Empregado demitido em período eleitoral ganha indenização

Como o trabalhador foi dispensado no período em que possuía garantia de emprego, o ministro entendeu que a empresa tinha a obrigação de pagar indenização equivalente ao tempo da estabilidade

Fonte: TST

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Quando o empregado da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) foi demitido, sem justa causa, em 10/09/2004, faltavam menos de três meses para as eleições municipais de 03/10/2004. E de acordo com a legislação eleitoral (artigo 73, V, da Lei nº 9.504/97), os agentes públicos não podem demitir sem justa causa na circunscrição do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos.


Por causa da dispensa abusiva, o trabalhador recorreu à Justiça do Trabalho com pedido de reintegração no emprego. Entretanto, o Tribunal paranaense (9ª Região) concluiu que, apesar de a rescisão contratual ter ocorrido dentro dos três meses que antecederam as eleições para prefeito, a lei eleitoral não assegurava estabilidade no emprego aos trabalhadores. Para o TRT, a demissão foi ato legítimo da empresa (sociedade de economia mista), e não era caso de reintegração.


No recurso de revista apresentado ao Tribunal Superior do Trabalho, o empregado insistiu na tese de que tinha direito à reintegração por força da lei eleitoral. Invocou a aplicação à hipótese da Orientação Jurisprudencial nº 51 da Seção I de Dissídios Individuais do TST, segundo a qual a lei é destinada também ao pessoal do regime celetista dos quadros de empresas públicas e sociedades de economia mista.


De fato, esclareceu o relator do processo, ministro Walmir Oliveira da Costa, a norma eleitoral foi desrespeitada, na medida em que, expressamente, proíbe a demissão sem justa causa de servidores públicos no período de três meses que antecedem às eleições - regra extensiva aos empregados de sociedades de economia mista como na situação analisada.


Na avaliação do ministro Walmir, como o trabalhador foi dispensado no período em que possuía garantia de emprego, a empresa tinha a obrigação de pagar indenização equivalente ao tempo da estabilidade. Esse entendimento foi acompanhado pelos demais ministros da Primeira Turma do TST.

Palavras-chave: Trabalhador; Eleição; Indenização; Estabilidade

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1 Comentários

Patricia Professora19/01/2011 13:47 Responder

Quando a parte mais fraca de uma relação de trabalho é favorecida e a justiça é feita, pode-se ter esperança nas leis que regem essas relações, visualizando uma ação democrática e equalizadora. O trabalhador pode fazer juz ao direito que lhe é concedido pela Lei vigente, o que nem sempre é concedido. Os legisladores deveriam revisitar suas subjetividades e ver nelas o nível de alienação capitalista e criticamente fazer justiça, como aconteceu nesse caso.

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