FHC diz que governo Lula está "desencontrado"

Comentário feito em alusão à oposição interna de setores do PT.

Fonte: Folha Online

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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) disse, em entrevista à Rede TV!, que o governo Luiz Inácio Lula da Silva está "desencontrado dentro dele próprio (...) porque não estão fazendo muito com convicção", em alusão à oposição interna de setores do PT. O programa vai ao ar no próximo domingo (25).

"A pregação de 20 anos era outra. A cúpula entendeu, mas a base não. Então tem ministro que não concorda, tem militante que não concorda, tem deputado que não concorda", declarou.

FHC negou ter legado a chamada "herança maldita", situação econômica em que o governo diz ter recebido o país em janeiro de 2003.

"Não tem herança maldita. Se fosse maldita estariam mudando tudo. Não estão mudando nada. (...) O lado positivo do presidente Lula foi consolidar o que estava vindo", afirmou.

Para o ex-presidente, o caso Waldomiro Diniz--maior crise que o governo Lula viveu até agora com a divulgação de uma fita em que o ex-assessor da Casa Civil pediu propina e contribuição de campanha em 2002-- "minou a aura de que o PT não tem mácula".

"O que minou foi a sensação que passou de que estão querendo esconder. Não quiseram a CPI. No meu governo foram realizadas várias CPIs. O que ficou mal foi a idéia de que não pode chamar um ministro [José Dirceu] ao Senado. Passa a sensação que quer esconder algo. Não deixaram investigar. Os mais responsáveis não foram ouvidos. Cadê a democracia?", avaliou.

Palocci

Fernando Henrique apontou o que chama de "característica positiva do governo Lula": "o sentido de responsabilidade na gerência da situação econômica brasileira".

Ele criticou, no entanto, a aliança feita pelo PT, que garantiu maioria ampla da base no Congresso, afirmando que o "aliados custam caro e não têm utilidade".

"Não entendi porque foi feita uma aliança tão grande no Congresso. Eu fiz. Mas porque eu fiz? Porque eu queria mudar a Constituição. Mudei mais de 20 vezes. Foi um processo difícil. Agora, quando o governo do presidente Lula quis mudar, nós votamos a favor".

E completou: "O governo está substituindo quadros técnicos por quadros partidários. Até mesmo em setores que eu acho que não se deveria, como nos setores mais econômicos. E isso tem efeito de longo prazo. Diminui a eficiência da máquina administrativa".

Reeleição

FHC voltou a negar que queira sair candidato à Presidência em 2006 e citou novamente quatro pré-candidatos tucanos para a sucessão de Lula, nesta ordem: Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, Aécio Neves, governador de Minas Gerais, José Serra, presidente nacional do PSDB, e o senador Tasso Jereissati (CE).

Nas últimas semanas, o ex-presidente voltou ao centro do debate ao criticar o governo Lula. Chegou a polemizar publicamente com o petista, o que deu força à tese de setores aliados e da oposição de que prepara a sua volta ao Planalto daqui a dois anos.

"Não acho que seria bom nem para mim nem para o país porque para eu aceitar é porque está muito complicada a situação e não tem outro. Acho que não é normal que eu vá de novo me candidatar. Não é normal um terceiro mandato. É boa a renovação. Não cogito um terceiro mandato", disse.

"Qual dos quatro será o candidato não vai depender de mim, mas do que aconteça nos próximos dois anos. Temos que ter espírito aberto. O que somar mais vou apoiar", completou.

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