se comprovado esse caso de corrupção, isso significará o governo investigando o próprio governo, Renan afirmou que o importante é oferecer as respostas para as perguntas que todos estão fazendo.

- Se tivermos essas respostas, ótimo. Se não tivermos, se houver necessidade de investigação, o Congresso terá que fazer isso. Mas essa decisão não é minha. É dos lideres e do plenário - adiantou.

Na mesma entrevista, o presidente do Senado foi indagado sobre operação que a Polícia Federal realiza em Alagoas, pela qual o ex-prefeito de Murici, Remi Calheiros, seu irmão, estaria sendo indiciado. Perguntado se Remi foi preso, ele respondeu:

- Absolutamente; não tenho essa informação. Mas acho que, se houver desvio de comportamento de prefeito em Alagoas ou em qualquer lugar, que se investigue, processe, puna, condene. Do que eu discordo é da humilhação, é de algemar, fazer pirotecnia, porque isso degrada, humilha. Mas se houver desvio de comportamento, aí condene, prenda se for necessário. O que não pode é humilhar. Humilhar significa um excesso.

Renan também foi questionado sobre se é a favor de mudanças na articulação política do governo. Respondeu que é um homem muito atento à isenção requerida pelo cargo de presidente do Senado. "Eu vou ajudar a governabilidade, mas eu não sou membro do governo, sou presidente do Congresso Nacional", lembrou.

Já sobre a manifestação do Movimento dos Trabalhadores sem Terra em Brasília, o presidente do Senado anunciou que receberia seus representantes.

- Considero importante conversar com os movimentos sociais. Eu sempre me pautei por isso, vou continuar me pautando exatamente por isso. Hoje vamos anunciar mudanças no Orçamento. Quem sabe, com essas mudanças, nós possamos, na prática, impedir o contingenciamento de recursos para os programas sociais, ou mesmo programas prioritários. Vou colaborar no que puder - garantiu.