A indicação do deputado Carlos Willian (PMDB-MG) para presidir a comissão especial que vai discutir o fim do nepotismo causou mal-estar entre líderes de diversos partidos e pode não ser confirmada pelos demais partidos. Em seu gabinete, Willian empregou a mãe, a mulher e dois irmãos. Líderes partidários admitem a possibilidade de não aceitar a indicação feita pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).

Há duas semanas, Severino escolhera para a presidência da comissão o deputado Manato (PDT-ES), que, no início do mandato, em 2002, fez uma triangulação com o então deputado João Elias (PTB-ES): empregou sua mulher no gabinete de Elias e a mulher do colega em seu gabinete. Ao ser escolhido, Manato admitiu o erro e desfez a triangulação. Agora foi indicado para ser o relator da comissão.

As indicações precisam ser aprovadas pela maioria dos 31 integrantes da comissão, que deve ser instalada esta semana. O líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), criticou a escolha:

? Podemos encontrar nomes melhores, menos comprometidos com a questão. Não me parece que seja o caso do que foi sugerido por Severino.

Para líder do PSB, trata-se de brincadeira de mau gosto

Para o líder do PSB, Renato Casagrande (ES), a escolha de Willian é uma ?brincadeira de mau gosto?. Ele vai orientar o PSB a votar contra a indicação:

? Não dá para ter coordenando os trabalhos sobre nepotismo alguém que adota essa prática. Ele não terá a imparcialidade necessária.

Apesar de evitar críticas diretas a Willian, o líder do PFL, Rodrigo Maia afirmou que seu partido vai votar contra o nepotismo. Ele disse que os quatro parlamentares indicados pelo PFL para a comissão foram escolhidos por terem posição contrária à contratação de parentes:

? Não vou julgar a indicação de Severino, que foi a escolha do PMDB, partido a quem coube essa decisão. Mas vamos votar contra o nepotismo.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou há quase duas semanas, por unanimidade, a proposta de emenda constitucional que proíbe a nomeação de parentes nos três poderes. Para o deputado Miro Teixeira (PT-RJ), o importante é que, como presidente da comissão, Willian não assuma uma posição tendenciosa:

? Não há impedimento. Mas reitero que o nepotismo na Câmara, por exemplo, pode ser proibido por um simples ato da Mesa. Não precisa aprovar uma emenda constitucional.