Loja terá que indenizar consumidora por atitude desrespeitosa e desleal

De acordo com o juiz, "o caso não é de mero descumprimento contratual". A loja, além de não cumprir o contrato, deixando de entregar o produto, causou lesão à dignidade da consumidora. Isso ocorreu por vários fatos

Fonte: TJDFT

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As Casas Bahia terão que pagar indenização de 7 mil reais a título de danos morais a uma consumidora, além de danos materiais, em virtude de "reiteradas condutas de desrespeito e deslealdade" com a parte menos favorecida. A sentença do 2º Juizado Cível do Paranoá foi confirmada, de forma unânime, pela 1ª Turma Recursal.


A autora conta que a máquina de lavar roupa adquirida em janeiro de 2010 não lhe foi entregue nem na primeira, nem na segunda, nem na terceira vez, conforme acordado. A loja, então, ofereceu-lhe um produto inferior (uma máquina de 10kg) ao mesmo preço da máquina de 11 kg adquirida inicialmente. Mesmo tendo aceito tal proposta, ainda assim, a loja não cumpriu a entrega.


A loja, por sua vez, sustenta que a consumidora escolheu um produto "em falta no depósito" e alega que tentou entregar o produto no prazo, mas não conseguiu encontrar a autora.


Na sentença, o juiz relata que mantém firme posição no sentido de que mero descumprimento contratual justifica reparação material apenas, não cabendo indenização por dano moral. Porém, prossegue ele, "o caso não é de mero descumprimento contratual". A loja, além de não cumprir o contrato, deixando de entregar o produto, causou lesão à dignidade da consumidora. Isso ocorreu por vários fatos.


"Primeiro, a ré vendeu um produto que não tinha no estoque e, portanto, não tinha a garantia de entrega. A ré não provou ter informado isso à autora. Pelo contrário, a autora se mostrou surpresa e lesada com essa situação. Segundo, a ré quis trocar o produto por outro inferior, ou seja, uma máquina de lavar de 11 kg por uma de 10 kg, mantendo o mesmo preço. Mais uma vez, buscou conquistar vantagem indevida em desfavor da consumidora, parte vulnerável da relação de consumo. Terceiro, a ré vendeu um produto à autora em 06.01.2010 e absurda e injustificadamente não deu nenhuma solução razoável ao caso, deixando até a presente data, deliberadamente e por desproporcional período de tempo, de restituir qualquer valor à autora e nem mesmo cancelar a venda, inclusive na administradora de crédito".


"Esse é um caso típico de descaso total do fornecedor com os interesses do seu parceiro negocial (consumidor), lesando a dignidade deste, mediante reiteradas condutas de desrespeito e deslealdade, conforme observado", afirma o juiz. "Houve, pois, lesão à dignidade da autora e, portanto, dano à sua integridade moral. A autora deve, portanto, ser compensada pecuniariamente", conclui.


O magistrado ensina que o valor deve ser módico, a fim de não causar enriquecimento indevido à parte autora, mas deve representar algum impacto negativo à ré. Sendo assim, fixou em 7 mil reais o montante da indenização por danos morais, acrescidos de 1.199 reais por danos materiais, relativos à máquina que nunca foi entregue.

 

Nº do processo: 2010.08.1.002389-5

Palavras-chave: Casas Bahia; Entrega; Consumidor; Direito; Indenização

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2 Comentários

ISMAEL DA SILVEIRA ADVOGADO29/01/2011 13:25 Responder

Parabéns ao Juiz ianugural, como, aos Desembargadores, temos que ter em mente que, se a quebra contratual for por pouco tempo, ai sim não enseja danos morais, mais, se, por varias vezes o consumidor tente resolver o problema, e não consegue, ai sim gera o dano moral, tomara que vire uma súmula. ISMAEL DA SILVEIRA

Raymundo Avelino Aposentado29/01/2011 22:43 Responder

Gostei da decisão do Juiz. Pois os lojistas têm que respeitar os consumidores, razaão da existência de suas empresas. Sem clientes, não existe consumo. Sem consumo, não existe a empresa. Portanto, a relação entre as partes, tem que ser a mais democrática possivel e, procurando levar em conta, a velha frase que diz: \\\"O cliente tem sempre razão\\\". Na minha opinião, faltou ao Dr. Juiz, solicitar que fosse devolvida em dobro o dinheiro desembolsado na compra da máquina. Raymundo Avelino.

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