Projeto muda trecho da CLT

Esperando sanção de Lula, texto cria a exigência de depósitos em dinheiro para quem tentar, com liminares, frear o curso de ações trabalhistas

Fonte: Correio Brasiliense

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O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), enviou para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva um projeto de iniciativa do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que reforma a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)(1). A ideia é dar mais agilidade aos processos trabalhistas.

Aprovado na última quinta-feira pelo Senado, o texto determina que a parte interessada em protocolar um agravo de instrumento(2) em ações trabalhistas tem que depositar 50% do valor da causa em juízo. Atualmente, o recurso é usado sem qualquer ônus, o que atrasa o pagamento das decisões favoráveis ou prejudiciais ao trabalhador. O TST informa que a maioria esmagadora dos recursos é protocolada pelo empregador. Assim, o beneficiado com a proposta seria o trabalhador. De acordo com levantamento divulgado pelo TST, 75% dos recursos que chegam ao tribunal são agravos de instrumento, medidas usadas com frequência para protelar o cumprimento de decisões.

Entre os principais prejuízos causados pelos sucessivos agravos interpostos na Justiça trabalhista estão o acúmulo de processos nos tribunais e o retardo do pagamento de direitos trabalhistas. Os números do TST mostram que, só em 2008, houve aumento de 208% na utilização dos agravos de instrumento. Naquele ano, segundo dados do tribunal, 95% dos agravos julgados acabaram ?desprovidos por não terem apresentado condições mínimas de prosseguimento?. Em 2009, foram 142.650 agravos no TST. Em 2010, até abril, houve 26 mil.

O presidente do TST, ministro Milton de Moura França, classifica a proposta como uma ?minirreforma recursal?. Para ele, caso o presidente Lula sancione a lei, os tribunais terão mais celeridade no julgamento de processos trabalhistas, o que beneficiaria trabalhadores, magistrados e a sociedade.

Apreciação

O projeto, de autoria do próprio presidente do TST, foi protocolado no Congresso no ano passado. Passou pelas comissões de Trabalho e de Constituição e Justiça da Câmara, antes de chegar ao Senado. Lá, foi apreciado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e, em caráter terminativo, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Cabe agora ao presidente Lula sancionar a lei.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, disse não conhecer detalhes do projeto, por isso não emitiu opinião. Ele, porém, avaliou que qualquer medida favorável ao trabalhador será sempre bem recebida.

Advogado trabalhista, o presidente da seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Wadih Damous, avalia que a modificação na CLT poderá causar prejuízo aos trabalhadores. ?Por um lado, pode servir para agilizar os processos no âmbito do TST, mas pode atingir a parte mais fraca da relação, que é o trabalhador, que pode não ter a quantia financeira para fazer o depósito judicial quando precisar entrar com recurso?, disse, com a ressalva de que não conhece o inteiro teor do projeto. ?Muitas vezes há reformas que visam à comodidade dos juízes?, acrescentou.

1 - Herança de Getúlio

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi instituída em 1º de maio de 1943, por meio de um decreto-lei publicado pelo então presidente Getúlio Vargas. A CLT reúne em um só documento todas as normas que fazem referência ao direito trabalhista e ao direito processual do trabalho. Também foi a responsável pela criação do salário mínimo. Entre as principais inovações trazidas pela CLT está a regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho.

2 - Ferramenta judicial

O agravo é um recurso usado pelos advogados das partes para questionar decisões judiciais de tribunais regionais do trabalho, com a tentativa de levar o caso para julgamento no TST. A medida é cabível para evitar possível lesão grave e de difícil reparação e ?casos de inadmissão de apelação?. O agravo deve ser sempre protocolado na instância superior, que deve analisar se o processo, trancado no TRT, será destrancado e, consequentemente, julgado pelo tribunal superior.

O número

75%

Percentual de agravos de instrumento entre os recursos que chegam ao TST. Medida é usada com frequência para protelar o cumprimento de decisões

Palavras-chave: CLT

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1 Comentários

luis Outros18/06/2010 12:21 Responder

Entendo que todos querem maior celeridade nos processos, O QUE NÃO SE PODE DEFENDER É QUE SE CRIE OBSTÁCULOS AO ACESSO A JUSTIÇA, QUE NA PRÁTICA É O QUE OCORRE QUANDO SE COLOCA CUSTAS ALTAS PARA INVIABILIZAR RECURSOS. A verdade é que os juizes, são lentos para julgar e em 90% das vezes julgam mal. Evidente que nenhum juiz deseja a existência desse instituto, que na prática representa um controle da qualidade dos serviços, em regra ruim, prestados a sociedade. O texto acima demonstra a torpeza dos magistrados. Lamentável Isso é o que mais acontece na JUSTIÇA DO TRABALHO, principalmente em juiz local, ademais quando vc. entra com uma AÇÃO contra um EMPREGADOR PODEROSO que sempre lesou seus trabalhadores, e tem um DEFENSOR e outras autoridades, que podem atuar nos autos, que se deixa "corromperem", ficando OMISSO nos mais variados direitos seus: artigos das leis, súmulas, oitivas de testemunhas, jurisprudências etc etc! E assim sendo, como o é, o trabalhador restará ‘injustiçado’, não ‘entendendo’ por quê aquela Decisão ou Acórdão, não lhes foi favorável... também pudera! E ainda querem ‘barrar’ com essa tal LEI genérica, UM RECURSO que poderia ou poderá SANAR os vícios e outras OMISSÕES, perante um Tribunal Superior!!!

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