Professor acusado de racismo por universitário aceita acordo em processo

Fonte: Folha Online

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O professor de física da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) Adriano Manoel dos Santos, 31, aceitou um acordo com o Ministério Público Estadual no processo em que é acusado de "preconceito de raça ou de cor" pelo estudante negro Carlos Lopes dos Santos, 35. O aluno entrou na Uems pelo sistema de cotas.

Segundo o juiz César Castilho Marques, do município de Ivinhema (sul do Estado), onde tramita a ação, Adriano deverá cumprir por dois anos as seguintes obrigações:não freqüentar casas de jogos e de prostituição; não sair da cidade por mais de 30 dias sem autorização judicial; comparecer todos os meses para dar informações sobre suas atividades; não mudar de casa sem avisar e fazer doação em dinheiro --cerca de R$ 500-- a uma entidade de assistência social.

Se não infringir essas regras, passados dois anos, o processo será extinto. O estudante Carlos não foi localizado pela reportagem.

Insatisfação

O presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro, Naércio Ferreira, que divulgou o acordo nesta quarta-feira, afirma que o estudante e a entidade não estão satisfeitos e vão mover outras ações na Justiça.

Carlos teve assistência jurídica do advogado Hédio da Silva Júnior, atual Secretário Estadual da Justiça de São Paulo. Na avaliação dele, o sistema de cotas tende a tornar "mais explícito" o racismo.

Segundo o estudante, em junho de 2004, durante uma aula, o professor usou expressões racistas como um "sujeito de muita melanina [proteína de cor preta encontrada na pele]" e "pretinho básico", além de contar uma piada sobre o azar de um homem que entra no ônibus e, em vez de uma loira, quem se senta ao seu lado é "um negão".

O professor sempre negou que seja racista. Em dezembro passado, Adriano disse à Folha ser favorável às cotas. A reportagem não conseguiu falar com o professor, mas deixou recados na Uems. A Folha ligou ainda para a advogada Isabel da Silva Rodrigues de Almeida, que no processo aparece como defensora de Adriano, mas ela estava em viagem.

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7 Comentários

Wagner bacharel03/06/2005 10:37 Responder

O preconceito maior provém, precisamente, das próprias pessoas que afirmam sofrerem com ele. O preconceito, aquele que prejudica mesmo, com a exclusão social, falta de respeito e tudo aquilo que ja se sabe realmente existe, mas, em casos como esse, quando o CIDADÃO AFRO-DESCENDETE sente-se ofendido por ser chamado de negro, ai sim, pode-se dizer que esse preconceito provém exclusivamente daquele que se diz ofendido. É como se fosse ilegal chamar o índio de índio, o japonês de japonês, o branco de branco, ou, até mesmo, à luz da constituição, à mulher de mulher e ao homem de homem.

Wagner bacharel03/06/2005 10:45 Responder

O preconceito maior provém, precisamente, das próprias pessoas que afirmam sofrerem com ele. O preconceito, aquele que prejudica mesmo, com a exclusão social, falta de respeito e tudo aquilo que ja se sabe realmente existe, mas, em casos como esse, quando o CIDADÃO AFRO-DESCENDETE sente-se ofendido por ser chamado de negro, ai sim, pode-se dizer que esse preconceito provém exclusivamente daquele que se diz ofendido. É como se fosse ilegal chamar o índio de índio, o japonês de japonês, o branco de branco, ou, até mesmo, à luz da constituição, à mulher de mulher e ao homem de homem.

Wagner bacharel03/06/2005 10:49 Responder

Aliás, segundo o dicionário da lingua portuguesa da Editora Melhoramentos, NEGRO significa: "Que é de cor escura; preto; que causa sombra; substantivo masculino indivíduo da raça negra".

Paulo de Tarso Advogado03/06/2005 11:22 Responder

Caro Wagner, lendo seus comentários, posso de logo concluir que você deve ser branco. O seu ponto de vista, literalmente é coerente, porém, foge por completo da realidade. Vivemos em um país onde até as leis são racistas, pois quando se faz necessário criar uma lei para garantir uma cota para negro, no meu modesto entendimento, existe uma ratificação do racismo, pois o correto seria oferecer condições de forma igual para todos, o que todos sabem não ocorre. Com relação ao seu ponto de visto, posso te garantir que na prática não funciona, pois um negro quando é chamado de negro, não se sente ofendido pelo significado da palavra, mas sim pela forma diminutiva que lhe é atribuída, ou seja, minha mãe, mulher e amigos me chamam de neguinho, negão, etc, de uma forma carinhosa; mas existem situações que pessoas quando querem ofender, utilizam a palavra negro no seu mais profundo significado racista, ai está a diferença, que para nós, facilmente é identificada. " Só sabe quem sente na pele". Um abraço.

Adriano S. Martins Advogado03/06/2005 11:44 Responder

Apenas para elucidar o debate, cumpre observar que não é a interpretação literal das palavras que denunciam o racismo, implícito ou não, mas sim a tonalidade em que são ditas, bem como às associações, geralmente pejorativas que são feitas. Porém, tudo seria resolvido, se ao invés de pregarmos a tolerância para nossas crianças, ensinássemos o RESPEITO ao ser humano.

Paulo de Tarso advogado03/06/2005 21:06 Responder

Realmente o colega Adriano elucidou o debate, concordo plenamente com ele, apenas pretendi ser mais claro.

Anderson Campos estudante de direito05/06/2005 16:28 Responder

Sinto em discordar dos ilustres colegas, a questão é simplesmnete de poder, sigam o racismo: grandes empresarios brancos; donos de bancos brancos; deputados/senadores/governadores, enfim politicos brancos; enfim o branco só precisa do negro para subir na vida, a cota é essencial e cada negro que sair formado tem que dar altos cargos a negros, pois não é questão de competencia e sim para se manterem. O que se precisa é uma revolução cultural.

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