Partidos de oposição decidiram nesta terça-feira priorizar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para investigar irregularidades envolvendo a Petrobras. Embora os senadores já tenham conseguido o número mínimo de 27 assinaturas, deputados pressionam para que também possam participar da CPI e ampliar o “poder de fogo” da apuração.

Pelo acordo costurado nesta terça, senadores vão esperar pelo menos até quarta-feira para que os deputados consigam o mínimo de 171 assinaturas, o que permitirá que a CPI seja formada por parlamentares das duas Casas legislativas. Se o número de apoios não for alcançado, os senadores pretendem pressionar para que a comissão de inquérito seja mesmo instalada no Senado. Se for mista, a CPI precisará ser lida em sessão conjunta do Congresso, e a próxima está agendada apenas para 15 de abril.
 

“Precisamos saber qual o modus operandi, qual o estilo de governança que a Petrobras tem, e se houve efetivamente essas decisões que lesaram a companhia, os investidores e a população brasileira, que, em última instância, é sua proprietária. Esse é o papel da CPI. Ela é um instrumento da minoria que ninguém pode tirar”, disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos principais articuladores para a criação da comissão de inquérito.

 
Os parlamentares oposicionistas consideram que as investigações podem ser mais eficientes se incluírem deputados e senadores, principalmente por causa dos deputados insatisfeitos com o Palácio do Planalto que chegaram a organizar o chamado “blocão”. “É mais eficiente uma CPI mista. Estamos em vias de conseguir”, disse o presidente do DEM, senador José Agripino (RN).

Por ora, a ordem é manter a CPI do Senado em “banho-maria” até que os deputados consigam as assinaturas. Em um primeiro momento, deputados chegaram a recolher 192 apoios a um requerimento do PPS, mas os documentos apontavam focos de investigação diferentes. “Vamos fazer um único pedido para evitar questionamentos. A CPI tem peso político maior se for do Congresso”, disse o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP).