MPT pode questionar contribuição confederativa indevida

Fonte: Notícias do Tribunal Superior do Trabalho

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O Ministério Público do Trabalho (MPT) possui legitimidade para questionar judicialmente a cobrança de contribuição confederativa e outras da mesma natureza sobre os empregados não filiados ao sindicato profissional. A prerrogativa do MPT foi reconhecida, por unanimidade, pela Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, ao negar recurso de revista pela Federação dos Trabalhadores em Segurança e Vigilância Privada, Transporte de Valores, Similares e Afins do Estado de São Paulo ? Fetravesp.

A decisão confirma posicionamento da primeira e segunda instâncias trabalhistas de São Paulo. Ambas consideraram procedente ação civil pública do MPT paulista e declararam inconstitucional e inexigível a contribuição confederativa de 2% sobre empregados não-associados. A cobrança recaía sobre o período de junho de 1997 a abril de 1998, conforme cláusula de convenção coletiva de trabalho, sob o respaldo de Assembléia Geral da categoria.

A Fetravesp também foi condenada a devolver os valores recolhidos indevidamente e a abster-se de exigir e receber das empresas do setor o desconto da contribuição. Em caso de desobediência, foi fixada multa diária de 1.000 UFIRs, reversível ao Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT.

A federação alegou, no TST, a nulidade da decisão regional por ilegitimidade do MPT. A entidade de classe sustentou que o artigo 83, IV, da Lei Complementar nº 75/93 (Lei Orgânica do Ministério Público Federal) restringe a legitimidade aos casos envolvendo ?direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores?. No caso, a prerrogativa seria apenas do trabalhador que se sentisse lesado. Sustentou, ainda, que a ação civil pública resultou em interferência indevida do Poder Público nos sindicatos e em seus atos legítimos, como a assembléia que fixou os descontos confederativos.

A juíza convocada Rosa Maria Weber, relatora da questão no TST, afastou as alegações com base nos dispositivos constitucionais (arts. 127 e 129,III) e da LC 75/93 (arts. 6º, VII e 83, III e IV) que atribuem ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, regime democrático e interesses sociais e individuais indisponíveis. Também lhe atribuem a promoção do inquérito civil e ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

A interpretação da relatora levou à conclusão da legitimidade ?expressa? do MPT para propor ação civil pública na Justiça do Trabalho para a defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais assegurados pela Constituição.

Quanto ao tema de fundo, a incidência da contribuição sobre os não associados, Rosa Maria Weber confirmou a violação dos princípios constitucionais que protegem o salário e a liberdade de associação, como prevê o Precedente Normativo 119 do TST.

Essa jurisprudência coincide com o entendimento do Supremo Tribunal Federal cuja súmula 666 estabelece que ?a contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo?.
(RR 33573/2002-900-02-00.2)

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