Igreja Universal condenada por coagir fiel a fazer doações

Os autores serão indenizados moralmente em R$ 20 mil reais. Eles alegaram que o líder religioso da instituição dizia que quanto mais dinheiro fosse doado, mais Jesus daria em troca

Fonte: TJRS

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A Igreja Universal do Reino de Deus foi condenada a pagar indenização de R$ 20 mil por ter coagido fiel a doar seus bens em troca de bênçãos. A decisão é da 9ª Câmara Cível do TJRS, que confirmou decisão de 1º Grau.


A mulher e seu companheiro ajuizaram ação na Comarca de Lajeado afirmando terem sido enganados e iludidos. A mulher narrou que o casal vinha passando por problemas financeiros, razão que a levou a procurar a Igreja Universal. Contou que, ao final de cada culto, os pastores recolhiam certa quantia em dinheiro e afirmavam que, quanto mais dinheiro fosse doado, mais Jesus daria em troca.


Salientou que, em função da promessa de soluções de seus problemas, realizou diversas doações: vendeu o veículo que possuía, entregou joias, eletrodomésticos, aparelho celular e uma impressora. Os autores pediram indenização por danos morais e materiais.


No 1º Grau, a Juíza Carmen Luiza Rosa Constante Barghouti condenou a ré a restituir os celulares e fax, dois aparelhos de ar-condicionado e uma impressora. Também determinou o pagamento de indenização por dano moral em R$ 20 mil.


A Igreja Universal recorreu da sentença. Alegou que não constrange seus fieis a entregar dízimos ou doações e que não há nenhuma prova de que a mulher estivesse provada de discernimento durante o período no qual frequentou a igreja. Salientou que ela passou a frequentar o local por vontade própria.


Apelação


Inicialmente, o relator da apelação, Desembargador Tasso Caubi Soares Delabary, salientou que, uma vez que o dízimo e a oferta, em regra, são atos de disposição voluntária voltados à colaboração com o templo religioso, podem ser classificados como doação. Mas destacou que a doação pode ser anulada quando a pessoa é coagida a doar, sob pena de sofrimento ou penalidades. "Nesses casos, a violência psicológica é tão ampla e profunda que anula, por completo, a sensatez e a manifestação da vontade", salientou.


Citando decisão da magistrada de Lajeado, observou que as testemunhas ouvidas - dentre elas o pastor da igreja - confirmaram que a mulher, que era empresária, vinha passando por dificuldades financeiras.  Alguns dias depois de começar a frequentar o local, ela teria dado um testemunho na igreja de que conseguira um bom contrato.


Os relatos de pessoas que frequentam a igreja explicaram como funciona a oferta, momento em que o pastor passa um envelope para os presentes realizarem doações. Uma delas contou que já entregou em torno de R$ 5 mil e um carro. Contaram também a respeito do "voto quebrado". O fiel se compromete a uma determinada doação e recebe uma carta que, baseada em trecho da bíblia, traz as penalidades sofridas por quem não cumpre suas promessas.


A Juíza de 1º Grau apontou que "a partir da prova testemunhal produzida, verifica-se que a instigação maior ao ato de doar é realizada nos dias da Fogueira Santa, ocasião em que os fieis são desafiados a realizarem donativos superiores, restando evidente que, apesar do consentimento externado pela doação, foi ele deturpado pela coação moral e psicológica exercida pela requerida [Igreja Universal]".


Enfatizou que os depoimentos demonstram que a autora, juntamente com os demais fieis, foi desafiada a fazer donativos, inclusive superiores a sua capacidade financeira, com o objetivo de provar a fé e sob ameaça de não ser abençoada.


Danos materiais e morais


As testemunhas e documentos apresentados pela autora atestaram a entrega de dois aparelhos de ar-condicionado, um fax, uma impressora e uma cozinha. Parte desses bens foi devolvida aos autores, portanto foi determinada a restituição dos bens, conforme determinado na sentença. Quantos às doações que não foram comprovadas, não foi determinada sua devolução.


O dano moral foi mantido em R$ 20 mil, a fim de compensar a autora pelos danos sofridos e, ainda, inibir a condenada de práticas novos atos lesivos semelhantes. A quantificação do dano material (referente aos bens doados) será fixada na fase de liquidação de sentença.


A decisão é do dia 28/11. O Desembargador Leonel Pires Ohweiler e a Desembargadora Marilene Bonzanini acompanharam o voto do relator.

 

Apelação Cível nº 70051621894

Palavras-chave: Coação; Doação; Instituição religiosa; Culto religioso; Indenização

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12 Comentários

Antonio da Silva Miranda Advogado05/12/2012 22:24 Responder

É comum pastores da IURD coagirem os frequentadores da mesma a doarem valores q ñ possuem, muitas vezes em detrimento de suas maiores necessidades. Vem a proposito essa condenação.

Maria Alice Machado Estudante de DIREITO05/12/2012 23:01 Responder

Ah!!! até que enfim!!! os fieis resolveram a acordar Santo Cristo!!! As vezes fico imaginando que tipo de lavagem cerebral essas pessoas sofrem dentro desse templo de horrores.... USAR O NOME DE DEUS para coagir os pobres coitados em ato de desespero a doar até o sangue para mercenários sem escrúpulo!!!! ACHO QUE ESSA QUANTIA AI FOI IRRISÓRIA TERIA QUE SER UMS CEM MIL REAIS E AINDA SERIA POUCO.

Marcos Delacroix Micro Empresário.05/12/2012 23:27 Responder

Os Pastores da Igreja e Universal e das demais igrejas Pentencostais deveriam serem enquadrados como Traficantes conforme Lei 11343/06 § 2º. Visto que o que oferecem é Droga mesmo, e deixam os fieis dependentes a ponto de dilapidarem seus bens doando tudo para Jesus ! \\\" um paradoxo\\\", Se Jesus e Deus são abstratos, para que querem dinheiro e bens materiais?

Geraldo Luciano Advogado06/12/2012 11:21 Responder

Enquanto as autoridades não tomarem uma atitude mais enérgica, estes\\\" enviados \\\" irão continuar a agir. Pagam 20 mil de indenização e recolhem milhões em doações estão no lucro, a propósito meu trabalho de monografia versa sobre este assunto é lamentável...

Nelson Rodrigues de Almeida Junior advogado06/12/2012 13:15 Responder

Essa gigantesca EMPRESA chamada IURJ, como sempre vai de vento em popa. Por outro lado, os pastores não estão errados pois, enquanto existir otários os malandros sempre sobreviverão

André Luiz Rosa Vianna advogado06/12/2012 14:31 Responder

Existem duas vertentes para acabar com essa farra: a dos OTÁRIOS, que deveriam ACORDAR e ver que esses espertalhões dessas pseudo religiões são estelionatários e aplicadores do conto-do-vigário; e a do GOVERNO, que DEVERIA cobrar pelo menos OITENTA POR CENTO (80%) DE IMPOSTO SOBRE ESSAS DOAÇÕES, para aplicar na saúde, educação, etc., quando na verdade não se cobra nada, são isentos. Mas é mais fácil cobrar 40 ou 50% de imposto sobre alimentos, remédios, etc., fazer o que? Enquanto isso esses \\\"pastores do senhor\\\" ajudam a financiar as campanhas milionárias dos nossos políticos queridos. E o povo brasileiro fica quietinho. Hiiii, me esqueci, a atenção do povo tá muito ocupada com a Copa do Mundo, com as Olimpíadas, com o Carnaval, com a Cachaça, com o Samba, que também são as salvações para todos os problemas da vida da polulação, que nem as promessas dos \\\"santos\\\" pastores ... fazer o que, né?

Nelson Rodrigues de Almeida Junior advogado11/12/2012 13:31 Responder

Correção: (...) existirem otários (...)

Cristiano bancário30/12/2012 1:25 Responder

Essas empresas deveriam ser enquadradas no artigo 171 do código penal: \\\"Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.\\\" Situação claramente definida no artigo 174, Art. 174 - \\\"Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:\\\"

Dal Bosco Corretor de Imóveis31/12/2012 22:14 Responder

Por curiosidade fui a um culto dessa empresa.Vejam o que vi: \\\" Quem tem 50 reais para a obra de Jesus adiante-se e deposite aqui.\\\" Algumas pessoas se levantam e fazem o depósito pedido.O pastor então,inicia uma diminuição nos valores pedidos e quanto mais diminue,mais pessoas depositam.Acontece que muitas pessoas ali presentes nada tem e aí vem o \\\"gran finale\\\":Voce irmão que nada tem prá oferecer prá Jesus,EMPRESTA DO IRMÃO DO LADO...

ubirajara de medeiros artista plastico03/01/2013 22:44 Responder

e verdade a lavagem cerebral e grande as autoridade os politicos deveria olhar para isso doar e uma coisa boa mais falar q se nao doar nao sera salvo e coaçao a oab do brasil deveria entervir para q isso acabe no brasil esta igreja deveria declara imposto de renda como doaçao a padria senao deus pode dirar deles afe certo vamos mostrar o povo q estas atitude nao da biblia e sim dos falsos profetas q estao inriquecendo acusta da fe das pessoa ubim

Aldo conciliador/mediador judicial04/01/2013 2:12 Responder

Participo na Igreja Universal a 15 anos. Cheguei com minha vida destruida, a pé, sapato furado e, se quer poderia dar 1 real de oferta. Aprendi a usar a fé, tive um encontro com Jesus e hj minha vida é ricamente abençoada em tds as àreas. O dizimo é biblico, a igreja católica cobra o dizímo. Pergunto aos colegas: um amigo meu foi casar na igr.católica N.sRA.lOURDES em S.Paulo. Vlr.taxa. 1.300,00 - Taxa transf.certidão batismo de uma igreja p outra. 380,00 e assim por diante...o que me dizem!! Estou liberto hj e fui tbm um critico da IURD. Fiquen na Paz. Aldo

DFC Comerciante04/01/2013 13:05 Responder

Aaah... quanta ignorância espiritual! Quando há alguns anos atrás fui orientado por uma pessoa usada por Deus a procurar uma igreja evangélica e deu duas opções, enfatizando que eu deveria assistir uma reunião na Igreja Universal, pois estava passando por problemas terríveis e pensava em até tirar a minha própria vida, mas a minha reação foi de repulsa e respondi na hora: ?mas essa não é aquela Igreja que só pensa em dinheiro??, e a pessoa me respondeu orientando: ?você vai e assiste a reunião e quando falarem em dinheiro você deleta, pois quem não tem nada não pode ofertar?, então, baseado nessa lógica fui assistir a uma reunião. Hoje passados nove anos vejo que foi a melhor decisão que tive em minha vida, pois tive um verdadeiro encontro com o Senhor Jesus, aprendi a usar a fé racional e restaurei a minha vida. Em relação à oferta ela é uma expressão de fé; é ela que aproxima o homem a Deus (Levítico 1.3). Se ela não estiver relacionada com a fé do ofertante, deixa de ser oferta para ser uma esmola e não vai mudar nada na vida da pessoa. Durante todos esses anos em que frequento a Igreja Universal NUNCA vi e nem ouvi algum Pastor ou Bispo pedindo oferta ou entregando carta baseada em trecho da bíblia dizendo que se o fiel se compromete a uma determinada doação e não cumpre traz as penalidades sofridas por quem não cumpre suas promessas. O que sempre ouvi e aprendi é que os dízimos e as ofertas é um problema pessoal entre o fiel e Deus! Nenhum Pastor ou Bispo jamais veio até a mim para perguntar o valor dos meus dízimos e das minhas ofertas. Esse é o meu testemunho e que Deus abençoe a todos!

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