O pedido de perdão do trapalhão

Embora o pedido já tenha sido feito por intermédio da imprensa, o ex-padre irlandês Neil Horan ainda não consegue dormir em paz.

Fonte: Jornal da Globo

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Embora o pedido já tenha sido feito por intermédio da imprensa, o ex-padre irlandês Neil Horan ainda não consegue dormir em paz. Depois ter sido inocentado, há duas semanas, por um tribunal inglês das acusações de pedofilia e abuso sexual, ele novamente volta suas atenções para Vanderlei Cordeiro de Lima. Horan, de 50 anos, transformou-se numa das figuras mais odiadas do Brasil ao invadir o percurso da Maratona das Olimpíadas de Atenas e agarrar Vanderlei, que até então parecia destinado a obter uma histórica vitória verde-amarela na prova. Numa carta obtida com exclusividade pelo GLOBO, o ex-padre abre o coração para o atleta brasileiro e explica seus confusos argumentos para o lamentável incidente na Grécia.

Horan, que até a conclusão de seu julgamento estava impedido de sequer deixar Londres sem autorização e precisava se apresentar diariamente a uma delegacia no sul da capital inglesa, volta a prometer na carta que jamais irá interferir novamente num evento esportivo. Antes de roubar o sonho dourado de Vanderlei, o ex-padre já havia provocado um pandemônio ao invadir a pista do autódromo de Silverstone durante a volta de apresentação do GP da Inglaterra de 2003. Passou duas semanas na cadeia e deu sua palavra às autoridades inglesas de que não aprontaria mais confusão.

Horan está tentando aprender português

Se a palhaçada que protagonizou em Atenas fez muita gente desconfiar de que não pode escrever o que Horan fala, a imensa repercussão parece ter sido choque suficiente para que ele enfim seja um mero espectador de eventos. Uma prova é que o ex-padre jamais mostrou arrependimento pela irresponsabilidade em Silverstone, mas agora diz estar buscando meios de juntar dinheiro para ir ao Brasil em dezembro para tentar se desculpar pessoalmente com Vanderlei. Ele já fala até em contactar o Comitê Olímpico Brasileiro para pedir um convite para a festa em que a entidade homenageará o maratonista e o grego Polyvios Kossivas, que ajudou o brasileiro a se desvencilhar do ex-padre em Atenas.

? Eu nunca imaginei que fosse provocar tanta confusão e magoar uma pessoa que venceu sérias dificuldades na vida para se tornar um atleta de nível. Estou envergonhado do que fiz e já escrevi ao Comitê Olímpico Internacional pedindo para que Vanderlei também receba uma medalha de ouro ? afirma Horan.

A carta para Vanderlei tem duas páginas e, além das desculpas, expõe minuciosamente a tresloucada teoria do ex-padre sobre revelações nas entrelinhas da Bíblia. Horan acredita que suas intervenções em Silverstone e Atenas serviriam para alertar o mundo sobre uma segunda vinda de Cristo. O ex-padre, que deixou a batina há anos por sofrer de depressão, alega que sua intenção era de apenas invadir a pista para exibir um cartaz com frases religiosas, mas diz ter se desesperado ao só conseguir driblar a segurança quando Vanderlei já estava praticamente à sua frente.

? Perdi a cabeça e acabei agarrando Vanderlei. Ali mesmo percebi a bobagem que tinha feito e pedi desculpas a ele. Acho que ele não ouviu, por causa dos gritos na multidão ? lamenta o ex-padre.

Na conversa por telefone com O GLOBO, Horan diz ter comprado vários manuais de português e arrisca algumas expressões que parecem muito mais o italiano, língua que o ex-padre domina. Ele espera poder praticar pessoalmente com Vanderlei.

? Não vou ter paz na minha vida enquanto não tiver a chance de me explicar pessoalmente diante de Vanderlei e sua família. Eu jamais fiz mal a um ser humano e hoje carrego um peso danado em minha alma. Quero também felicitar o brasileiro por ter sido tão digno diante de toda a dor que causei e aproveitar também para pedir perdão a seus compatriotas.

Horan pede que o maratonista Vanderlei responda sua carta. Resta saber como o brasileiro vai reagir ao pedido, até porque um dos presentes de paz oferecidas pelo ex-padre ao atleta, entre presentes como um vaso de Waterford, cristal nobre típico da Irlanda, é uma uma dança tradicional do país, a Soft Jig ? a mesma com que Horan comemorou sua absolvição (unânime, por sinal), em frente ao Palácio da Justiça de Londres.

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