Pressionado, André Vargas se afasta da Câmara

Deputado petista pediu licença de 60 dias após revelações de sua estreita ligação com doleiro que comandava um esquema de lavagem de dinheiro

Fonte: Veja

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O vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), encaminhou pedido de licença por sessenta dias à direção da Casa na tarde desta segunda-feira. Nesse período, ele não receberá o salário de 26.700 reais, mas manterá o cargo na Mesa Diretora. Em carta, o petista alegou que se afasta do posto para cuidar de “interesses particulares”.


A situação de Vargas se agravou após reportagem de VEJA desta semana revelar novos detalhes de sua estreita ligação com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal por comandar um esquema de lavagem de dinheiro. Youssef, a quem Vargas chamava de "irmão", pagou um jato para o petista viajar nas férias. E os laços não param por aí: o deputado petista e o doleiro trabalhavam para enriquecer juntos fraudando contratos com o governo federal. Mensagens de celular interceptadas pela Polícia Federal mostram que Vargas exercia seu poder para cobrar compromissos de Youssef.


Após as revelações, partidos de oposição anunciaram que levariam as denúncias contra o petista para o Conselho de Ética da Câmara, o que pode resultar em um processo de cassação de mandato. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), aconselhou o petista a se afastar para minimizar a já desgastada imagem da Casa.


No PT, colegas de bancada recomendaram que ele se licenciasse do cargo numa tentativa de “sair dos holofotes”. A direção do partido também teme que as denúncias atrapalhem a campanha da senadora Gleisi Hoffman ao governo do Paraná, para a qual Vargas era cotado para ser um dos coordenadores.


Enriquecimento


As investigações da PF mostram que Vargas articulava para ajudar o doleiro a obter um contrato de 150 milhões de reais com o Ministério da Saúde. Em mensagens trocadas em setembro do ano passado e interceptadas pela PF, Youssef fez um apelo a Vargas: “Tô no limite. Preciso captar”. O vice-presidente da Câmara prontamente respondeu: “Vou atuar”. No mesmo dia, técnicos do Ministério da Saúde, então comandados por Alexandre Padilha, hoje candidato ao governo de São Paulo, foram destacados para certificar o laboratório farmacêutico Labogen Química Fina e Biotecnologia, de propriedade do doleiro. A ajuda foi materializada em um contrato inicial de 30 milhões de reais firmado com a pasta.


Tais revelações desmentem a versão apresentada por Vargas na tribuna da Câmara. Na última quarta-feira, o petista negou ter se reunido no Ministério da Saúde para tratar do laboratório e afirmou que apenas “orientou” Youssef – como, diz ele, teria orientado qualquer sindicalista, empresário ou prefeito que o procurasse. Na ocasião, afirmou ainda que foi um “equívoco” ter viajado em uma aeronave alugada pelo doleiro. O “presente” a Vargas custou 100.000 reais.

Palavras-chave: direito público direito penal lavagem de dinheiro

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