Prisão após 2ª instância opõe juiz Sérgio Moro e ministro Gilmar Mendes do Supremo

Juiz da Lava Jato manda prender com base em decisão do Supremo; ministro adota medida contrária.

Fonte: Estadão

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O juiz Sérgio Moro mandou prender nesta quarta-feira, 23, o empresário Márcio Bonilho e o operador Waldomiro de Oliveira, ambos condenados em segunda instância na Lava Jato. É a primeira vez que Moro determina uma prisão com base em decisão do Supremo Tribunal Federal de que condenado em segundo grau pode ter a pena executada. Na terça-feira, 22, porém, o ministro do STF Gilmar Mendes ordenou a soltura de um condenado na mesma situação, sinalizando mudança de seu entendimento sobre a questão.


Moro amparou sua decisão em uma ordem do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) para execução provisória da condenação de Bonilho e da condenação definitiva de Oliveira. A Polícia Federal cumpriu os dois mandados de prisão na tarde desta quarta-feira.


“Há uma ordem do Egrégio Tribunal Regional Federal da 4.ª Região para execução provisória da condenação de Márcio Andrade Bonilho e não cabe a este Juízo questioná-la”, disse.


Bonilho foi condenado a 14 anos de prisão – pena reduzida para 11 anos e 6 meses – por lavagem de R$ 18,6 milhões decorrentes de superfaturamento na obra da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A pena imposta a Oliveira, que trabalhava para o doleiro Alberto Youssef, é de 13 anos e 2 meses.


Segundo Moro, o cumprimento da pena após condenação em segunda instância é parte do “legado jurisprudencial” do falecido ministro do Supremo Teori Zavascki “a fim de reduzir a impunidade de graves condutas de corrupção”.


Julgamento


As prisões ordenadas por Moro ocorrem no momento em que ministros do Supremo admitem submeter a questão da prisão após condenação em segunda instância a um novo julgamento.


Na decisão de terça-feira, relativa a um homem condenado a 4 anos e 2 meses de prisão no regime semiaberto pelo crime de omissão de informações às autoridades fazendárias, Gilmar lembrou que o ministro Dias Toffoli, do STF, defendeu a suspensão da execução da pena até a manifestação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).


“No julgamento do HC (habeas corpus) 142.173/SP (de minha relatoria), manifestei minha tendência em acompanhar o ministro Dias Toffoli no sentido de que a execução da pena com decisão de segundo grau deve aguardar o julgamento do recurso especial pelo STJ”, escreveu Gilmar.


Em outubro do ano passado, Gilmar votou a favor da possibilidade de execução da pena após condenação em segunda instância, mas, em maio, defendeu a rediscussão do tema. “Nós admitimos que se permitiria a prisão a partir da decisão de segundo grau. Mas não dissemos que ela fosse obrigatória”, disse o ministro.


Ponto Final


Ainda nesta quarta-feira, Gilmar determinou a soltura de mais três investigados da Operação Ponto Final – desdobramento Lava Jato no Rio. Na decisão, o ministro afirmou que “é o juiz quem decide sobre a prisão, e não o Ministério Público ou a polícia”. Até agora, chega a nove o número de libertados por Gilmar na operação.


A defesa de Waldomiro de Oliveira não foi localizada. O espaço está aberto.


COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA LUIZ FLÁVIO BORGES D’URSO, DEFENSOR DE MÁRCIO BONILHO


“A defesa do sr. Márcio Bonilho, diante de sua prisão, ocorrida no final da tarde de hoje (23), vem manifestar-se, reiterando sua inocência, que certamente será verificada ao final do processo, quando do julgamento de seus recursos pelos Tribunais Superiores. Esta injusta prisão antecipada, é fruto de condenação em segundo grau, contrariando o princípio constitucional da presunção de inocência. O sr. Márcio Bonilho não está condenado definitivamente e sua defesa confia que no julgamento de seus recursos advirá sua absolvição, a exemplo das duas outras absolvições já obtidas em primeiro grau, em dois outros processos, nos quais o sr. Bonilho foi acusado no âmbito da Lava Jato.”

Palavras-chave: Operação Lava Jato Prisão Condenação Segunda Instância Decisão STF Execução Provisória

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3 Comentários

antonio naddeo aposentado24/08/2017 10:10 Responder

Se o Supremo Tribunal Federal voltar atrás no entendimento relativo à prisão após julgamento em segunda instância será uma demonstração cabal e definitiva de que tudo está irremediávelmente perdido e que, de aqui em diante, só com a ajuda de Deus. Todavia me parece que até Ele está de costas para este pobre país.

Marcos Administrador24/08/2017 11:53 Responder

Aplausos para V Exa. o Dr. Sérgio Moro Repúdio e Desprezo ao soltador de criminosos Gilmar Mendes

Zé Ruela Administrador, Contador, Padeiro25/08/2017 5:04 Responder

Sou leigo no assunto, mas no meu pensamento, deve ser preso já na primeira instância. Todos são inocentes até que se prove o contrário, mas a partir da primeira instância, o certo seria inverter. Provar a inocência e não a culpa, uma vez que, já fora condenado.

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