Haddad vê falha no modelo do Enem e sugere que nota seja válida por 2 anos

Em audiência a comissão do Senado, ministro da Educação reconhece que magnitude do exame o torna vulnerável a problemas e defende aplicação de outra prova no mesmo ano para dar nova chance de avaliação a alunos e reduzir possíveis falhas

Fonte: O Estado de São Paulo

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Após duas edições marcadas por uma série de problemas - vazamento da prova, falhas na encadernação, cabeçalho trocado, batalhas jurídicas -, o ministro da Educação, Fernando Haddad, defendeu ontem que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) seja aplicado mais de uma vez por ano e admitiu ampliar a validade da prova para dois anos.


Os comentários foram feitos durante audiência da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, que convidou Haddad para dar explicações sobre os equívocos da última edição do Enem.


"A saída adequada e já planejada é que se realizem mais edições do Enem por ano. Isso vai mitigar, se não a totalidade, a quase totalidade dos problemas que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, responsável pela organização da prova) enfrenta com falhas às vezes humanas, às vezes ocorrências que não estão sob a sua responsabilidade", disse. "É possível e desejável que haja mais de uma edição por ano do Enem."  


Na opinião do ministro, a aplicação de outra prova permitiria que o estudante se inscrevesse e fosse avaliado mais de uma vez - além disso, os exames poderiam ser diluídos em datas distantes entre si. "Se ele (estudante) participa de uma (prova) e não se dá bem, participa de outra. Em caso de abstenção, tem no seu horizonte uma nova oportunidade." Nos EUA, disse, aplica-se o SAT (equivalente ao Enem) sete vezes durante o ano.


Durante a audiência, o ministro também comentou a possibilidade de ampliar a validade do Enem. "A validade (hoje) é de um ano, mas isso também pode ser revisto. Nada impede que ao longo do processo nós atribuamos ao Enem a validade de dois anos, por exemplo. O aluno está desonerado de por dois anos refazer o exame, a não ser que queira."


Erros. Para Haddad, nenhum sistema com a escala atual do Enem está imune a erros técnicos - falhas humanas, "problemas da natureza" ou a combinação das duas coisas. Ele lembrou episódios em que uma árvore, derrubada por um raio, afetou a rede elétrica de um município mineiro, deixando alunos sem energia durante a prova; em outro caso, um caminhão tombou e caiu numa vala, dificultando o acesso aos malotes com os cadernos. Os dois imprevistos teriam sido contornados.


A própria edição 2009 do Enem foi aplicada três vezes, lembrou Haddad.


Além da prova original - remarcada após o episódio do vazamento, revelado pelo Estado -, o MEC reaplicou o exame para vítimas de enchente no Espírito Santo e presidiários. Nos três casos, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) permitiu a realização de avaliações diferentes, mas com o mesmo grau de dificuldade, observou o ministro.


Durante a audiência com os senadores, o ministro da Educação admitiu que o Inep tem responsabilidade em parte dos erros verificados no Enem 2010, como a troca do cabeçalho no cartão resposta da prova de sábado. "Que houve erro, não tenho a menor dúvida, e o Inep vai apurar. Houve um erro interno no Inep, e o Inep está apurando", disse Haddad.


Ele, no entanto, isentou o instituto de responsabilidade no vazamento da prova, em 2009, e nas falhas de impressão deste ano - assumidas pela gráfica RR Donnelley. "Em relação a esses episódios não houve (erro do Inep), embora tenha caído sobre o Inep um desgaste que não devia ser dele."


Licitação

Sobre a dispensa de licitação na contratação do consórcio Cespe/Cesgranrio, Haddad disse que não conhece "nenhum órgão público federal que não se socorra do Cespe para fazer seus concursos, sempre com dispensa de licitação".


Uma das poucas vozes críticas a Haddad durante a audiência veio da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). "Por que o senhor demorou 48 horas para se pronunciar, minimizou o problema e não assumiu a responsabilidade nem se dirigiu aos estudantes de imediato, nem pediu desculpas?", questionou Marisa.


O ministro respondeu que em momento nenhum minimizou o direito de cada estudante inscrito. "Ao contrário, um único estudante (prejudicado) tem direito igual a todos os demais", enfatizou Haddad.


 

Palavras-chave: Enem Válidade Falhas Audiência Licitação

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2 Comentários

M.O. XXXXXXXXX18/11/2010 15:10 Responder

Da forma como ele se expressa, parece que TODOS no Brasil, são desprovidos de QI. As respostas que o Haddad deu, claramente se esquivando da responsabilidade, é absurda, até porque, ele ganha muito bem, (salário pago do bolso do contribuinte), para desempenhar com perfeição seu trabalho. Não há desculpa plausível para a falta de respeito (para dizer o mínimo) que vem acontecendo, tanto para com os alunos, quanto para os pais desses alunos. Numa empresa privada, incompetência se resolve com a dispensa do empregado, porque, na pública não? Eu respondo: porque o brasileiro deixa que lhe tratem como bobos e, à medida em que votam mal, convencem seus candidatos eleitos de que realmente são bobos. O pior é que mesmo quem não é trouxa no Brasil, acaba passando por trouxa, vez que não são as pessoas que lêem jornal, que elegem os governantes no nosso País.

AUGUSTO SHERTANY estudante18/11/2010 16:11 Responder

Este é mais um dos ministros de luxo do presidente Autoritário Lula da Silva. Essa prática nós já conhecemos, só fala depois de falar com o Chefe. Aí o chefe diz: vai lá e argumenta, faz um coquetel que o povo engole. O Povo é bom, aceita tudo. O negócio é negar, negar, esfregar as mãos e não assumir. Tudo é possível acontecer nesse país, depois vem outra porcaria por aí e todo mundo esquece.

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