MP diz ser preciso quebrar sigilos bancário e telefônico de aluno morto

Promotora Mildred de Assis Gonzalez acompanha investigação da polícia. Estudante morreu após ser baleado na USP; suspeitos são procurados

Fonte: G1

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O Ministério Público estadual entende ser necessário quebrar os sigilos bancários e telefônico do aluno da USP morto com um tiro na cabeça a noite de quarta-feira (18) no estacionamento da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo para ajudar a esclarecer qual foi a motivação do crime.


Para a promotora Mildred de Assis Gonzalez, que acompanha as investigações da Polícia Civil sobre o caso, é preciso saber se o estudante Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, sacou algum dinheiro num caixa eletrônico do campus, como afirmou uma testemunha, ou se havia recebido alguma ameaça por telefone. A promotora deverá falar com os policiais na próxima semana.


O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) poderá pedir a Justiça a quebra dos sigilos. Por enquanto, o departamento trabalha com a hipótese de que o aluno do 5º ano do curso de Ciências Atuariais foi morto ao reagir a um assalto. O diretor do DHPP afirmou em entrevista coletiva na noite de quinta-feira (19) que um outro aluno viu a vítima ser perseguida por dois homens após ter retirado dinheiro de um caixa perto da FEA. A própria família da vítima disse que o aluno já tinha enfrentado ladrões dentro do campus antes do crime, em outras duas oportunidades.


Retrato falado


A polícia divulgou um retrato falado de um dos dois suspeitos e imagens deles, que foram gravadas por câmeras de monitoramento de segurança.


Outras duas pessoas foram ouvidas pela polícia. Uma delas é um aluno que disse ter corrido dos criminosos após ter sido abordado por eles num ponto de ônibus. A outra testemunha é um vigilante da USP, que afirmou ter ouvido o tiro que matou Felipe.


Ainda na versão de uma testemunha, Felipe tentou fugir dos homens que o perseguiam correndo em direção a seu carro, um Gol blindado ano 1995. Para a investigação, a vítima lutou com os agressores e foi baleada. Os criminosos fugiram em seguida, entre 21h30 e 22h.


A Polícia Militar foi chamada cerca de 30 minutos depois. Ao chegar ao local, encontrou a maçaneta do carro da vítima avariada e a porta do veículo aberta. A perna de Felipe estava dentro do carro enquanto o corpo ficou do lado de fora do automóvel. As câmeras que estavam nessa região, não gravaram o crime porque não funcionavam.


Apesar de o DHPP falar em latrocínio (roubo seguido de morto), o pai de Felipe, Ocimar Florentino de Paiva, de 52 anos, afirmou na tarde de quinta, durante o enterro do filho, em Caieiras, na Grande SP, que aparentemente nada havia sido roubado do filho. Na carteira do aluno estavam R$ 90 e todos os cartões.O telefone celular da vítima foi apreendido e deverá ser analisado pelos peritos da Polícia Técnico Científica.


Ministério Público

 

Entendo que é preciso pedir quebra do sigilo telefônico e bancário da vítima. Ver se ele sacou mesmo o dinheiro que a testemunha alega ter visto. Nessa etapa, todas as hipóteses para explicar o crime são possíveis, desde uma reação a um assalto, até alguém que queria matá-lo”, disse a promotora Mildred Gonzalez, na manhã desta sexta-feira (20).


Mildred é promotora do 5º Tribunal do Júri, que apura crimes contra a vida no Fórum da Barra Funda. A sua promotoria é especializa em acompanhar casos nos quais o criminoso tem somente a intenção de matar a vítima por algum motivo. Ela, por exemplo, atuou em outro caso de repercussão dentro da própria USP, quando um aluno esfaqueou e matou o colega dentro da rádio da universidade em 2005. O agressor foi condenado, mas recorreu da decisão em liberdade. Ele acabou morrendo em 2010.


A respeito do caso de Felipe, morto com um tiro no estacionamento da USP, a promotora afirma que só poderá continuar a atuar nele se a Polícia Civil concluir no inquérito que o aluno foi mesmo vítima de um assassinato e não de um latrocínio. Isso porque, nas palavras de Mildred, latrocínio é apurado por outro promotor competente para isso.


Segurança


Enquanto o DHPP não conclui o caso, a promotora afirmou que irá procurar os distritos da Polícia Civil responsáveis por registrar ocorrências que acontecem na USP para discutir com os delegados planos de segurança que possam ser adotados dentro do campus.


“A gente enxerga a Polícia Civil como remédio. Mas pode ter trabalho preventivo dela, de parar e conversar com as pessoas. Parar pessoas e levar para averiguação no local”, disse Mildred.


Segundo a promotora é preciso discutir a reformulação do procedimento de segurança dentro da USP. “Para mim, os portões de acesso têm de ficar fechados. Funcionários, estudantes e professores precisam ter crachá e se identificar”.

A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública foi procurada na manhã desta sexta pelo G1. A pasta foi questionada se o DHPP irá ouvir alguma testemunha ou se tem informações sobre o caso. A secretaria não havia respondido a solicitação até as 12h.

Palavras-chave: MP; Sigilo bancário; Aluno; USP; Supeitos; Investigação

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