Pesquisa do Ipea sobre estupro é contestada

Alguns especialistas têm atacado os resultados da pesquisa que mostra que 65% dos brasileiros concordam com o ataque a mulheres com roupas que mostram o corpo

Fonte: Exame

Comentários: (9)




Uma pesquisa de opinião brasileira varreu o mundo, gerou resposta da presidente da República Dilma Rousseff e deu nascimento a uma grande campanha – ainda crescente - sob o nome “#nãomereçoserestuprada”. A causa: 65% dos brasileiros acreditam total ou parcialmente que mulheres que vestem roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).


Nas últimas 48 horas, porém, a pesquisa “Tolerância social à violência contra as mulheres”, que virou símbolo do machismo da sociedade brasileira, tem sido alvo de contestação nas redes sociais, com uma ajudinha da opinião de alguns especialistas.


EXAME.com selecionou os três principais argumentos apresentados que questionam o preocupante panorama mostrado naquela pesquisa e noticiado neste mesmo site há uma semana.


Isso teria força para mudar a opinião dos brasileiros desde que os resultados vieram à tona? Abaixo, o Ipea diz “não” ao defender sua metodologia.


Os sinais preocupantes, de qualquer forma, continuam por aí. A própria criadora da campanha “Não mereço ser estuprada”, a jornalista Nana Queiroz, têm recebido ameaças – de estupro – pelo Facebook desde que postou sua foto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.


1) Metodologia


Pesquisas como a do Ipea entrevistam um número limitado de pessoas. Depois, a opinião delas é vista, de certa forma, como sendo também a opinião do Brasil. Isso é feito em levantamentos de padrões de consumo, pesquisas eleitorais, etc.


“Quando você faz uma pesquisa aleatória, mais ou menos a participação de cada grupo dentro da mostra tem que corresponder à participação desse grupo na população em geral”, afirma Adolfo Sachsida, economista que já trabalhou na Diretoria de Macroeconomia do IPEA, em um vídeo no YouTube.


No Brasil, 49% das pessoas são homens; 51%, mulheres. Entre os entrevistados pelo Ipea, porém, 66% eram do sexo feminino.


A causa, segundo Adolfo – que diz já ter participado de pesquisas semelhantes do instituto em outros momentos – é que o levantamento é feito em horário comercial durante a semana.


“É a babá, é a faxineira, é a empregada (que está em casa)”, afirma ele. “Não dá para inferir dessa pesquisa resultados sobre a população brasileira”, diz.


Segundo Sachsida, a representação por raça na pesquisa também está equivocada.


Resposta do Ipea: o instituto não se pronunciou especificamente sobre porque as mulheres estão super-representadas, mas negou que a pesquisa ocorra apenas em horário comercial.


“Trata-se de um questionário aplicado de forma presencial, em domicílios. Somente um morador daquele domicílio selecionado pode responder. Foram aplicados 3.772 questionários em 211 municípios de todas as Unidades da Federação. O questionário não foi aplicado apenas em horário comercial. Os pesquisadores atuaram em períodos de até 12 horas diárias, inclusive aos sábados, domingos e feriados”, respondeu o instituto por meio da assessoria de imprensa.


2) Possíveis perguntas enviesadas


Ouvido pelo portal R7, o economista Marcos Fernandes, da FGV, criticou a formulação de parte das 25 perguntas.


Primeiro, porque pesquisas como essa não deveriam, em sua avaliação, ser pouco exatas ou repetir bordões, como foi o caso da afirmação “roupa suja deve ser lavada em casa”, que teve a concordância de 89% dos brasileiros.


“A pessoa dizer sim não significa que não denunciaria se o homem espanca a mulher. Existem problemas na formulação das perguntas que podem enviesar a resposta”, disse ao R7.


A falta de especificidade pode ter atrapalhado também a pergunta que teve mais destaque no estudo: “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.

Palavras-chave: abuso sexual machismo ipea direitos da mulher

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9 Comentários

Vagner Educador04/04/2014 18:12 Responder

Contra a coisificação da mulher!A mulher não é objeto , nem para os homens que não conseguem controlar sua própria libido e nem para as próprias mulheres que fazem questão de andar desnudas e não respeitam a sacralidade de seus corpos. A nudez é algo tão sublime , estética e emocionalmente falando , que deve ser compartilhada com quem a gente ama.

Carlos de Carvalho Professor, aposentado04/04/2014 19:27 Responder

NÃO DÁ PARA ACREDITAR EM PESQUISAS NO BRASIL. NÃO DÁ. Essa \\\" reparação \\\" é uma prova disso e só foi feita diante a repercussão do absurdo da tal pergunta. Se não ouvesse a indignação, o \\\"ERRO\\\" contnuaria como TODAS AS OUTRAS \\\" PESQUISAS \\\"... INCLUSAS AS VERGONHOSAS CHAMADAS DE INTENÇÃO DE VOTOS...

Nelson Brito dos Santos Advogado04/04/2014 20:36 Responder

A pergunta deveria ser: \\\"Você acha que alguns estupros teriam sido evitados se as vítimas não estivessem trajando trajes minúsculos, sensuais?\\\" Isto porque o próprio art. 59 do Código Penal diz que um dos fatores que o juiz deve levar em consideração é o comportamento da vítima. Então, se a vítima estava, por exemplo, utilizando minissaia em público, a pena do criminoso deve ser menor do que a do tarado que invade uma casa e pratica esse crime horroroso. Ambos cometem o mesmo crime, mas as penas devem ser diferentes. Agora... dizer que a mulher merece ser violentada, tenham a santa paciência: ninguém merece ser vítima de nenhum tipo de violência. Nada justifica um estupro.

Dulce Fraga Alvares advogada05/04/2014 11:33 Responder

Toda essa celeuma sobre os resultados, corretos ou não , do IPEA apenas demonstram: primeiro, que o Brasil não é mesmo um país sério; segundo, qualquer pesquisa de opinião, por si só, pode ter falhas, mais ainda quando a pesquisa é realizada por brasileiros, em um país que não é serio....; finalmente, não interessa o que cada um pensa sobre o assunto estupro, porque no mundo do século XXI, em plena era da evolução tecnológica desenfreada, não se pode aceitar que a mentalidade ainda é a das sociedades primitivas, como as que ainda hoje sobrevivem e são reconhecidas internacionalmente e democraticamente. O que se deseja é que o espirito humano evolua ao ponto de ter irrepreensível amor ao próximo, não importa o sexo, a raça, a religião, o nivel de educação academica ou social. AMOR AO PRÓXIMO, significa desejar ao proximo o que desejaria para si. Será isso UTOPIA, irrealizável?

Dulce Fraga Alvares advogada05/04/2014 11:34 Responder

Toda essa celeuma sobre os resultados, corretos ou não , do IPEA apenas demonstram: primeiro, que o Brasil não é mesmo um país sério; segundo, qualquer pesquisa de opinião, por si só, pode ter falhas, mais ainda quando a pesquisa é realizada por brasileiros, em um país que não é serio....; finalmente, não interessa o que cada um pensa sobre o assunto estupro, porque no mundo do século XXI, em plena era da evolução tecnológica desenfreada, não se pode aceitar que a mentalidade ainda é a das sociedades primitivas, como as que ainda hoje sobrevivem e são reconhecidas internacionalmente e democraticamente. O que se deseja é que o espirito humano evolua ao ponto de ter irrepreensível amor ao próximo, não importa o sexo, a raça, a religião, o nivel de educação academica ou social. AMOR AO PRÓXIMO, significa desejar ao proximo o que desejaria para si. Será isso UTOPIA, irrealizável?

Adalbergues Costa Roha Advogado05/04/2014 12:10 Responder

Mesmo em um País, onde vivemos uma oligarquia, (que é a corrupção da democracia), Leis frágeis, entre outros fatores negativos, Não justifica, tamanha barbaridade. Mesmo que tenha algum homem que não tenha nascido de uma mulher, não justificaria querer ser seu dono, ou, exterminá-la. Viva todas as mulheres do mundo. Pois, sem elas, Há! os homens, existiriam? Por outro lado, será que esses que são contra elas, não queriam ter nascido mulheres????

HIUHUER CATADOR DE ESTERCO06/04/2014 3:28 Responder

PRA MIM, VAGABUNDAS QUE SAEM COM ROUPINHAS MOSTRANDO DEMAIS MERECEM SIM SER ESTUPRADAS. ACHO QUE IMBECIS QUE ESTUDAM DIREITO DEVERIAM SABER QUE EXISTE A LEGITIMIDADE DO CÓDIGO DE CONDUTA E HONRA MORAL DA SOCIEDADE, E QUE ESTA DEVE SER RECONHECIDA POR LEI. A FONTE DO DIREITO É A VONTADE POPULAR, E NÃO A NOVA ORDEM MUNDIAL QUERENDO NOS FAZER ENGOLIR GEISES ARRUDAS POR AÍ, BANDO DE IMBECIS. \\\"Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.\\\" SE EU NÃO LI ERRADO, O PODER DO NOSSO POVO EMANA DESTE NOSSO POVO, E NÃO DA VONTADE DA MAÇONARIA OU DE ÓRGÃOS INTERNACIONAIS PARA TENTAR \\\"EDUCÁ-LO\\\" DE ACORDO COM A POLÍTICA DA NOVA ORDEM MUNDIAL. QUANDO VEJO UMA GEISE ARRUDA SENDO ESCORRAÇADA DA FACULDADE, AINDA TENHO CERTO ALÍVIO, POR AINDA EXISTIREM VALORES MORAIS E DE FAMÍLIA, MAS QUANDO RETARDADOS COMO OS \\\"LETRADOS\\\" E A MÍDIA PEGAM ESSA PUTA E TRANSFORMAM ELA EM CELEBRIDADE, EM \\\"EXEMPLO DE CORAGEM\\\" (COMO SE SER BISCATE FOSSE LOUVÁVEL), DÁ PRA VER O QUANTO FOI LONGE ESTA LAVAGEM CEREBRAL MAÇÔNICA EM PORCOS DIPLOMADOS.

Lana Monteiro Funcionário Público Federal do Poder Judiciário 06/04/2014 14:52

Se essa é a sincera expressão do teu pensamento, por que usas pseudônimo? Parece-me que tens elevado conhecimento do Direito, todavia, nomeaste de \\\"imbecis\\\" os que \\\"estudam Direito\\\"; de \\\"retardados\\\" os \\\"letrados\\\" e de \\\"porcos\\\", os \\\"diplomados\\\". Essa assertiva te inclui nesses grupos, com exceção do último deles, pois é óbvio a tua frustração em não teres tido sucesso ao estudares Direito para seres \\\"letrado\\\" e \\\"diplomado\\\". Aliás, nenhum desses fatores podem mudar a tua natureza bestial de uma fera.

Lana Monteiro Funcionario Publico Federal do Poder Judiciario06/04/2014 14:54 Responder

A respeito do comentário deixado pelo \\\"Catador (ou comedor?) de Esterco\\\": Se essa é a sincera expressão do teu pensamento, por que usas pseudônimo? Parece-me que tens elevado conhecimento do Direito, todavia, nomeaste de \\\"imbecis\\\" os que \\\"estudam Direito\\\"; de \\\"retardados\\\" os \\\"letrados\\\" e de \\\"porcos\\\", os \\\"diplomados\\\". Essa assertiva te inclui nesses grupos, com exceção do último deles, pois é óbvio a tua frustração em não teres tido sucesso ao estudares Direito para seres \\\"letrado\\\" e \\\"diplomado\\\". Aliás, nenhum desses fatores podem mudar a tua natureza bestial de uma fera.

LUIZ ANTONIO DA SILVA advogado07/04/2014 18:12 Responder

O \\\"comportamento\\\", tudo ocorre por um comportamento. Vejam-se, insignes colegas, letrados, porcos, imbecis, catadores de esterco, outros não nominados, o comportamento de alguns dos participantes deste forum. O comportamento exacerbado de um motivou outro a responder com vil exacerbação, ambos injuriando. Penso que ambos seria grandes se aceitassem a opinião do outro sem ofensas. Não sou mediador de nada, mas apenas usando o exemplo para demonstrar relação de causa e efeito. Este espaço deve ser utilizado para debater a questão em voga no campo das ideias e não para cometerem ilícitos, como é o caso das injúrias cometidas por membros deste democrático espaço. Tudo por comportamento. O comportamento de um incitou o comportamento do outro. Não estou dizendo que o fato de a mulher se vestir com pequena ou pouca roupa dê azo à respostas violentas de cunho sexual, jamais, mas que acende a libido acende, dá até um entusiasmo. Já não bastasse os bestiais que deturpam o vínculo familiar atentando contra a integridade e dignidade de crianças, adolescentes e adultos, carne de sua carne, tornando suas noites mais escuras/negras e seu futuro tristonho. Sobretudo, não é somente a pequena ou pouca roupa e o abuso de confiança, os motivos de cometimento de estupros, há também os monstros que atacam as mulheres em locais ermos somente para satisfazer sua lascívia doentia. Assim, não é o fato de mulher usar pequena ou pouca roupa que motiva estupro, nem tampouco, enseja ela, ser estuprada. A razão de tudo é mesmo o comportamento do agente (estuprador). Ele estupra para satisfazer sua lascívia doentia. É por necessidade. Diante disso, entendo que é possível as pessoas de bem conviverem com o contraditório, com o diferente, porque ninguém e dono da verdade, ninguém é incontroverso. Mulheres, andando até mesmo nuas, ninguém deve estupra-las, nem são dignas disso, porque merecedoras de respeito. A minha convicção recomenda que as mulheres andem bem vestidas e com recatado gosto.

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