Juízes acusam magistrados por fraudes em empréstimos

Ao menos 140 juízes tiveram seus nomes usados várias vezes sem saber, entre eles o próprio presidente da Ajufer

Fonte: Folha Online

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Uma investigação conduzida por juízes federais encontrou indícios de que um grupo de magistrados participou de uma fraude que desviou dinheiro de empréstimos concedidos pela Fundação Habitacional do Exército.


Documentos da investigação realizada pela associação que representa os envolvidos, obtidos pela Folha, revelam que entre os beneficiários dos empréstimos estão associados fantasmas ou usados como laranjas.


Para que fossem fechados os contratos de empréstimos, segundo a investigação feita sob sigilo, foram falsificados documentos num período de cerca de dez anos.


A Fundação Habitacional do Exército é uma entidade privada ligada à Força, mas que também oferece empréstimos a servidores de governos e do Judiciário.


Entre 2000 e 2009, a Ajufer (Associação dos Juízes Federais da 1ª Região), segunda maior entidade de juízes federais do país, assinou 810 contratos com a fundação. Segundo a apuração, cerca de 700 foram fraudados.


Nesse período, ao menos 140 juízes tiveram seus nomes usados várias vezes sem saber, entre eles o próprio presidente da associação, Roberto Veloso, eleito em novembro. "Meu nome foi usado fraudulentamente cinco vezes", disse ele à Folha.


Apenas 40 magistrados admitiram ter contraído os empréstimos.


Cheques da associação foram sacados na boca do caixa e depositados em outras contas bancárias, para dificultar o rastreamento do dinheiro desviado.


Foram feitos depósitos em nome de construtoras, de concessionária de veículos e, suspeita-se, para um agiota, que negocia ouro e joias.


O esquema foi descoberto em 2009, quando um oficial do Exército reconheceu o nome de uma parente entre os beneficiários dos empréstimos e a procurou para saber se ela enfrentava dificuldades financeiras. A juíza não sabia da falsa dívida.


Em novembro do ano passado, após a descoberta das fraudes, o então presidente da Ajufer, Moacir Ferreira Ramos, que concorria à reeleição, renunciou ao cargo.


Ramos foi afastado da função de juiz pelo Conselho Nacional de Justiça mas depois foi reintegrado pelo Supremo Tribunal Federal.


José de Melo, diretor de captação da fundação, que assinou todos os contratos, também foi afastado no ano passado. Em 2006, ele recebeu o primeiro título de sócio honorário da Ajufer.


Os contratos eram assinados apenas pelos representantes da associação e da fundação e eram acompanhados de uma lista com os nomes dos juízes supostamente beneficiados, sem suas assinaturas, ao lado dos respectivos valores.


O dinheiro levantado com contratos fictícios quitava contratos reais, em nome de magistrados suspeitos de participarem do esquema.


Veloso diz que a fraude foi detectada pelos extratos bancários. "Quando o contrato era verdadeiro, o depósito era feito na conta do juiz. Quando era fraudado, o dinheiro não ia para a conta do juiz indicado no contrato".


Outro lado


O juiz Moacir Ferreira Ramos, 52, ex-presidente Ajufer, diz que não recebeu cópia do relatório da sindicância. "Eu pedi por escrito. Tenho interesse de obter essa informação, que me tem sido sonegada. Como posso exercer o contraditório?"


"Quem elaborou não tem isenção. Eu não me isento de responsabilidade. Renunciei à presidência da Ajufer e à reeleição. Não quis voltar a trabalhar [como juiz] para não desgastar a imagem da magistratura", afirma. Ramos pediu aposentadoria. "Eu lamento, não queria passar por essa situação."


"Tem irregularidades. Estão sendo apuradas. Agora, todo mundo quer sair fora. Como outro diretor assina o contrato comigo e diz que não sabia?", pergunta.


Ele diz que foram usados nomes de juízes que desconheciam os empréstimos "para suprir o caixa da Ajufer". Para ele, a ideia de pirâmide "é balela". "Como uma diretoria, composta por 16 membros, não saberia?"


"Não há qualquer ato que me desabone em 17 anos como magistrado", afirma.


A FHE informa que o diretor de captação, José de Melo, foi afastado em outubro, a pedido do então presidente, general Clovis Jacy Burmann. Segundo a FHE, Burmann foi substituído em dezembro, "em processo natural de transmissão de cargo, após 14 anos de excelentes serviços prestados".

Palavras-chave: Ajufer; Fraude; Empréstimos; Caixa; Magistrados

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5 Comentários

claudete aposentada19/03/2011 12:09 Responder

ESSAS ESTÓRIAS DE ATOS ADMINISTRATIVOS PRATICADOS POR TODA CLASSE DO FUNCIONALISMO, NÃO SERIA DIFERENTE JUSTAMENTE COM OS HOMENS QUE TEM A RESPONSABILIDADE DE JULGAR. INFELIZMENTE A ESTÓRIA SE REPETE TODOS SÃO INOCENTES NINGUÉM SABE DE NADA, E O LEMA DESSA PAÍS NO CONTRADITÓRIO NINGUÉM SEGURA NADA. E TUDO ACABA EM PIZZA, QUE BOM QUE É ASSIM. COMO OS EXEMPLOS VEM DE CIMA, TALVEZ SEJA ESTA UMA DAS RAZÕES DA CRIMINALIDADE SE EXPANDIR NA VELOCIDADE DE UM COMETA, AQUI CLARO, NO BRASIL.

Olympio advogado19/03/2011 18:40 Responder

Bem feito! Talvez com a descoberta dessas fraudes os magistrados deixem de comer mosca e procurem combater com mais veemência empresas fraudulentas que fazem isso com todos os tipos de funcionários e aposentados, e que fazem ainda os coitados penarem meses e anos para tentar anular empréstimos consignados que eles nunca fizeram. Bem feito! Tomara que faça mais para eles tomarem vergonha.

Vadislau Charczuk Bioceticista, Ambientalista, Pensador Sem Fronteiras...20/03/2011 13:23 Responder

POBRE CIDADÃO...que, ainda tem esperança no CNJ que lamentavel-mente o SUPREMO, ainda não o apoia como deveria em sua NOBRE MISSÃO, que, também, sob FORTE PRESSÃO - em nome do \\\"corpora-tivismo\\\", que só visa, ainda, PROTE-GER E ACOBERTAR A TANTOS -\\\"julgadores de plantão\\\"QUE ACABAM EXPONDO GRAVÍSSIMA E IRRE-FUTAVELMENTE QUAISQUER POSSIBILIDADES DE \\\"reformas\\\" -sem a participação multidisciplinar de profissionais do terceiro setor- visan-do RESGATAR -minimamente-OS DI-REITOS HUMANOS UNIVERESAIS E INDISPONÍVEIS desrespeitados por quem SE APODERA DA ESTRU-TURA JUDICIÁRIA para locupleta-rem-se ilicita, criminosa, sociopaté-tica, e, impunimente, não só de valo-res monetários mas da ESPERANÇA EM RESGATAR A \\\"JUSTIÇA\\\"-SUA REFEM HÁ MUITO! ...\\\"asta quantum catilina abutere patientia nostra\\\" SERÁ QUE , AINDA É POSSIVEL TERMOS ESPERANÇA SEM APOIARMOS O CNJ?

Ludmilla sua profissão29/03/2011 0:45 Responder

E apesar das provas, não li nenhum elogio ao EXÉRCITO aqui. Como sempre, o Exército Brasileiro sim, é composto por homens probos, dispostos a dar a vida pelo Brasil e acima de tudo, honrados, competentes e honestos. Essa pessoa deve tomar aulas com o EXÉRCITO BRASILEIRO para aprender a ter honradez, dignidade e probidade. Cada dia que passa, sinto mais nojo de alguns seres que se dizem humanos.

Wilma S.M. Pinto Advogada, prof. Univ.23/04/2011 14:37 Responder

Lamentável. e são esses juizes que julgam o cidadão comum. Triste ainda a certeza de que todo esse escândalo criminosos praticados por integrantes de òrgão -o PODER jUDICIÁRIO-encarregado de zelar pela dignidade, moralidade ,ENFIM implantaNDO tranquilidade banindo ,excluindo da sociedade os delinquentes, dão esse vergonhoso- condenável exemplo. Deveriam sim serem punidos com penas mais rigorosas, Porem,infelizmente não é o que acontece, pois , acabam sendo arquivados, por desinteresse do Estado, protecionismo mesmo!, Já se tornou rotineiro esses atos, basta lembrarmos do MENSALÃO , outros episódios como a venda de sentenças. Todos já foram liberados, ou melhor nem sequer foram aprisionados, à exceção de um Juiz que já foi liberado. Coitado, por que só ele?. pasmem os céus.

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