Sandra Mara Devincenzi da Silveira da Silva ^{( * )}

A cada nova descoberta de improbidade com o dinheiro público uma seleta pesquisa de opinião pública é colocada na mídia com força total. E os índices são alarmantes de tão positivos.

Os veículos de comunicação que trazem ao conhecimento da população os exageros cometidos pelos governantes (alguns gestores dizem que são singelos erros sem qualquer conotação de má fé ou ilicitude) são denominados de PIG (Partido ou Programa da Imprensa Golpista). O chamado jornalismo investigativo vai sendo vilipendiado e surrado a relho até que caia na desgraça da mesma forma que Jesus Cristo na arena sendo apupado pela multidão desvairada pedindo que seja crucificado. Tempos de democracia de Césares romanos.

Apesar de toda uma banda vociferar contra as denúncias (as quais seriam todas caluniosas e difamantes), diariamente há novos fatos. Um interessante e que veio à tona vem lá de 2004 e trata-se de um jantar a bordo do antigo avião presidencial. O jantar do presidente e de mais 11 pessoas custou reles R$ 385,00 por cabeça. No menu, entre outras iguarias apreciadas pela burguesia, caviar. O restante dos convidados e tripulação que somaram 66 pessoas custou R$ 126,00 por cabeça. Eta jantarzinho bom! Os jantares foram comprados pela ecônoma Maria Emília Évora, da empresa Gate Gourmet, do Rio de Janeiro.

Aristóteles, o mago filósofo da antiguidade escreveu ensaios que são extremamente atuais. Vejam-se estes textos da obra A Política: I. "Se houver rendas suficientes, não se deve, como fazem os demagogos, distribuir à arraia-miúda o dinheiro que sobrar. Mal o recebem e já voltam a cair na indigência, pois essas pessoas são tonéis furados a que essa liberalidade não traz nenhum proveito". II. "Em toda a política não há máxima mais importante do que fazer com que a função pública não seja lucrativa". Ditos datados de 2.430 anos atrás. Houve evolução?

Surgiu em Goiás outra situação escusa do governo nublado envolvendo o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical (IFAS), ONG que tem dentre seus fundadores o senhor Delúbio Soares. O Instituto assinou um convênio de sete milhões com o INCRA já tendo recebido cerca de 4,6 milhões de reais, mas sem conseguir provar onde gastou o dinheiro. O fato virou caso de polícia com a intervenção da PF, pois há suspeita de desvio de uma parte substancial do dinheiro.

Outra denúncia que circulou é a do investimento de 600 mil reais em planos de previdência júnior à Brasilprevi pela senhora Marisa Letícia Lula da Silva, com dinheiro originário de cartão corporativo. Mas isto passou a ser sigiloso, pois é "questão de segurança nacional", portanto não disponível aos vis mortais.

Por fim, a companheira Matilde, da Igualdade Racial, no entender do presidente da república, não cometeu nenhuma improbidade com o seu cartão corporativo, mas foi massacrada pelos órgãos de comunicação. Foi um singelo erro administrativo.

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Notas:

* Sandra Mara Devincenzi da Silveira da Silva, Socióloga, Jornalista (DRT/RS 13.573), acadêmica de Direito. E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br [ Voltar ]