OAB diz que governo não tem desenvoltura para resolver crises

Fonte: Conselho Federal da OAB

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Ao analisar hoje (08) a crise brasileira, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, afirmou na capital italiana que o governo do presidente Luiz Inácio da Silva ?vem demonstrando uma fraqueza institucional muito forte desde os seus primeiros dias e não consegue ter desenvoltura quando se trata de crises administrativas que atentam contra os princípios da moralidade pública?. A afirmação foi feita durante entrevista coletiva, onde as perguntas se concentraram nas recentes denúncias de corrupção no Brasil. A entrevista foi concedida logo após ele ter participado de audiência do Papa Bento XVI no Vaticano.

Para Roberto Busato, a recente crise aprofundou ainda mais a dificuldade do governo Lula de ser transparente. ?Isso é incompreensível para o povo brasileiro, porque o governo é do partido que mais empunhava a bandeira da ética e as pessoas que mais exigiam transparência sempre foram aqueles que detém hoje o comando político do País - o presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores?, afirmou o presidente nacional da OAB. ?Essas pessoas estão hoje frustrando aquela grande esperança do povo brasileiro, que elegeu um metalúrgico e um partido operário para transformar os hábitos da administração pública no País?, completou.

O presidente da OAB disse lamentar ?a forma pueril e infantil de se conduzir as coisas na administração do País?. E arrematou: ?Efetivamente, hoje dá para se afirmar até que o governo brasileiro está despreparado para dirigir os destinos de uma nação poderosa, como é o Brasil?.

A seguir, a íntegra da entrevista concedida pelo presidente nacional da OAB em Roma:

P - Como o senhor analisa a atual crise brasileira, com denúncias de corrupção, com o partido do governo acusado de pagar mesadas para ele obter apoio no Congresso?
R - O momento é perigoso, o momento é difícil e de total atenção por todos que têm a responsabilidade de pensar sobre as coisas da República do Brasil. O governo Lula vem demonstrando uma fraqueza institucional muito forte desde os seus primeiros dias, não consegue ter desenvoltura quando se trata de crises administrativas que atentam contra os princípios da moralidade pública. O governo não consegue resolver a contento e com transparência esse tipo de problema e acaba se envolvendo, de tempos em tempos, em acontecimentos que colocam em dúvida sua transparência, sua moralidade e o aspecto ético que tem que encerrar a atividade do dirigente público. Isso vem ocorrendo desde a ocasião do episódio Waldomiro Diniz e agora com essa crise do PTB. Essa crise aprofunda ainda mais a letargia do governo em ser transparente; isso é incompreensível para o povo brasileiro, porque o governo é do partido que mais empunhava a bandeira da ética e as pessoas que mais exigiam transparência em respeito à ética sempre foram aquelas que hoje detém o comando político do País - principalmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores. E são essas pessoas que frustraram aquela grande esperança do povo brasileiro que elegeu um metalúrgico e um partido operário para transformar os hábitos da administração público no País.

P - Então, o senhor acha que os problemas resultam também de pouca transparência do governo?
R - O governo Lula deixou passar e perdeu essa grande oportunidade e acaba apenas repetindo as mazelas dos governos anteriores, sem exibir qualquer tipo de poder de transparência, poder de demonstrar à sociedade brasileira que não está envolvido dentro desses aspectos de ilicitudes que vem sendo denunciado por todos no Brasil atual. Portanto, é mais um momento difícil, que o país passa por ocasião dos dias atuais, em função de problemas havidos com amizades, com ligações políticas e arranjos puramente politiqueiros, que acabam prejudicando o bom andamento do País como nação soberana e democrática.

P - O senhor acha que é exagero falar em impeachment nesse momento, ou a Comissão Parlamentar de Inquérito em si já resolve?
R - A CPI é o caminho mais apropriado e todos no Brasil vínhamos falando isso. Mas o governo, numa operação abafa, numa operação de jogar o lixo para debaixo do tapete, acabou criando um desconforto e mostrando um temor tão grande do governo em termos da discussão ampla sobre a corrupção na máquina pública, que acabou lembrando esse episódio constitucional brasileiro, que foi o impeachment de um presidente da República. Pela primeira vez, o presidente se viu envolvido em problemas éticos e morais de seu governo. Eu vinha dizendo há muito tempo que o presidente Lula, em função de sua capacidade de se descolar da má imagem de seu governo, devia fazer uma grande reforma administrativa. Não fez e muito pior: acabou dando um cheque em branco a parceiros que todo mundo sabia que estava envolvido em atos ilícitos e isso acabou contaminando de tal forma o presidente da República que hoje se fala abertamente na possibilidade de impeachment. Portanto, é lamentável que um governo se desmonte em tão pouco tempo e tão rapidamente, como é lamentável a forma pueril e infantil de conduzir as coisas na administração do País. Efetivamente, hoje dá para se afirmar até que o governo brasileiro está despreparado para dirigir os destinos de uma nação poderosa, como é o Brasil, a décima quarta economia do mundo.

P- Um dos grandes afetados hoje na crise é o Legislativo. Então, o senhor acha que o legislativo, pela denúncia de existência de mesadas a parlamentares, deveria passar por inspeção?
R - Eu não diria que o Legislativo estaria hoje sendo vitimado por essa situação. Muito pelo contrário: ele é partícipe ativo desse estado de coisas que acaba atacando o governo. Se há corruptor ativo, há o ativo e vice-versa. Portanto, essa relação incestuosa entre o governo que corrompe e o Parlamento que é corrompido é uma coisa lamentável e isso traz o descrédito por parte da população em relação a essas instituições. O Congresso Nacional vem decaindo em qualidade moral a cada tempo - e vimos denunciando esse estado de coisas, por entender que muitos representantes do povo brasileiro estão representando cada vez uma cena de péssimo gosto, não traduzindo a grandiosidade da missão que é a de representar o povo em sua legítima aspiração. Essas histórias de mesadas, de aconchegos, de uso do dinheiro público através do nepotismo, por meio de concursos irregulares para ingresso na administração público constituem vergonha nacional. Os últimos escândalos devem ser passados a limpo para que possamos mudar um pouco a cara deste País. Não é possível assistirmos essas elites políticas tripudiando sobre a dignidade do povo brasileiro que, com muito sacrifício, vem levando a nação para a frente.

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