Inquérito no STF mostrará 'mais uma vez' que Delcídio mentiu, diz presidente Dilma Rousseff

Nesta terça (3), PGR pediu autorização para investigar Dilma, Lula e Cardozo. Rodrigo Janot quer apurar suposta tentativa de atrapalhar a Lava Jato.

Fonte: G1

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A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (4), em pronunciamento à imprensa, que, se o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir instaurar um inquérito para investigá-la, a apuração demonstrará, “mais uma vez”, que o senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) "faltou com a verdade".


Nesta terça (4), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo um pedido de abertura de inquérito para investigar Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o advogado-geral da União, ministro José Eduardo Cardozo, por suposta obstrução à Justiça em tentativa de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.


O pedido de investigação é baseado em depoimentos de Delcídio à Procuradoria Geral da República. O ex-líder do governo Dilma no Senado e seu ex-chefe de gabinete Diogo Ferreira disseram aos procuradores da República que o ministro Marcelo Navarro foi nomeado para o Superior Tribunal de Justiça sob o compromisso de conceder liberdade a donos de empreiteiras presos na Lava Jato.


“As denúncias feitas pelo senador Delcídio são absolutamente levianas e, sobretudo, mentirosas, conforme já reiterei sistematicamente desde que elas apareceram. Aliás, o senador Delcídio tem a prática de mentir e isso ficou claro ao longo dessa questão relativa à sua prisão. Tenho certeza que a abertura do inquérito vai demonstrar apenas que o senador, mais uma vez, faltou com a verdade”, declarou a presidente após anunciar, em uma cerimônia no Palácio do Planalto, a liberação de R$ 202,8 bilhões por meio do Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017.


Sigiloso, o pedido de Janot ao Supremo será analisado pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no tribunal. O sigilo é motivado pelo fato de que a solicitação tem como base gravações de conversas telefônicas entre Dilma e Lula, inicialmente divulgadas pelo juiz federal Sérgio Moro e cujo segredo foi decretado posteriormente por Teori.


Em meio ao seu discurso no evento desta quarta-feira no Planalto, Dilma não chegou a falar sobre o pedido de Janot ao STF. Ao final da cerimônia, a petista se dirigiu aos jornalistas que cobriam o evento e, sem permitir perguntas, disse que se pronunciaria sobre o pedido da PGR em razão de, na noite desta terça (3), segundo ela, a imprensa não ter divulgado uma nota dela sobre o assunto.


“Tenho consciência das mentiras do senador Delcídio do Amaral e acho que a credibilidade do senador é bastante precária. Acredito que é necessário investigar de onde surgem essas afirmações do senador e comprovar”, enfatizou.


Vazamentos


Dilma Rousseff também aproveitou o pronunciamento à imprensa para dizer que “lamenta” que tenha ocorrido “vazamento” do pedido de Rodrigo Janot ao STF, que corre sob sigilo. Para a presidente, isto é algo “muito grave”, porque ela só tomou conhecimento do pedido pela imprensa.


Ela informou que pedirá à Advocacia-Geral da União a abertura de uma investigação para apurar o “vazamento” da decisão.


A petista aproveitou para dizer que o "vazamento" ocorreu "estranhamente" às vésperas de o Senado votar o processo de impeachment dela. Nesta semana, a comissão especial que analisa o pedido deverá votar o parecer do relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) e, na semana que vem, no dia 11 ou 12, a expectativa é que o plenário do Senado analise a admissibilidade do processo de afastamento.


Se a maioria dos senadores optar pela continuidade do processo de impeachment, Dilma será afastada da Presidência por até 180 dias, e o vice-presidente Michel Temer passará a comandar o Palácio do Planalto.


“Aqueles que vazaram [a decisão de Janot] têm interesses escusos e inconfessáveis”, acusou a presidente.


“Esses vazamentos têm uma característica: você vaza e, se depois se caracterizar que nada há, o dano já foi feito. Daí, o que querem com isso? Querem o dano feito. Podem ter certeza que eu também quero dizer que sempre fui a favor de investigações e quero que esta seja investigada a fundo. Inclusive, quero saber quem foi o autor do vazamento”, concluiu Dilma.


Impeachment


Ao longo de seu discurso no evento de lançamento do Plano Agrícola 2016/2017, Dilma comentou sobre o processo de impeachment que enfrenta no Congresso Nacional. Ela voltou a atacar o pedido de afastamento e reafirmou que não há base legal para que ela deixe o mandato.


Ela, mesmo assim, voltou a se defender. "Hoje há, no Brasil, um processo de impeachment contra o qual luto e lutarei em todas as instâncias e com todos os instrumentos possíveis. Tenho a tranquilidade de não ter cometido crime de responsabilidade", declarou a presidente, avaliando que o processo de afastamento dela é "frágil e fraudulento".

Dilma também rebateu as acusações de que teria cometido as chamadas "pedaladas fiscais" - prática que consistiu no atraso do pagamento a Bancos Públicos que financiaram programas sociais - no Plano Agrícola, uma das teses que embasam o pedido de impeachment dela.


Segundo a presidente, não houve aumento de gastos na safra do ano passado, não é possível caracterizar operação crédito e todas as "pendências" com o Banco do Brasil foram quitadas dentro do prazo.


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