Nova dose de alta nos juros

Ano novo, juros mais altos. Em sua primeira reunião de 2005, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou ontem, pela quinta vez consecutiva, a taxa básica de juros da economia, que passou de 17,75% para 18,25% ao ano.

Fonte: Jornal O Globo

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Ano novo, juros mais altos. Em sua primeira reunião de 2005, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou ontem, pela quinta vez consecutiva, a taxa básica de juros da economia, que passou de 17,75% para 18,25% ao ano. Sem indicação de viés (tendência), os juros devem permanecer estáveis até a próxima reunião, nos dias 15 e 16 de fevereiro. A decisão pôs a taxa básica no maior nível desde os 19% ao ano de outubro de 2003.

Um dos motivos para mais uma alta dos juros é a estimativa de mercado para a inflação este ano. Na média, os analistas prevêem que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas do governo) vai subir 5,7% em 2005, acima dos 5,1% a serem perseguidos pelo BC. ?Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa de juros básica iniciado na reunião de setembro de 2004, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 18,25% ao ano, sem viés?, diz o comunicado da reunião, que levou duas horas e meia.

Taxa real do Brasil é a maior do mundo

Com o aumento dos juros básicos do Brasil, a taxa real (ou seja, descontada a inflação) se consolidou como a maior do mundo. Os juros reais saíram de 11,4% ao ano em dezembro para 11,9% agora, contra 9% da Turquia, segunda maior taxa da lista. Os cálculos, feitos pela consultoria GRC Visão, consideram a Selic atual (18,25% ao ano) e a projeção da inflação para os próximos 12 meses. A GRC acompanha os juros e a inflação de 40 países ricos e emergentes.

A decisão do BC não surpreendeu os analistas do mercado, que davam como certa uma nova alta de juros.

? A economia está aquecida e os índices de inflação estão vindo acima do previsto. Como o governo decidiu que, a cada ano, o país deve ter uma inflação mais baixa, não tem como chegar a esse objetivo se não através do aumento de juros ? diz Alexandre Póvoa, economista do Banco Modal.

Os analistas explicam que as altas de juros só têm efeito sobre a economia com alguns meses de defasagem. Mesmo assim, não vêem riscos, até agora, para o crescimento econômico de 2005. Alex Agostini, da GRC Visão, lembra que as últimas cinco elevações dos juros foram graduais. A Selic subiu, desde setembro, 2,25 pontos percentuais, para uma taxa hoje em 18,25%.

Paulo Vieira da Cunha, economista-chefe para a América Latina do HSBC em Nova York, também não acredita que os juros mais altos colocarão um freio no crescimento da economia este ano. Segundo ele, as projeções de expansão entre 3,5% e 4% este ano já contemplam uma taxa de juros mais alta, na casa dos 18%. Cunha não crê que os juros mais altos inibam os investimentos:

? Este processo está mais relacionado à perspectiva de estabilidade econômica do que à taxa Selic em si. Seria uma falácia imaginar o contrário. Os investimentos virão.

Póvoa, do Banco Modal, lembra que, mesmo com as elevações de juros ocorridas desde setembro, a economia se manteve em expansão. A oferta de crédito, cita Póvoa, foi pouco afetada, graças a uma expansão das novas modalidades de financiamento, como o desconto em folha de pagamento.

Ajuste está perto do fim, dizem analistas

Por isso, o economista acredita que, em fevereiro, o BC pode elevar novamente a taxa básica, em mais meio ponto percentual. O economista Elson Telles, sócio da Fides Asset Management, também prevê nova alta em fevereiro, mas só de 0,25 ponto percentual. Telles ressaltou que a elevação dos juros feita ontem vai levar a projeção de inflação para algo mais próximo à meta de 5,1% perseguida pelo BC este ano.

? Podemos estar próximos do fim desse ciclo de alta dos juros, talvez com mais um aumento de 0,25 ponto percentual em fevereiro ? diz.

Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management, também acredita que as altas de juros estão chegando ao fim:

? O BC vem calibrando o ritmo de expansão da economia com o que o Brasil pode, efetivamente, crescer. E essa taxa (de crescimento) não deve ser superior a 3,5% ou 4% este ano.

Para o economista Lauro Vieira de Faria, não havia necessidade de subir os juros. Ele cita as altas menores de preços no atacado como sinal de que não há risco de descontrole na inflação. A elevação dos juros, acrescenta, inibe investimentos, piora o perfil da dívida pública e exige um maior esforço fiscal do governo.

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