'Ela foi induzida ao erro', afirma advogado de auxiliar de enfermagem

Advogado considera, "nas circunstâncias em que estavam acondicionados as duas embalagens de vidro era impossível que qualquer pessoa percebesse a diferença na hora"

Fonte: G1

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O advogado da auxiliar de enfermagem Cátia Aragaki, de 26 anos, que teria aplicado vaselina no lugar de soro na menina Stephanie dos Santos Teixeira, de 12 anos, no Hospital São Luiz Gonzaga, na Zona Norte de São Paulo, disse que a mulher admitiu a troca em depoimento à polícia, ocorrido na tarde da última quarta-feira (8/12). “Ela foi induzida ao erro. É a frase que melhor explica o que aconteceu”, afirmou Roberto Vasconcelos da Gama. A funcionária acabou indiciada por homicídio culposo - quando não há intenção de matar.


No dia 3/12 , Stephanie chegou ao Hospital São Luiz Gonzaga com sintomas de virose e morreu depois de receber vaselina líquida, em vez de soro, na veia. Ela chegou a ser transferida para a Santa Casa, no Centro, mas não resistiu.


Segundo o advogado, Cátia admitiu ter administrado a vaselina na menina, mas afirmou ter sido induzida ao erro por causa da semelhança dos rótulos. A auxiliar chegou às 15h35 ao 73º Distrito Policial, no Jaçanã, para prestar esclarecimentos à polícia. Ela permanecia na delegacia por volta das 18h40, apesar de o depoimento ter acabado.


A auxiliar foi indiciada por homicídio culposo - quando não há intenção de matar. A informação é do delegado-assistente Antônio Carlos Corsi Sobrinho, do 73º DP. A pena prevista para o crime é de um a três anos de detenção. “É um erro que não pode acontecer, imperdoável”, afirmou o delegado.


Em seu depoimento à polícia, a auxiliar de enfermagem tentou explicar de que forma teria acontecido o erro. "Na hora de instalar a medicação, ela disse que pegou os dois frascos, vocês viram que são bem parecidos os rótulos, e ela leu em um hidratação e o outro passou a vista e pensou ter lido hidratação, mas era vaselina", revelou Corsi. O delegado afirmou que a mulher está "muito emocionada, traumatizada", e que "entende que, involuntariamente, causou a morte da menina".


O advogado da mulher considera que o problema foi gerado "pelo acondicionamento das substâncias" - o soro de reparação e a vaselina - no mesmo local, um armário. "Ela aplicou a vaselina justamente em uma total inconsciência em relação ao produto que continha o vasilhame. Nas circunstâncias em que estavam acondicionados as duas embalagens de vidro era impossível que qualquer pessoa percebesse a diferença na hora. Até porque não era do conhecimento dela, que administrava aqueles medicamentos, que existia envasado naquele mesmo tipo de recipiente de soro reparatório vaselina líquida", afirmou.


Segundo o advogado, ela é formada há dois anos e que há um ano e meio trabalhava no hospital. "Ela só está afastada, já que não tem condições de fazer qualquer tipo de atendimento, pois está muito abalada", disse. O delegado Antônio Corsi disse que as responsabilidades do hospital estão "sendo apuradas".


Além da auxiliar de enfermagem, prestaram depoimento nesta quarta-feira dois médicos e uma advogada do hospital. Antes de concluir o inquérito, Corsi deverá ouvir mais dois médicos que estavam de plantão na sexta-feira.


Depois da troca dos medicamentos, o superintendente da Santa Casa, que administra o Hospital São Luiz Gonzaga, disse que a entidade pretende usar rótulos ou até vidros diferentes para guardar vaselina e soro. A medida deve ser tomada para que o erro não volte a acontecer.

Palavras-chave: Vaselina; Enfermeira; Defesa; Alegação

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7 Comentários

Edson Estudante13/12/2010 22:51 Responder

Caros, É realmente lamentável o fato ocorrido, a morte de uma jovem de forma tão prematura. Entretanto, há que se pensar como cada um de nós age. Na arrumação da nossa casa, o açucar fica perto do café em pó, do chocolate, etc... Ninguém irá colocar detergente de cozinha ao lado da garrafa de óleo... Da mesma forma, a auxiliar de enfermagem, poderia sim, dar uma verificada, seria até um excesso de zelo, mas, admitir que ela seja a culpada jamais. A culpa é de quem coloca substâncias tão distintas em frascos idênticos e no mesmo local, este é o motivo da morte da adolescente. A irresponsabilidade é que deve ser cobrada e não exigir o excesso de zelo de quem trabalha o dia inteiro em plantões extressantes que verificasse que lugar onde deveria estar o soro, num vidro exatamente igual ao do soro, numa etiqueta idêntica a do soro se aquilo ali era soro. É lamentável a morte da adolescente sim, mas a culpa é da desorganização; da administração; de quem é o responsável pela organização do estoque. A auxiliar de enfermagem também é uma vítima do erro grosseiro de alguém. Nada, absolutamente nada, justifica que embalagens tão iguais e conteúdos tão diferentes estivessem juntas, lado a lado, no mesmo armário.

SÍLVIA contabilista.14/12/2010 13:45 Responder

O Sr. Edson realmente disse o que muitas pessoas querem dizer, concordo plenamente, parabéns pelo texto. Enquanto maluf é absolvido uma trabalhadora que tem turnos de mais de 10 horas é o alvo da vez.

MOACYR LOPES DA SILVA Aposentado14/12/2010 15:42 Responder

NUNCA FUI DE CONCORDAR TÃO FACILMENTE COM OPINIÕES SOBRE UM ASSUNTO TÃO GRAVE COMO OCORRIDO. MAS, NESTA SITUAÇÃO TENHO QUE DOBRAR MEUS JOELHOS E RECONHECER QUE O OCORRIDO FOI UMA FATALIDADE E QUE A ENFERMEIRA É UMA VÍTIMA DAS CIRCUNSTÂNCIAS. QUANTO AO MALUF MECIONADO, ESTE TEM DINHEIRO E QUEM TEM DINHEIRO VAI ATÉ PARA O CÉU. PECA MENOS E AS PORTAS SE ABREM.

JOAO NOVAIS SERVIDOR PÚBLICO14/12/2010 17:47 Responder

Agora convenhamos Sr (a) comentadores, o que diz a lei? Cada um pagará segundo sua participação, sua parcela de contribuição, no caso, e isto Já dito por mim em outro comentário. O que existiu, na verdade, foi uma sequência de erros, melhor dizendo, de irresponsabilidade, e isto a partir do laboratório e envasadora dos produtos, hospital equipe de plantão, todos que tinham influencia, ou responsabilidade para com a paciente, e não vamos atribuir tudo a uma fatalidade, um acaso somente. A técnica cometeu o homicídio culposo, e para que ocorra isto, tem que haver imprudência, negligencia ou imperícias, e esta foi negligente, faltaram-lhe cuidados observação zelo amor pela causa, daí a culpa. Se já conhecedora das desorganizações do hospital, teria que ser mais atenta, cuidados redobrados, como Professional que é. Daí não importa qual seu regime de trabalho, tem que haver mais atenção, pois cuida é de vidas humanas. Portanto não cabe descuido nem tampouco desculpa, pois com todo respeito botar sal no café ou açúcar no feijão não mata, só desagrada o paladar. Responsabilidade civil e criminal a todos, para cada um segundo sua parcela. Obr

sem nome estudante14/12/2010 19:55 Responder

Aos nobres debatedores, meu profundo concordo vejo que em toda area, tens as famosas responsabilidade, sera quem deixou o recepiente de vaselina naquele armario? será que era o local correto? De quem tem a função de fiscalização? Cadê a CIPA? Porque os patroes tem medo desse orgão, como vimos funçao primordial na prevenção de acidentes? Todos tem a sua parcela de responsabilidade e deveram como tal responder, sem atuação do poder economico, já que uma familia perdeu um bem, que é a vida de uma pre-adolecente; muita calma , maior amor de Jesus CRisto para esta fámilia, paz e bem.....

eu cidadão14/12/2010 23:42 Responder

Tudo....tudo muito bonito, pergunto aos senhores se fosse com um parente de vocês os senhores seriam tão complacentes com o ato \\\"culposo\\\" da técnica de enfermagem\\\"? Será que a mesma que é sabedora que as embalagens são iguais, parecidas ou até idênticas (erro grosseiro dos fabricantes), NÃO SABE LER? SABENDO A MESMA QUE AS EMBALAGENS SÃO PARECIDAS DEVERIA TER ZELO NO MANUSEAR COM A SUBSTÂNCIA \\\"SÔRO\\\"

Graciela Técnica em enfermagem15/12/2010 22:34 Responder

Tenho 5 anos de atuação na profissão e sei o quanto é delicado esse assunto, mas se tratando de vidas a qual fazemos juramento de manter e tendo em vista que somos qualificados para observar os 5 certos antes de preparar e administrar qualquer medicamento e entre eles está em identificar o medicamento certo, por mais agitado que esteja um plantão e tendo em vista que os frascos eram \\\"idênticos\\\" , acredito que deveria ter sido mais um motivo para a colega tomar o cuidado redobrado na hora de identificar o medicamento e se possível tivesse conferido com um outro colega. Sinto profundamente pelo ocorrido, pela vida perdida, mas entendo que somos promotores da vida e não da morte. Por isso a todos cuidado ao ao julgarem. Infelizmente nossa profissão só nos dá uma escolha: errar jamais.

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