MPRJ instaura inquérito civil para acompanhar ações da Prefeitura de Friburgo no combate à leptospirose
A promotora requereu a expedição de nota informativa à população na imprensa local sobre formas de prevenção da doença, cuidados básicos de higiene e com a alimentação e primeiros sintomas, para que os moradores possam procurar orientação médica
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por intermédio da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Nova Friburgo, instaurou inquérito civil com o objetivo de investigar a atuação das autoridades de Saúde do Município na condução das ações contra o surto de leptospirose instalado em Nova Friburgo. O inquérito foi instaurado pela Promotora de Justiça Luciana Soares Rodrigues, na última sexta-feira (28/01), quando foram expedidos ofícios à Prefeitura.
Para a Vigilância Sanitária do Município, foram requisitadas informações sobre quais medidas vêm sendo adotadas pelo órgão e se existe protocolo de alerta para surtos da doença.
O MPRJ também requisitou à Secretaria Municipal de Saúde e à Fundação Municipal de Saúde informações sobre a permanência de campanhas que tratem da prevenção da leptospirose e seus primeiros sintomas; se está havendo notificação dos casos; se há, na rede pública do Município, exame laboratorial para a confirmação desse diagnóstico; se há medicamentos suficientes para o tratamento da doença; em qual unidade de saúde será feita a internação de casos graves; e, por fim, se a unidade de diálise do Hospital Municipal Raul Sertã (HMRS) encontra-se em funcionamento.
O HMRS é considerado referência no tratamento de insuficiência renal, uma das maiores complicações decorrentes da leptospirose.
Além disso, a Promotora requereu a expedição de nota informativa à população na imprensa local sobre formas de prevenção da doença, cuidados básicos de higiene e com a alimentação e primeiros sintomas, para que os moradores possam procurar orientação médica. De acordo com Luciana, é importante que as pessoas reconheçam os sintomas neste momento que corresponde ao período de incubação da doença.
"Passaram-se cerca de 18 dias desde as inundações. O período de incubação da doença é de um a 30 dias. Como os sintomas se parecem com os de uma virose ou gripe, é importante a divulgação das informações para obtermos um diagnóstico mais rápido no tratamento dos doentes", explicou.
Sobre a leptospirose
O MPRJ aproveita para reforçar as informações sobre a leptospirose, doença que surge com frequência após inundações, devido ao contato das pessoas com a água ou lama contaminada pela urina de roedores, reproduzindo dados da cartilha Saiba como agir em caso de enchentes, elaborada pela Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde:
Sintomas da leptospirose - febre alta, dor de cabeça, dores musculares (principalmente na panturrilha), podendo ocorrer casos mais graves como icterícia (coloração amarelada na pele e nas mucosas), insuficiência renal e hemorragias.
Nas formas mais graves é necessária assistência hospitalar, devido ao risco de morte.
Os primeiros sintomas podem aparecer de um a 30 dias depois do contato com as inundações. Na maior parte dos casos, aparecem de sete a 14 dias.
A doença é curável sendo o diagnóstico e o tratamento precoce as melhores soluções.
Prevenção - A população deve evitar o contato com água ou lama de enchentes ou esgotos.
É necessário impedir que crianças nadem ou brinquem nesses locais, que podem estar contaminados pela urina dos ratos.
Pessoas que trabalham na retirada da lama e entulho devem usar botas e luvas de borracha para evitar o contato da pele com água e lama contaminadas (se isso não for possível, usar sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés).
Usar também um pano ou lenço limpo para cobrir a boca e o nariz.
Após as águas baixarem, será necessário retirar a lama e desinfetar o local (sempre se protegendo).