Prefeitura determinou a retirada dos letreiros instalados em três locais. Natura admite que propaganda usou as mesmas palavras de obra artística.

A empresa de cosméticos responsável pela instalação de letreiros gigantes em São Paulo anunciou nesta segunda-feira (14) que suspendeu a exibição do comercial de televisão e dos letreiros acusados de tentar driblar a Lei Cidade Limpa. Segundo o porta-voz e diretor de assuntos coorporativos da Natura, Rodolfo Gutilla, a empresa tomou a decisão pela manhã com a repercussão do caso.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, já havia determinado nesta terça-feira (14) a retirada das instalações com as palavras ?descanse?, ?relaxe? e ?calma? em pontos movimentados da cidade. Segundo ele, a ação desrespeita a Lei Cidade Limpa. A Corregedoria do município irá apurar se houve falha na autorização concedida aos autores das instalações.

As instalações foram colocadas na Praça da Sé, na Avenida Doutor Arnaldo e na Avenida Europa. No cruzamento da Avenida Doutor Arnaldo com a Rua da Consolação foi instalado também um telão onde as três palavras são projetadas. Os letreiros foram aprovados pela Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) como intervenção artística.

Segundo Gutilla, a Natura também não tinha nenhuma intenção publicitária. ?Decidimos apoiar a iniciativa do BijaRi [grupo idealizador da intervenção] por causa da trajetória do grupo?, diz. Ele afirmou ainda que a Natura é favorável à Lei Cidade Limpa. ?Nunca utilizamos outdoors. Temos a consciência de que o espaço público tem que ser usado de forma legitima.?

Gutilla confirmou, porém, que a agência de publicidade Tarteka, parceira do grupo BijaRi no projeto ?Poesia Concreta?, foi a responsável pela elaboração do comercial de televisão, mas afirmou que ele era veiculado desde o dia 3 de maio, antes dos letreiros serem instalados, e negou semelhanças entre os letreiros nas ruas e os que aparecem na propaganda. ?Não há familiaridade na tipologia de letra usada. São sim as mesas palavras?, diz.

Em entrevista ao SPTV, o prefeito Gilberto Kassab criticou a ação da empresa. "As pessoas tem que entender que existe lei, existe ordem e é lamentável que uma empresa que parece séria tenha se prestado a algo de um nível tão baixo", disse Kassab. De acordo com a Agência Estado, a Subprefeitura da Sé informou que vai multar o grupo em R$ 10 mil.

Os letreiros não tinham nenhuma identificação ou logomarca que os ligasse à empresa. Na segunda-feira (13), Regina Monteiro, presidente da CPPU, disse ao G1 acreditar que é muito difícil confirmar uma ligação entre eles e o comercial.

O episódio fez com que ela propusesse a criação de um conselho de artistas para avaliar as propostas de intervenção urbana em São Paulo. Ela espera que com esta espécie de ?curadoria? fique mais fácil selecionar o que é um trabalho artístico de uma tentativa de driblar a Lei Cidade Limpa.