Renan informa que ainda há 20 milhões de armas ilegais no Brasil
Ao participar, neste sábado (21), da abertura de um posto de coleta de armas na Igreja Evangélica de Confissão Luterana, situada na Super Quadra Sul 406, o presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou que há 20 milhões de armas ilegais no Brasil e que já foram recolhidas, na campanha pelo desarmamento, 300 mil armas - número que, em sua opinião, poderá ser dobrado se a sociedade continuar engajada nesse movimento. Na cerimônia de abertura do posto, que integra um mutirão nacional pelo desarmamento coordenado pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, o senador destruiu, com uma marreta, uma pistola entregue pelo cidadão Heinz Gramkow.
- É necessária uma mudança radical em relação à segurança pública e à proteção ao cidadão, que começa com a campanha pelo desarmamento - disse o presidente, para informar, em seguida, que as despesas do Sistema Único de Saúde (SUS) com atendimento às vítimas de armas de fogo no Rio de Janeiro e em São Paulo sofreram uma redução média de 9% desde o início do movimento.
Renan afirmou que mais de 70% dos crimes acontecem por motivos fúteis - são os chamados crimes imotivados - e que morre mais gente no Brasil por arma de fogo do que em países em guerra, como Israel. Segundo o senador, é tarefa da polícia desarmar os bandidos, policiar mais as fronteiras, impedir a venda de armas pesadas.
- Mas 78% dos crimes no Brasil são praticados com armas leves - destacou.
O presidente do Senado disse que, para que sejam recolhidas mais armas, é fundamental que a campanha do desarmamento tenha continuidade e que seja colocado um limite à comercialização de armas. Ele lembrou que, no dia 2 de outubro próximo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deverá realizar o referendo para a proibição das vendas de armas, conforme projeto de decreto legislativo que está pronto para ser votado no Plenário da Câmara dos Deputados.
Aprovado o projeto, o TSE regulamentará a consulta popular e será feita uma campanha pelos meios de comunicação para mobilizar a sociedade. O ministro Carlos Mário Velloso será o relator da matéria no tribunal, o que, segundo Renan, é muito bom, já que o ministro foi o relator do plebiscito sobre sistema de governo. No dia 3 de julho, ainda de acordo com o senador, será celebrado o Dia Nacional pelo Desarmamento.
- Não foi fácil aprovar o Estatuto do Desarmamento, foi uma luta dura da sociedade - observou.
Renan lembrou que foi lançada, no último dia 19, a Frente Parlamentar que coordenará a campanha pelo desarmamento e se reunirá semanalmente. E relatou a experiência da Austrália, que realizou um grande movimento para desarmar a população e conseguiu recolher 664 mil armas, reduzindo em 33% o índice de criminalidade no país. Na Austrália, segundo o senador, foi pago o preço de mercado pelas armas, enquanto no Brasil o preço é simbólico - o que, na avaliação de Renan, talvez possa indicar que a eficiência da campanha brasileira é maior.
O presidente agradeceu a participação, no movimento pelo desarmamento, das igrejas, da Polícia Federal e da imprensa, mobilização que, em sua opinião, permitirá que a campanha pelo desarmamento "tenha a melhor conseqüência".