Justiça de Santa Maria pede compreensão às famílias de vítimas

Tragédia na Boate Kiss causou a morte de 242 pessoas e deixou mais de 620 feridas; principais acusados estão soltos

Fonte: Agência Brasil

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O segundo maior incêndio do país completa um ano na próxima segunda-feira (27). O primeiro aconteceu em 1961, em um circo em Niterói (RJ). A tragédia na Boate Kiss, que causou a morte de 242 pessoas e deixou mais de 620 feridas, abalou o município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O luto ainda marca muitas casas da cidade.


Familiares e sobreviventes reclamam da impunidade e pedem justiça. Para o presidente da AVTSM (Associação dos Familiares de Vitimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria), Adherbal Ferreira, a dor alimenta o desejo de cobrar das autoridades punições aos envolvidos. Desde maio do ano passado, os quatro principais acusados no processo estão soltos.


O presidente da AVTSM acredita que as autoridades tratam o caso sem a devida atenção. “Não é um crime comum, é um assassinato em massa de pessoas que estavam tentando se divertir e suas vidas foram cortadas. Entendemos que as pessoas que fizeram esse fato acontecer são assassinos e merecem, sim, punição”.


O sentimento é o mesmo para o ex-coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), Alex Monaiar. Para ele, prevalece na cidade uma sensação de injustiça, apesar das pessoas evitarem falar sobre o assunto. “Hoje é uma coisa meio velada, parece que foi para baixo do tapete. A coisa voltou ao normal, mas no interior de cada um, não”.


O primeiro promotor de Justiça Criminal da Comarca de Santa Maria e responsável pelos processos criminal e militar, Joel Dutra, pediu a compreensão dos familiares e amigos. Ele destaca que o MP (Ministério Público) não pode se pautar pelo tamanho da tragédia e explica que, apesar de a associação querer responsabilizar as autoridades do Executivo municipal, os fatos mostram que não tem como denunciar criminalmente esses agentes públicos.


Ele também disse que o MP tem que ser “absolutamente técnico” em casos como esse. “Não posso fazer um julgamento ético ou moral das pessoas. Nós, do MP, temos a obrigação de ser os fiscais da lei. Para nós, seria mais fácil acusar muitas pessoas e jogar para a Justiça fazer o filtro".


Segundo o juiz da 1ª Vara Criminal de Santa Maria e responsável pelo caso, Ulysses Louzada, é preciso ter cautela para não cometer injustiças. “Pela complexidade do processo, ele tem que demorar um pouco mais que os outros, é natural. Não é um fato comum. A gente não pode atropelar, temos que procurar fazer o máximo de justiça possível.” Segundo ele, até agora já foram ouvidas 92 testemunhas e este ano serão ouvidas mais vítimas.

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